Depois de 12 anos, AMASEG encerra atividades em Irati

Falta de apoio do setor público foi o principal fator que levou grupo de mulheres…

13 de abril de 2024 às 09h21m

Falta de apoio do setor público foi o principal fator que levou grupo de mulheres a encerrar o projeto/Paulo Sava

Rosângela Souza Gonçalves, presidente da AMASEG. Foto: Paulo Sava

A Associação das Mulheres Artesãs de Engenheiro Gutierrez (AMASEG) decidiu encerrar as atividades depois de 12 anos de atuação. A falta de apoio do poder público foi o principal fator que levou a presidente Rosângela Souza Gonçalves a tomar esta decisão junto com o grupo.

“Nós precisamos colocar as dificuldades e tudo o que vai acontecendo na caminhada. Infelizmente, chega uma hora que temos que dar um basta. Isto foi o que aconteceu, sentamos e conversamos com as meninas, e eu, com meus problemas pessoais, assim como todos, cheguei na hora de parar porque chegou a hora de cuidar da saúde, da família, e não estou conseguindo dar conta, fechar os horários e tudo o mais. Tem a questão das demandas, que acaba cansando, é a sede, a venda, que vai pesando e eu deixei na mão das meninas”, comentou.

Com a decisão de Rosângela de deixar a presidência da AMASEG, o grupo de mulheres resolveu parar com as atividades. “Como dizem elas, a cabeça maior, que toma a frente, vê e faz o que precisa sou eu. Então, elas acharam melhor, cada uma com seus motivos, parar, dar um tempo. Por este motivo, a AMASEG já encerrou suas atividades, já retiramos os pertences da sede, registrei em ata no cartório para retirar o CNPJ. Agora, vida que segue, as experiências, histórias, lutas e brigas vão ficar na memória”, pontuou.

O material que era utilizado pelas mulheres foi levado para a residência de Maria Erotildes Gonçalves, uma das voluntárias do grupo.

Centro Comunitário de Engenheiro Gutierrez vinha sendo utilizado pela AMASEG para produção do sabão ecológico. Foto: Paulo Sava

Promessas – A AMASEG recebeu uma proposta da prefeitura para construir uma sede própria para o grupo produzir o sabão, o que nunca saiu do papel. Entretanto, Rosângela, emocionada, contou que era possível a comunidade utilizar o espaço do Centro Comunitário junto com a associação.

“Na verdade, tivemos a proposta e a conversa, isto já de anos, não é de agora. Estávamos à espera de um espaço para nós. Queríamos apenas a casa para podermos produzir o nosso sabão em paz porque ali, a cada mês, vinha um abaixo-assinado, uma reclamação de quem queria usar o espaço. Eu disse que entendo, mas é difícil e triste porque poderia ser dividido, trabalharmos juntos, mas infelizmente não aconteceu”, afirmou.

Outra promessa que não saiu do papel foi a construção da sede própria da AMASEG dentro do Projeto Gari. Com isso, Rosângela precisou do apoio da equipe do Ministério Público para que a associação pudesse continuar utilizando o Centro Comunitário.

“Estamos todo este tempo ali pelo apoio deles, pois, se não fosse isto, há muito tempo teria parado, e não por nossa vontade, mas sim de outras pessoas que queriam muito que tivesse parado. Graças a Deus conseguimos dar um ponto final agora, mas estamos com as portas abertas”, frisou.

O prefeito Jorge Derbli informou à nossa reportagem que o recurso para a construção da sede, no valor de R$ 320 mil, foi liberado nesta semana junto à Secretaria de Estado das Cidades. Ele também disse que, independentemente do fim da AMASEG, a obra será construída.

Material que era utilizado pela AMASEG para produção do sabão. Foto: Paulo Sava

Trabalho social e ambiental – Além de fazer um trabalho social, a AMASEG também colaborou com o meio ambiente, recolhendo o óleo de cozinha usado e dando uma destinação ecologicamente correta para os resíduos.

“Nós estávamos fazendo um trabalho pelo meio ambiente voluntário. Se tivéssemos mais apoio, poderíamos ter conquistado mais coisas. Por ser uma associação, tínhamos renda, mas não era pelo dinheiro: recolhíamos o óleo, produzíamos e vendíamos [o sabão] e repartia-se o que resultava. Fomos condenadas e julgadas por isso. Eu estou bem ciente e tranquila de um trabalho bonito que fizemos e de uma história que deixamos para contar, tomara que servindo de exemplo. Eu fico nervosa porque é uma coisa de muitos anos batalhando. A AMASEG foi uma boa história da vida”, contou.

Experiências – Rosângela diz que as experiências vividas vão permanecer com todas as mulheres que integraram a AMASEG. Ela acredita que, no futuro, o projeto pode ser retomado. “Tudo na vida pode mudar e nós não podemos dizer quer nunca mais. A AMASEG acabou o CNPJ, mas o sabão é um trabalho que fizemos por 12 anos, com o recolhimento do óleo, a questão do meio ambiente e com as crianças. A melhor parte é a questão da pessoa nem saber que era meu sabão e dizer que ele é bom. É um produto muito bom e um trabalho das mulheres. A AMASEG teve uma mão de obra muito boa, as mulheres muito competentes e guerreiras que foram lá e fizeram. Isto é complicado, mas tivemos que parar por enquanto”, comentou.

Emocionada, Rosângela diz que vão ficar as lembranças e as saudades dos 12 anos de trabalho do grupo junto à AMASEG. “Ficam as lembranças, as saudades, mas o meu melhor eu fiz, eu tentei sempre. É uma história que ninguém vai tirar de nós, é nossa parte, história, as tardes lá. Podem vir outros projetos, fases, mas estes momentos que nós tivemos vão ficar na história como a melhor parte das nossas tardes”, contou, emocionada.

Histórico – O trabalho da AMASEG teve início em 2007 no laboratório do curso de Engenharia Florestal da Unicentro, onde permaneceu por aproximadamente um ano. Depois a entidade ocupou o salão da igreja Cristo Rei, em Engenheiro Gutierrez. Em seguida, as voluntárias foram para a Unicentro. Há seis anos, elas utilizavam a sede do Centro Comunitário do bairro, onde produziram o sabão ecológico até o mês de março.

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