Fundador do movimento Mude, Chega de Corrupção é eleito deputado estadual

Fábio Oliveira (Podemos) foi eleito com 34.640 votos, sendo 74 em Irati. O engenheiro pretende…

07 de outubro de 2022 às 20h19m

Fábio Oliveira (Podemos) foi eleito com 34.640 votos, sendo 74 em Irati. O engenheiro pretende ser transparente durante o mandato apresentando gastos de suas atividades em um site/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Paulo Sava


Antes do período eleitoral, Fábio Oliveira esteve em Irati divulgando o Movimento 200+ no dia 28 de junho. Na ocasião, ele concedeu entrevista à Najuá. Foto: Rádio Najuá/Divulgação

Um dos fundadores do movimento “Mude, Chega de Corrupção”, criado em 2014, foi eleito deputado estadual nas eleições de domingo (2). O engenheiro Fábio Oliveira (Podemos) conquistou o cargo com 34.640 votos, sendo 74 votos em Irati.

Em entrevista à Rádio Najuá, o deputado estadual eleito disse que pretende levar transparência para seu mandato, trazendo um site com todos os gastos de suas atividades. “Eu estou com meu site já pronto, meu site como deputado, e uma das solicitações que eu fiz para a pessoa que construiu o meu site foi que deixasse um lugar já separado para que houvesse uma ferramenta, um dos links ali do site, para que o cidadão, o eleitor pudesse entrar no meu site e ver os gastos que estavam sendo feitos no meu gabinete. Isso é uma promessa que eu fiz e é uma promessa que eu vou cumprir. Por exemplo, qualquer cidadão de Irati vai poder entrar lá no meu site e vai ver o quanto eu ganho, o quanto que eu estou gastando com contratação de pessoas, contratação de terceiros, o quanto eu estou gastando com viagens. Isso vai estar totalmente claro e transparente para todo o eleitor”, conta.

Fábio explica que é a favor do gasto consciente e disse que deve buscar aplicar o recurso público de forma responsável. “Eu estou sendo contratado pelos cidadãos para, com todo a bagagem que eu tenho, toda a bagagem que o Fábio Oliveira tem, de ser elaborador de leis e de ser um fiscal do Poder Executivo do Estado do Paraná. Foi para isso que a população me contratou. Obviamente que para eu exercer a minha função, obviamente que para você ser um jornalista da Rádio Najuá, você tem os teus gastos. Para você poder fazer isso, você é remunerado para isso. Eu abri mão de uma carreira, eu era um dos gestores de um dos maiores hospitais aqui do Estado do Paraná. Eu abri mão dessa minha carreira no setor privado para me lançar ser a candidato a deputado estadual. Mas o que eu sou a favor, com a mentalidade que eu tenho de área não pública, mas privada, de que tudo tem que ser feito da melhor maneira, gastando-se o menos possível”, disse.

Segundo o deputado estadual eleito, o objetivo é aplicar o recurso da melhor maneira possível. “Obviamente que quando eu for para Maringá, for para Londrina, for para Foz do Iguaçu, for para Irati, viajar como deputado, eu vou ter esses gastos e ele vai ser ressarcido por eu executar essa função. Mas o que eu tenho para mim é que eu vou fazer isso da menor maneira possível e da melhor maneira possível. O meu gabinete vai ser o menor número de pessoas possíveis que vão trabalhar lá e as contratações vão ser feitas através de um processo seletivo para tenhamos os melhores profissionais, ganhando um valor, um salário justo, mas se pagando o menos possível, porque eu entendo e, para mim é muito claro, que é o dinheiro do contribuinte que está sendo usado para isso”, explica.

Fábio disse ainda que durante as visitas no Paraná constatou que o setor de saúde ainda possui alguns problemas, como a dificuldade com prontuários eletrônicos no Sistema Único de Saúde (SUS). “O Paraná tem problemas na área de saúde. Nós temos um sistema de saúde que não se conversa entre as suas diversas regiões. É algo que essa conversa não é rápida. Por exemplo, vamos supor que eu fui lá para Londrina e precisei ser atendido, numa unidade de saúde. Lá não vai ter o meu prontuário. O prontuário que eu fui atendido aqui em Curitiba, mesmo sendo do SUS. Isso não é algo que está totalmente informatizado e não está totalmente inteligente. Nós temos que ter esse tipo de inteligência”, salienta.

O deputado estadual eleito ainda destacou que é preciso investimentos em aumentos de leitos no estado do Paraná e também em hospitais regionais. “Nós temos o caso de Guarapuava, de um hospital regional que está construído, mas está parcialmente equipado. Ou seja, foi investido dinheiro lá, na construção do edifício, mas não se continuou o investimento no equipamento e também na contratação de pessoas. Foi investido milhões lá na construção, mas esse dinheiro não está sendo revertido para a população. Foz do Iguaçu, por exemplo, não tem um hospital regional para atender a região. Em torno de Foz do Iguaçu, tem em torno de nove a dez cidades que estão totalmente dependentes de uma estrutura de Foz do Iguaçu, que não atende com eficiência a população de lá. Nós precisamos pensar também em hospitais regionais aqui no estado do Paraná”, explica.

Fábio ainda destacou a necessidade de valorização do professor e do investimento em Educação Básica. “A pirâmide educacional, não só no Brasil, mas também no Paraná, ela está invertida. Quando eu digo pirâmide, a base dela, ela deveria ser uma base larga e ela indo afinando à medida que ela vai para ponta. O que é a base? A base é a Educação Infantil. Ela passa pelo Ensino Fundamental, depois ele vai para o Ensino Médio e depois ele vai para as universidades. A pirâmide aqui do Paraná está invertida. Nós temos poucas escolas da Educação Infantil, nós temos poucas escolas de Ensino Médio e daí essa pirâmide vai alargando, onde está sendo investido numa maneira diferenciada, com ensino infantil, nas universidades”, disse.

