César Silvestri Filho esteve em Irati para se encontrar com lideranças políticas. Na região, ele ainda passou pelos municípios de Rio Azul e Rebouças para falar de sua pré-candidatura ao governo estadual/Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub
César Silvestri Filho concedeu entrevista ao vivo no programa Meio Dia em Notícias de quarta-feira, 20. Foto: Jussara Harmuch |
O ex-prefeito de Guarapuava, César Silvestri Filho (PSDB), esteve na região nesta semana para falar sobre sua pré-candidatura ao governo do Estado. O pré-candidato foi prefeito de Guarapuava entre 2013 e 2020 e exerceu o cargo de deputado estadual entre 2010 e 2011.
Em Irati, César conversou com o ex-prefeito Sérgio Stoklos e, por telefone, com o ex-prefeito Rodrigo Hilgemberg, que estava em viagem. O ex-prefeito de Guarapuava também aproveitou para se encontrar com lideranças em uma reunião no PSDB local, além de visitar empresários locais que apoiam a pré-candidatura. De Irati, o ex-prefeito seguiu para os municípios de Rio Azul e Rebouças.
César destaca que sua pré-candidatura ao governo do Estado é uma alternativa para a polarização que ocorre no Paraná. “Eu quero dizer que eu sou a terceira voz dessa disputa. Eu realmente me apresento hoje como essa alternativa. Eu repito, o Paraná é grande demais, é complexo demais, é rico culturalmente demais, para ter apenas duas vozes representando o nosso debate eleitoral. É muito pouco”, afirmou o ex-prefeito de Guarapuava, que se refere as candidaturas do atual governador Ratinho Junior (PSD) e do ex-governador e ex-senador, Roberto Requião (PT).
Para César, é preciso uma alternativa para a disputa eleitoral neste ano. “Entendemos que o Paraná vinha até então com um quadro de muita falta de opção. Até então o que nós tínhamos era continuar com o atual governador Ratinho ou ter que votar no Requião que hoje está filiado no PT. Nós sabemos que essas duas vozes não são suficientes para representar todas as vozes do Paraná. O Paraná é um estado altivo, um estado que tem uma relevância importante no Brasil, tem uma complexidade social-cultural-econômica grande e nós não podemos imaginar que o processo eleitoral do Paraná vai ser resumir a essas duas únicas vozes. É importante nesse processo ter elementos novos e sobretudo, eu entendo que a nossa pré-candidatura vem enriquecer esse debate justamente na medida em que traz uma candidatura que tem uma visão de mundo, uma visão de estado um pouco diferente”, disse.
César acredita que é necessário que o interior possa ter representação na próxima eleição. “Eu acredito que o Paraná, que tem a sua imensa maioria da população vivendo no interior, está mais do que na hora de dar força política também para que tenhamos essa voz necessária e levar essa visão de mundo que possa permitir a construção de um novo caminho, um novo encaminhamento sobretudo daquilo que é prioritário e, vamos lá, daquilo que efetivamente é importante para a vida da gente”, conta.
Entre esses assuntos está o pedágio que foi desativado, mas que deve ainda ter mais um contrato de concessão no futuro. Para o ex-prefeito de Guarapuava, a situação atual é resultado de uma falta de planejamento de continuação de um novo contrato. “O que aconteceu é que o contrato encerrou em novembro de 2021. O governo não conseguiu criar uma solução definitiva. E achou que seria uma jogada de mestre abrir as cancelas e suspender a cobrança. O problema é que talvez o governo imaginou que faria isso por alguns meses apenas, até que o novo processo viesse à tona. A verdade é que, com o tempo, o governo descobriu que as tarifas não serão mais baratas do que era. Descobriu que as tarifas vão continuar tão caras, quanto elas estavam. E é claro que o governo está jogando tudo isso agora só para depois da eleição”, afirma César.
