Candidato ao Senado Federal, Sérgio Moro (União Brasil) esteve em Irati em uma reunião com empresários e representantes locais no dia 17 de agosto. A visita foi acompanhada pelo candidato a deputado estadual, Emerson Bacil (União Brasil)/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub
O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro (União Brasil), visitou Irati na quarta-feira (17). Na oportunidade, o candidato ao Senado Federal pelo Paraná conversou com empresários e representantes locais na Associação Comercial e Empresarial de Irati (Aciai). A visita foi acompanhada por Emerson Bacil (União Brasil), que é candidato a deputado estadual.
Durante a visita com empresários, Sérgio Moro ouviu as demandas regionais e recebeu uma carta de solicitações dos representantes. “Nós tivemos lá na Associação Comercial, recebemos uma lista de reivindicações e me comprometi a examiná-las com cuidado. Conversamos também a respeito e uma delas diz respeito à BR-153, um desejo grande da cidade de ter um contorno para que o tráfego seja afastado do centro da cidade e também evite muitas vezes até acidentes que podem levar a perda de vidas”, disse.
Sérgio Moro disputa a única vaga do Senado contra Álvaro Dias (Podemos), apontado como um dos principais incentivadores para sua entrada na política. Para Moro, sua carreira política é totalmente independente do atual senador. “Eu tenho uma carreira pública que é totalmente independente do Álvaro Dias. Algumas pessoas chegaram a falar que teria um padrinho político. Nunca tive um padrinho político. Meu padrinho político foi a população paranaense, a população brasileira, mas a paranaense em particular, que apoiou a operação Lava Jato e depois também é o meu trabalho do Ministério da Justiça. Conseguimos na Lava Jato quebrar, romper com a impunidade da grande corrupção. As pessoas roubavam aqui, políticos, funcionários públicos roubavam e nada acontecia. Conseguimos superar essa etapa”, conta.
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O ex-juiz federal também afirmou que as candidaturas têm propostas diferentes. “Nós estamos concorrendo, mas corremos em raias diferentes, cada um com suas propostas. Podemos até ter alguns pontos de convergências, mas também temos uma história diferente. O que eu tenho feito é colocar as minhas propostas e colocar a minha credibilidade”, afirmou.
De acordo com Sérgio Moro, o combate à corrupção é uma das principais pautas de sua candidatura. “Eu acho que o que fizemos na Lava Jato me dá credibilidade para dizer: nós vamos combater a corrupção mesmo no Senado. O que fizemos no Ministério da Justiça, em que enfrentamos o crime organizado e fomos duro no tratamento do crime violento, me autoriza dizer que é o que vamos fazer no Senado. Claro que queremos tratar também de outros temas, que isso é importante para a vida das pessoas”, disse.
A Operação Lava Jato marcou a política nacional nos últimos anos com a investigação e prisão de diversos políticos brasileiros, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, nos últimos anos, diversas decisões tomadas pela Força Tarefa foram anuladas, incluindo a prisão de Lula, que pode se candidatar após a anulação de sua prisão. Membros da Força Tarefa também tem sido alvo de inquéritos e ações disciplinares para apurar supostos desvios durante a Operação.
Sérgio Moro é um dos dez candidatos ao Senado Federal do Paraná. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo) |
Para Moro, as anulações são uma reação política à atuação da Operação Lava Jato. “Reação política que veio de parte do Legislativo, que veio de parte do Executivo e que veio de parte do Judiciário, especialmente ali do STF. Esses reveses são essa reação política. Agora, que temos que fazer? Levantar as bandeiras novamente. Não baixar a cabeça. Não dá para ficar choramingando no canto. Temos que dizer a verdade do que aconteceu. Eu posso te assegurar: quem foi condenado e preso na Operação Lava Jato, pagou o suborno, como as grandes empreiteiras, ou recebeu suborno”, disse.
O candidato a Senador destaca que apesar das anulações, a Lava Jato trouxe recursos novamente aos cofres públicos. “A Petrobras oficialmente declarou este ano que ela conseguiu recuperar, por conta da Lava Jato, R$ 6 bilhões. Produzimos um escândalo de suborno do tamanho de R$ 6 bilhões e que foi conhecido pelo mundo. Essa semana, aquele Nobel de Literatura, o Vargas Llosa, deu uma entrevista para um veículo brasileiro e falou: ‘A Lava Jato revelou que quatro presidentes peruanos foram subornados pelo esquema de corrupção gerado aqui no governo do PT’”, afirmou.
A entrada de Sérgio Moro na política aconteceu ainda em 2018, quando ele aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser ministro da Justiça. Na entrevista à Najuá, ele disse porque resolveu deixar a magistratura e ingressar na política. “Eu entendi que o meu ciclo na Lava Jato já tinha sido cumprido. A maior parte dos casos que eram da competência lá de Curitiba, tinham sido já julgados e eu poderia dar um passo adiante. Fui convidado e eu vi realmente três objetivos: consolidar o combate à corrupção, combater o crime organizado e reduzir a criminalidade violenta. Eu fui por um projeto, não fui pelo cargo. Tanto quando eu entendi que o projeto estava comprometido, eu preferi sair”, conta.
