A conclusão foi tirada na avaliação da prestação de contas da saúde do 2º quadrimestre, apresentada na semana passada em Irati/Jussara Harmuch com colaboração de Paulo Sava
Desde o início da pandemia estão nascendo menos crianças em Irati, é o que aponta a taxa de natalidade que mostra tendência de baixa: em 2019 foram 805 nascidos vivos e este número baixou para 746 em 2020 e 700 em 2021. Em 2022 a situação parece se inverter. A 4 meses do fim do ano o número de nascidos vivos já chega a 505. O diretor do departamento de Saúde da secretaria de Saúde de Irati, Alejandro Machado Labrada confirma a análise.
A preferência pelo parto normal tem sido a maior em 4 anos. No 2º quadrimestre de 2022 foram 129 partos normais e 133 cesáreas. No ano de 2019, dos 805 partos realizados, 63% foram cesáreas. Os indicadores de saúde relacionados aos partos levam em conta procedimentos realizados pelo SUS e também pela saúde complementar.
O secretário da Saúde José Renato Kffuri lembrou que cabe a gestante o direito de escolha da forma como ter o bebê. No Paraná, a lei nº 20127/2020, que alterou a lei 19.701/2018 deixa claro que é a gestante que escolhe, tanto da rede privada como do Sistema Único de Saúde (SUS). “Mas esta escolha deve seguir alguns critérios de acompanhamento do pré-natal e o profissional que vai indicar a via obstétrica mais segura, também a gestante vai receber orientação sobre o benefício de parto normal e risco cirúrgico”, complementa o diretor do departamento de saúde Alejandro.
Outro dado importante é a gravidez na adolescência, entre 10 e 19 anos que não tem aumentado. Em 2020 11% das mulheres grávidas eram adolescentes. No 2º quadrimestre de 2022 são 6,48%.
A taxa de mortalidade infantil vem diminuindo ao longo dos anos. No 2º quadrimestre de 2022 ficou em 7,9, enquanto que 2021 fechou o ano em 10. Fica mais evidente quando comparado com a taxa de 2002 que foi de 21,1. Na avaliação de Alejandro, a diminuição da taxa não se deve só às ações de saúde, teve influência do desenvolvimento social e econômico da região.
“A pandemia felizmente não atingiu diretamente as idades pediátricas e o desenvolvimento social e econômico na região influenciou positivamente nos resultados, junto com o fortalecimento da rede materno infantil, garantindo acesso a todos os níveis de complexidade de assistência e descentralização do pré-natal”, complementa o diretor de saúde Alejandro.
Diretor de Saúde da secretaria de Saúde de Irati, Alejandro Machado Labrada/Foto Paulo Sava |
O número de consultas de ginecologia e obstetrícia atendidos pelo SUS foi 22,5% a menos das realizadas em 2021. Enquanto em 2022 foram realizadas 1.846 consultas, em 2021 foram 2.385. De acordo com Labrada, esta diminuição está relacionada à descentralização do pré-natal que, junto com outros atendimentos de baixo risco, estão sendo realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), para ser atendida por clínicos gerais, não mais pela especialidade de ginecologia.
“De Ginecologia é que foi descentralizado o pré-natal e todas essas consultas de baixo risco foram para os postos de saúde, com atendimentos por conta dos clínicos gerais”, disse Alejandro.
Prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal, a prestação de contas da saúde no 2º quadrimestre de 2022 foi apresentada pelo secretário José Renato Kffuri em audiência pública realizada pelo Executivo na semana passada ao mesmo tempo que a prestação de contas financeira e a LOA, no plenário da Câmara Municipal. A vereadora e secretária da Comissão de Saúde, Teresinha Miranda Veres, acompanhou a seção.
José Renato Kffuri eleito vereador, se afastou da Câmara para exercer o cargo de secretário de Saúde de Irati |
O número de consultas médicas nas áreas de assistência do município incluindo urgência e emergência foram 44.876 contra 33.636 em 2021, 33,42% a mais. No entanto, não voltou ao patamar de antes da pandemia, ficou 20% abaixo de 2019 quando foram realizadas 55.997 consultas médicas.
A oferta de exames básicos passou de 110.899 em 2021 para 127.193 em 2022, um aumento de 14,70%. É preciso lembrar que nos anos em que a pandemia esteve mais forte o número de consultas diminuiu quase a metade, mas com os exames foi diferente, a média se manteve ou aumentou. Só no início, em 2020, que a oferta foi menor: 90.510, 12% abaixo dos exames realizados em 2019 que foram 103.162. A explicação é que os exames laboratoriais e radiológicos serviram para auxiliar o diagnóstico da Covid-19 ou de complicações ligadas à doença.
Em relação às consultas e exames de especialidades observa-se que a demanda reprimida pelas medidas da pandemia vem sendo atendida em 2022, foram 24.716 atendimentos. Comparando a 2021, com 10.848, houve um aumento de 127,8%.
A distribuição de medicamentos que compõe a farmácia básica teve aumento de 19,8% em psicotrópicos. Esta elevação foi atribuída pelo secretário Kfouri a uma tendência geral que ocorre no país todo e também é reflexo das medidas de confinamento determinadas pela pandemia. A distribuição de medicamentos para o programa Hiperdia, pelo contrário, diminuiu, mas o fato está ligado ao aumento de oferta nas farmácias populares.
O indicador de mortalidade prematura leva em conta os óbitos ocorridos na faixa etária de 30 a 69 anos pelo conjunto das principais DCNT (doenças do aparelho circulatório, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas). Houve aumento em relação aos 112 óbitos registrados em 2019, antes da pandemia: de 15% em 2020 (129 óbitos) e 10% em 2021 (124). Em 2022 o indicador reflete 79 óbitos em oito meses. Os óbitos de Covid-19 estão incluídos neste indicador e também os óbitos que indiretamente podem estar ligados à pandemia que incluem fatores de risco: hipertensão arterial, diabetes, sedentarismo, obesidade, estresse e tabagismo. De acordo com o diretor, o aumento de óbitos nos anos de 2020 e 2021 comparado ao registrado em 2019, reflete a pandemia de Covid-19.
Vale destacar que os resultados, tanto de produção dos serviços quanto os dos indicadores passíveis de apuração quadrimestral são preliminares. Estes sistemas disponibilizam as produções ambulatorial e hospitalar no SUS até quatro meses após a data de realização do procedimento, e até seis meses após a data da alta da internação, respectivamente. Já os dados de investigação dos óbitos (infantis e fetais, maternos, e de mulheres em idade fértil), somente se encerram com o fechamento anual da base de dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) nacional que ocorre após 16 meses do ano vigente.