Para o interior, o ex-prefeito de Guarapuava destaca que é preciso dar mais opções para industrializar a região e dar mais oportunidades para que municípios, que estejam fora da região metropolitana, possam receber investimentos. “Tem que ser feita uma revisão do nosso modelo de incentivo fiscal que hoje é concedido às empresas que procuram nosso estado. Esses incentivos têm que ser direcionados de maneira a atender as demandas das regiões também, conduzindo esses investimentos, para que eles atendam principalmente as vocações regionais que o Paraná tem. Esse é um processo que não se resolve em um ano ou dois anos, mas uma política de interiorização do nosso processo de desenvolvimento econômico, ele permite que, ao longo dos anos e ao longo do tempo, vá criando e descentralizando esses polos de industrialização”, conta.
No agronegócio, o ex-prefeito destacou que é preciso investimento em infraestrutura, como em estradas rurais e energia elétrica. Para César, o Paraná não tem investido pesadamente no agronegócio e os resultados positivos são consequências das ações do próprio setor. “Nas regiões onde as cooperativas não são bem organizadas, onde não há interesse econômico das cooperativas atuarem, vemos que perdemos oportunidades. Eu entendo que o Paraná deveria dar ao estado mais importância para o agronegócio, não só no discurso e na hora de se apropriar dos bons resultados”, disse.
O ex-prefeito de Guarapuava também comentou sobre a tentativa de assalto à uma empresa de valores no município, ocorrido no último fim de semana. Ele conta que estava em Guarapuava no dia da ação e que viu a necessidade de melhorar o setor da segurança. “O que fica muito claro quando vemos esse tipo de ação é que hoje as forças de segurança do nosso Estado estão sendo muito maltratadas por parte do governo na questão de negociação, da reposição da inflação do seu salário. Mas não é só isso. É falta de efetivo, é gente de menos, escalas hoje sendo exageradas porque falta policial, então eles estão sendo seguidamente repetidos nas escalas, muito além do normal. E uma condição de infraestrutura inadequada para enfrentar esse crime organizado que está cada vez mais preparado e com armamentos de guerra”, afirma.
Em entrevista à Rádio Najuá, César também comentou a sua saída do Podemos. Ele era presidente estadual do Podemos e trocou de partido para ir ao PSDB. Segundo ele, a decisão aconteceu por causa da possibilidade de ser pré-candidato ao governo. “Essencialmente, com toda a franqueza, foi a condição de levar a nossa candidatura ao governo para frente. O Podemos, em determinado momento, entendeu que a prioridade não seria a construção de uma candidatura ao governo, seria a reeleição ao Senado do senador do partido [Alvaro Dias]. E o PSDB me fez o convite dizendo: ‘Olha, César, nós entendemos que o Paraná merece ter mais uma candidatura. Não podemos ficar refém de apenas duas escolhas e se você topar, o PSDB vai te acolher e dar essa condição’. Eu fiquei muito honrado. O PSDB é um partido que governou o Paraná por oito anos [com Beto Richa], deixou muitas marcas, deixou muita coisa boa no nosso estado e fiquei lisonjeado em ver, partindo deles esse reconhecimento da nossa condição de poder apresentar para o estado uma proposta de governo que leve a nossa experiência, à nossa capacidade de realização”, disse.
A troca de partido e anúncio da pré-candidatura também resultou em uma mudança interna do PSDB e de representação na Assembleia Legislativa. Após o anúncio em janeiro, o deputado estadual Paulo Litro, que era presidente do partido, saiu do PSDB. Em março, ele se filiou ao PSD, partido do governador Ratinho Junior. O PSDB ainda teve a saída do deputado estadual Ademar Traiano, que era vice-presidente da legenda estadual, e também foi para o PSD em março. Outro nome que saiu do partido foi Marcelo Rangel, ex-prefeito de Ponta Grossa e irmão do deputado Sandro Alex (PSD).