Fábio Oliveira fez parte do movimento Projeto 20+, que buscava eleger 20 candidatos para a Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), alinhados com o combate à corrupção. O deputado estadual eleito também participou do Projeto 200+, junto com o ex-procurador da Lava Jato e agora deputado federal eleito, Deltan Dallagnol (Podemos), auxiliando na divulgação. O Projeto 200+ estendia o projeto estadual para o Congresso Nacional e buscava eleger 200 candidatos que também estivessem comprometidos com o combate à corrupção.

Os projetos contaram com a elaboração de sites que divulgavam as candidaturas integradas ao projeto. No âmbito federal, as candidaturas seguiam três princípios: combate à corrupção, redução do fundo eleitoral e realização de capacitação. “O primeiro princípio era do combate à corrupção. Dentro do combate à corrupção, tinha a prisão em segunda instância e o fim do foro privilegiado. Lembrando que aqui no Brasil, nós temos cerca de 57 mil pessoas que têm direito a foro privilegiado aqui no Brasil. O segundo princípio era o princípio da redução do fundo eleitoral. Lembrando que no ano passado o fundo eleitoral subiu de R$ 2 bilhões para R$ 5 bilhões. Esses R$ 3 bilhões a mais foram tirados do dinheiro da saúde, da educação e da segurança pública. São áreas muito críticas em todo o Brasil, não só aqui no Paraná, mas também em todo o Brasil. O terceiro princípio era o da capacitação, ou seja, o candidato a deputado federal se comprometia, enquanto candidato, a iniciar e fazer um curso de pelo menos 100 horas de duração, aonde ele traria e aprenderia sobre cursos, sobre matérias como própria saúde, educação, segurança pública, mas também finanças públicas, empreendedorismo político, políticas públicas. Enfim, se preparar para efetivamente poder exercer um bom mandato como senador ou como deputado federal”, conta.

Nos sites, os eleitores poderiam verificar quais os candidatos de cada estado que estavam comprometidos com o projeto. “Ele também encontrava uma aba onde ele conseguia abrir por estado, de cada Unidade Federativa do Brasil, ele entrava lá no seu estado, por exemplo, São Paulo, Rio de Janeiro, Amapá, Acre ou no Paraná, quando ele clicasse no Paraná, ele poderia achar a relação nominal, com foto, de cada um dos deputados federais ou senador, que no caso aqui do Paraná, tivemos só uma adesão que foi inclusive o ex-juiz [Sérgio] Moro, que foi eleito, e ali ele encontrava as informações a respeito dos candidatos”, conta.

Para o deputado estadual eleito, o projeto teve adesão significativa, mesmo com o pouco tempo de divulgação. Mesmo assim, há a intenção de continuar nos próximos anos. “Como esse projeto se iniciou relativamente perto do período de campanha, se entende que ele não teve a repercussão e o impacto que ele pode ter, o potencial que ele pode ter. Então, daqui a quatro anos – esse site vai continuar no ar -, esperamos que esse projeto daqui a quatro anos, dê um resultado muito melhor do que ele deu agora em favor da sociedade”, disse.

A expectativa é que o projeto também possa ter continuidade nas eleições municipais, estendendo para projetos locais. “Esse projeto, apesar de ele ter sido elaborado pensando no âmbito estadual, ele também tem aderência para eleição que vai acontecer daqui a dois anos, a nível municipal. Ele pode ser completamente e plenamente aplicado na renovação das câmaras municipais. Já temos sido procurados por vários candidatos a vereador do Estado do Paraná, como um todo, perguntando como que ele pode fazer para ele replicar esse site, o 20+, na sua região”, revelou.

Nesses casos, é preciso que a sociedade civil organizada de cada município auxilie na elaboração do projeto. “A sociedade civil organizada de Irati, por exemplo, a Associação Comercial de Irati pode se unir com outras entidades e lançar os 5+ em Irati, para fazer a renovação de pelo menos 50% da Câmara dos Vereadores. É um projeto que também é apartidário e os princípios basilares desse projeto 20+, diferente dos 200+, que é uma pauta federal, ele também tem capacitação política, mas os outros dois princípios é transparência e fiscalização. Fiscalização de quem? Fiscalização, por parte dos vereadores, ou, no meu caso, do deputado estadual no Poder Executivo e no Poder Judiciário também”, afirma.

No estado, das 14 candidaturas do projeto 20+, apenas Fábio Oliveira foi eleito. Agora, após a eleição proporcional, Fábio Oliveira e Deltan Dallagnol devem voltar a Irati nesta segunda-feira (10), em uma reunião às 13h30, na Associação Comercial e Empresarial de Irati (Aciai) para falar sobre o trabalho que pretendem fazer.

Para Fábio Oliveira, a eleição de Deltan e Sérgio Moro mostrou que a pauta de combate à corrupção ainda é relevante aos eleitores. “O que ficou bem claro com a eleição do Moro, com eleição do Deltan e com a minha eleição é que a população paranaense quer continuar com o combate à corrupção, que continue efetiva no estado do Paraná. Como o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador não estão mais nos seus cargos que eles estavam através de concurso e eles se disponibilizaram para a população para serem políticos partidários, a população entendeu: ‘Eu quero continuar com a Lava-Jato, com esse esforço que a Lava-Jato fez e com essas pessoas que de maneira imparcial julgaram os corruptos, eu quero continuar com isso’”, conta.

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