Celebração em homenagem aos 102 imigrantes vindos da Itália para Irati há 111 anos foi realizada no último sábado, 18, na capela da localidade de Rio do Couro, que completou 99 anos de fundação/Paulo Sava, com reportagem de Genoveva Zavilinski

Uma celebração em homenagem aos imigrantes italianos foi realizada no último sábado, 18, na capela da localidade de Rio do Couro, em Irati. Uma missa foi celebrada em italiano para marcar a data e comemorar os 99 anos da Capela São Sebastião.
Logo após a missa, foi inaugurada uma placa com os nomes dos 102 imigrantes vindos da Itália para a região do Rio do Couro há 111 anos. Em seguida, foi servido um jantar comemorativo no pavilhão da capela.
Bruno Rafael Maneira, um dos organizadores da celebração em homenagem aos imigrantes italianos, que foi realizada no último sábado, ressaltou que a data ficará marcada para sempre na história da comunidade. “Hoje foi celebrada a missa na língua italiana, rezada e cantada, foi feita a inauguração do monumento com a placa que contém os nomes dos 102 fundadores desta comunidade do Rio do Couro, que engloba também o Faxinal dos Mellos, que também tem descendentes de italianos. Era um sonho ter esta missa rezada em Italiano, e com o apoio do pessoal da Colônia Campina, de Campo Largo, hoje conseguimos realizar o sonho desta comunidade. Agradeço a todos os presentes, mais de 450 jantares foram vendidos antecipadamente, apareceram muitos hoje para comprar e estamos aí para receber bem o povo”, comentou.

Coral – Para animar a celebração, o coral italiano da localidade de Colônia Campina, de Campo Largo, entoou canções na linguagem estrangeira. Os integrantes do coral, Márcio e Roberto Seguro, contam que o grupo começou a cantar há quase 20 anos.
Uma das tradições do coral são os jantares italianos, promovidos sempre no último final de semana do mês de maio. “Nós iniciamos esta tradição de jantar italiano no último final de semana de maio, com a missa e os cantos em italiano, com o objetivo de restaurar a pintura da igreja. O que nos traz hoje até aqui é a fé que nós herdamos dos nossos antepassados que vocês também têm aqui. Esta tradição trazemos com este louvor e o objetivo de fazer o evento. Nós animamos outras missas também lá na região de Campo Largo, mas é a primeira vez que saímos da região para cantar aqui, e nos sentimos muito gratos pelo convite”, comentou.
O coral é formado por famílias que se reúnem para cantar nas celebrações, segundo Roberto. “O meu filho toca acordeon, eles tocam violão, nós nos reunimos e fizemos o grupo. Participamos muito bem nas comunidades, eu sou o presidente da capela, e toda a estrutura temos na capela para fazermos as apresentações em italiano que fazemos todos os anos”, comentou.
Sacerdote – O presidente da celebração em homenagem aos imigrantes italianos, que foi realizada no último sábado foi o Frei João Menes, vindo de Curitiba. Ele fez doutorado em Roma, onde estudou por 6 anos e teve a oportunidade de conhecer a cultura e o povo italiano, que aprendeu a admirar. “Sei que é um povo de muita fé, amor, empenho e determinação. Se tem o que tem, é porque suou a camisa e trabalhou muito. Por isto, hoje estamos aqui homenageando os imigrantes italianos, sobretudo nesta região do Paraná, aqui no Rio do Couro, em Irati. Não podemos contar nossa história sem nos referirmos à contribuição dos italianos no desenvolvimento do nosso país”, frisou.

História dos imigrantes italianos – A história conta que grande parte destes imigrantes saiu da Itália para fugir de uma crise econômica ainda no século XIX, segundo o padre. “Eles já vieram de uma situação muito difícil na Itália, onde no século XIX houve uma grande crise econômica. Por isso, os italianos imigraram para outros países em busca de melhores condições e colocaram em risco a vida, e imagino que muitos a perderam na travessia da Itália para o Brasil. Os imigrantes que chegaram se encontram em nosso país, em diversos estados e cidades, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Então, a imigração e a presença dos italianos são muito grandes. Somos brasileiros, mas conservamos as nossas origens italianas”, comentou.
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A missa foi toda celebrara seguindo o italiano oficial. Porém, segundo Frei João, cada cidade italiana fala um dialeto diferente. “Na Itália, cada cidade tem o seu dialeto. Chegam a ser tão diferentes um do outro que mesmo os italianos não entendem o dialeto de uma outra região. Tanto é que uma vez eu fui ajudar em uma paróquia de Pescara, o pessoal vinha falar comigo e eu cheguei a dizer ao pároco que eu sabia pouco italiano porque eles falavam e eu não compreendia tudo. Ele disse que era do norte da Itália e que não entende o que eles dizem porque falam no dialeto. Mesmo sabendo um pouco de italiano, se o pessoal fala na língua regional, então nem entre eles se entendem”, pontuou.
Raízes – Bruno pede que as pessoas nunca esqueçam as suas raízes e a origem de suas famílias. Eu tenho a falar para o povo de Irati que nunca esqueçam de onde vieram, de quem são descendentes, procurem saber para a gente valorizar mais. Eu faço um convite para quem tiver interesse em conhecer um pouco mais da história italiana da nossa comunidade, eu cuido do Museu da Memória Italiana, aqui da comunidade do Rio do Couro. Tem vários objetos e muita coisa antiga guardada lá. Quem quiser conhecer é só marcar um dia que eu vou lá e mostro para as pessoas que quiserem conhecer”, finalizou.