As trocas de partido refletiram na representação do PSDB na Assembleia Legislativa, mas segundo César, da mesma forma que o partido perdeu deputados, outros nomes também se filiaram ao PSDB. “O PSDB tinha três deputados. Dois deles eram muito vinculados ao Governo, inclusive o ex-presidente, Paulo Litro. É normal. Se o partido vem e apresenta uma proposta de candidatura que faz oposição ao Governo, é natural que esses deputados procurassem ficar embaixo da asa do governo que é aonde eles estavam mais acomodados. Cuidando dos seus interesses, dos interesses dos municípios que eles representam. Acho que até uma questão muito legítima do ponto de vista político. Do outro lado, os mesmos dois que saíram, nós ganhamos outros dois. Ganhamos duas excepcionais deputadas. A deputada Mabel Canto, que é uma grande liderança política de Ponta Grossa. Hoje lidera todas as enquetes de intenção de voto lá no município de Ponta Grossa. E a deputada Cristina Silvestre, que é minha mãe, que também é uma deputada já no segundo mandato, que representa muito bem aqui a nossa região. Nesse ponto de vista, houve até uma manutenção da estrutura que nos tínhamos”, disse.
Na eleição nacional, o PSDB enfrenta outro impasse em relação ao nome que o partido lançará como candidato à presidência. Nas prévias, o ex-governador de São Paulo, João Dória, conseguiu vencer e ter seu nome indicado à candidatura. Mas, internamente, algumas lideranças do partido ainda apostam no nome do ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para ser candidato à presidência.
Para César, independente do impasse, ele deve apoiar quem for apontado como candidato pela sigla nacional. “Eu apoiarei o candidato que o PSDB apresentar. Eu, evidentemente, que se o candidato do PSDB for o João Dória, eu não vou trair o partido. Eu acredito que essa postura é uma postura que, nesse momento, exige muito mais a questão de coerência, de você ser leal ao time que você pertence do que qualquer outra. Claro que temos um cenário que no Brasil que nós vamos ter dois turnos. No segundo turno, as coisas mudam de quadro”, disse.
De acordo com o ex-prefeito de Guarapuava, a disputa nacional enfrenta uma dificuldade de encontrar uma terceira via. “Hoje eu vejo que há uma dificuldade grande da terceira via no plano federal se viabilizar porque ela não é uma terceira via. Ela é a terceira, quarta, quinta, sexta sétima. Tem cinco, seis candidatos querendo ocupar esse espaço. Enquanto não houver uma unidade nesses projetos, dificilmente, vamos conseguir quebrar essa polarização. O que eu vejo hoje é um esforço desses partidos, inclusive o PSDB, de procurar construir uma candidatura de consenso que unam esses partidos em torno de um projeto viável. E se esse projeto viável for apresentado, eu seguramente apoiarei. Se for esse o caminho que o PSDB nacionalmente decidir. Se conseguirmos realmente unificar os partidos em torno de uma única candidatura eu acho, a minha convicção, é que realmente temos condições de quebrar a polarização nacional. Senão vai ser muito difícil. Já vamos começar uma eleição sabendo que vai ser tudo resolvido no segundo turno, exatamente como está começando. Entre o Bolsonaro e o Lula. Para quebrar isso, só se houver uma unificação dessas candidaturas”, conta.
César ainda comentou o impasse interno do PSDB. “É uma disputa natural, a disputa de espaço. O João Dória usou as armas que ele tinha, a máquina toda do Governo de São Paulo, conseguiu ganhar a eleição porque foi mais eficiente no processo das prévias. Mas, de outro lado, existe os caciques do PSDB que não engolem isso e continuam insistindo pelo nome do Eduardo Leite, que aparentemente é o nome que tem menos rejeição e parece ser um nome mais fácil de ser construído. E aí é o embate lá que vai continuar. É ruim isso porque enquanto não define o nome, a campanha não começa. Eu torço para que eles tenham juízo”, afirma.