Especialista diz que produtor precisa prestar mais atenção na rentabilidade da soja e do milho

Preços dos produtos caíram significativamente nesta safra, o que pode gerar prejuízos grandes aos agricultores/Paulo…

26 de março de 2024 às 17h58m


Preços dos produtos caíram significativamente nesta safra, o que pode gerar prejuízos grandes aos agricultores/Paulo Sava

Gerente de Barter da Adama Brasil, André Luís Alves Morselli. Foto: Paulo Sava

O agricultor precisa prestar mais atenção na rentabilidade do milho e da soja. A afirmação foi feita pelo gerente de Barter da Adama Brasil, André Luís Alves Morselli, que deu uma palestra a respeito do assunto durante a 2ª edição do Dia de Campo Agroshow, promovido pelo grupo Lavoro Pitangueiras na última semana, em Fernandes Pinheiro.

Em entrevista à Najuá, ele defendeu que os agricultores devem focar menos nos preços dos produtos e mais na rentabilidade. “Até então, tínhamos preços de commodities, tanto de soja quanto de milho, que estavam dando uma rentabilidade mais tranquila para o produtor. Agora, estes preços caíram significativamente e o produtor tem que ter mais atenção nesta questão da rentabilidade. Os momentos que ele terá para comercializar os produtos a preços melhores serão mais curtos. Por isto, a atenção dele tem que ser cada vez maior na questão da rentabilidade, se não ele fica focado somente no preço, que não chega no alvo que ele imagina e, de repente ele não consegue atingir nem a rentabilidade esperada”, frisou.

Prejuízo – Além disso, o agricultor pode ter um grande prejuízo com o preço da soja, segundo André. “Produtor que não fizer esta gestão de risco é como se fosse em um cassino para apostar, e normalmente acaba perdendo dinheiro, e é um valor muito grande. Por isto, o produtor não pode apostar e tem que olhar sempre esta questão de rentabilidade, entendendo quais são seus custos e receitas para saber quanto vai sobrar no final. Se ele não olhar isso e focar somente em preço e commodities, pode ser que ele tenha uma surpresa desagradável no final, como vimos o que está acontecendo nesta safra”, frisou.

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André apresentou dados sobre a produtividade da soja no Paraná. Foto: Paulo Sava

Vários estados brasileiros tiveram redução da produtividade da soja por conta da seca, da chuva e atraso no plantio. Mesmo assim, de um modo geral, na visão de André, a produção de soja brasileira ainda é grande.

“Quando se soma isto com a produção da Argentina e do Paraguai, por exemplo, coloca tudo isto numa cesta e faz a soma total, tem-se uma produção maior do que foi a safra 2022/2023. Por isto, temos que olhar para esta questão do preço porque, às vezes, você olha só para este impacto de uma safra com produtividade menor, achando que vai ter quebra e ficando na expectativa de preço. Não podemos ficar só nisso, pois temos outros países que são produtores importantes que colocam soja para o mundo. A América do Sul tem uma oferta abundante de soja e isto vai ser suficiente. Por isto, eles não deixam que o preço suba e o produtor tem que ficar de olho nisso”, pontuou.

Safra na Argentina – Por duas safras, a produtividade da soja argentina também foi afetada pelo clima, influenciado pelo fenômeno La Niña. No contexto atual, a produção de soja teve uma melhoria significativa, segundo André. “Neste ano, eles voltaram a ter uma produção dentro da normalidade. Isto traz a Argentina novamente para o jogo, aí compensa tudo o que teve de quebra aqui no Brasil”, destacou.

Na gestão de risco da produção, o agricultor precisa estar atento à forma de comercialização da soja, de acordo com o especialista. “Aquela comercialização do produtor que plantava, colhia e vendia tudo depois de colhido, praticamente ele esperava colher para vender, isto não pode acontecer mais. Hoje, ele tem que fazer uma gestão de preço e venda escalonada. Hoje, a Lavoro está falando sobre operações de Barter, ou seja, a Lavoro oferece a chance de comprar os insumos e travar os custos. O produtor deixa de correr riscos e passa a ter o foco só em comercializar o excedente da produção, que seria o lucro. Aí, ele tem que fazer a gestão, de repente até pegando o acompanhamento de profissionais aqui da Lavoro, para poder vender de forma escalonada, não concentrar todas as vendas, que pode ser uma oportunidade gigantesca de ganho, mas pode trazer perdas grandes. Não fazer concentração, mas venda escalonada ao longo do tempo”, frisou.

Venda escalonada – Na venda escalonada, por exemplo, o produtor pode vender 20% ou 30% da produção em um primeiro momento, o que cobriria seus custos. O restante pode ser comercializado ao longo do ano. No final, o agricultor pode criar uma média de preço de venda da safra, não deixando para arriscar tudo no começo ou no final da colheita. “Você faz uma venda mais distribuída, e sempre acompanhando, fazendo contas para ver se isto está trazendo algum tipo de rentabilidade e vender dentro de um preço que traga isso”, comentou.

Exportação brasileira – O ritmo de exportação da soja brasileira está mais lento, uma vez que os compradores estão esperando uma redução dos preços por parte dos produtores. “Você olhando para a cabeça do comprador, percebe que ele não vai fazer força para comprar e vai pressionar o mercado para que o preço dele seja achatado. Ou seja, o ritmo de exportação nossa está lento. Os compradores tiraram o pé e estão esperando, sabendo que, quanto mais esperar e pressionar o mercado, o preço será menor. Consequentemente, eles vão conseguir comprar mais volume com menos preço”, pontuou.

Há uma tendência de queda na exportação de milho, uma vez que a Argentina, um dos principais exportadores do produto, que estava fora do mercado devido às quebras consequentes, está voltando a exportar o grão.

“Agora, ela volta a entrar neste mercado e a questão da competitividade do preço do milho da Argentina está melhor que a do Brasil. Então, é só uma substituição: você está substituindo as compras que o importador fazia do Brasil e passa a comprar da Argentina. Este é o motivo de termos uma diminuição nas exportações”, finalizou.

Agricultores presentes no Dia de Campo Agroshow Lavoro Pitangueiras. Foto: Paulo Sava
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