A saída de Sérgio Moro aconteceu após o presidente Bolsonaro decidir trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, que havia sido uma indicação do ex-ministro. O pedido de demissão foi realizado em abril de 2020.
Apesar de ter ficado como ministro por pouco mais de um ano, Sérgio Moro disse que acredita que conseguiu fazer um bom trabalho na função. “Era muito comum antes de 2019, criminosos de organizações saírem às ruas incendiar ônibus, atacar pessoas, cometer atentados contra alvos civis. A última vez que isso aconteceu foi em janeiro de 2019, na crise de segurança do Ceará. Como ministro da Justiça, reagimos prontamente, enviamos a Força Nacional. Enviamos uma Força Tarefa formada por agentes penitenciários para controlar as prisões do Ceará. Tiramos as lideranças do crime organizado do Ceará e colocamos em presídio de segurança máxima. Em 30 dias, aquela crise passou”, relata.
O ex-ministro ainda destaca outras ações feitas no período. “Nós isolamos os líderes do PCC, a maior organização criminosa do país. Os líderes estavam em São Paulo, comandando os crimes de dentro prisão estadual, com um plano de matar juiz e promotor. Nós os tiramos dos presídios estaduais e colocamos em presídios federais de segurança máxima, sem telefone, sem fuga, sem possibilidade de resgate e com todas as conversas sendo monitoradas. Enfraqueceu a organização. Precisamos melhorar muito a segurança pública? Precisamos, mas precisamos mandar uma mensagem: quem manda é a lei e não o crime”, disse.
Após a saída do governo de Bolsonaro, o ex-ministro atuou em uma empresa de consultoria americana. Contudo, ele conta que sentia que ainda precisava fazer algo na vida pública e por isso, decidiu aceitar o convite para o Podemos, onde se disponibilizou para concorrer ao Executivo Nacional. “Num primeiro momento, coloquei o meu nome como pré-candidato à presidente que o objetivo era romper a polarização. Eu acho que essa polarização é muito ruim porque divide o Brasil. O que temos visto por aí nas viagens pelo Paraná, conversando na capital ou no interior, aqui mesmo em Irati, as pessoas querem soluções reais para os problemas concretos delas. Então, a polarização não resolve”, explica.
Sérgio Moro se filiou ao Podemos, mas decidiu mudar de partido próximo ao fim do prazo da janela partidária. “Eu estava em um partido anterior, que era o Podemos, que tem ali as suas virtudes, mas faltou apoio do partido para continuar com a campanha presidencial. Eu tive que readequar o meu projeto. Fui para o União Brasil, o mesmo partido aqui do Bacil, que apoiamos a candidatura dele a deputado estadual, e estou me colocando como candidato ao Senado. Mas a minha visão é o seguinte: meus princípios e valores permanecem os mesmos. Nós vamos precisar nos próximos anos de uma voz forte e independente lá no Senado Federal, representando o Paraná. Precisa ter gente com independência, gente que saiba se posicionar”, afirmou.
Em um primeiro momento, Moro foi cogitado para ser candidato à presidência pelo União Brasil. Porém, sem revelar em qual cargo concorreria, o ex-ministro tentou mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo. Entretanto, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) entendeu que não havia vínculo no estado e não permitiu a mudança. “Quando eu fui para o União Brasil, o partido me pediu que eu me filiasse em São Paulo. Como tinha um objetivo inicial de tentar legenda presencial pelo União, eu entendi que não faria ali diferença, mas depois houve uma decisão do TRE de São Paulo pela minha permanência no Paraná”, conta.
Com o domicílio eleitoral no Paraná, Moro decidiu não recorrer da decisão e se candidatar ao Senado. “Estávamos bem seguros dessa transferência. Não íamos fazer nada que não fosse bem orientado. Houve, no entanto, uma decisão que discordamos, mas respeito. Mas aí eu orientei na época, de imediato, a minha equipe: ‘Não vamos recorrer, que eu prefiro’. Eu prefiro ficar no Paraná. Foi aqui que eu nasci. Eu nasci em Maringá, eu sou pé vermelho, meus pais são de Ponta Grossa. Morei em Cascavel, moro há 20 anos lá em Curitiba e acho que o ponto mais importante, o trabalho mais relevante da minha vida profissional foi feito aqui no Paraná que foi Operação Lava Jato”, disse.
Após a publicação da candidatura de Sérgio Moro, alguns partidos e candidatos apresentaram pedidos de impugnação de sua candidatura. Um deles foi da candidata ao senado Eneida Desiree Salgado (PDT) que diz que o ex-juiz não cumpriu o prazo mínimo de seis meses de domicílio eleitoral para registrar sua candidatura. A candidata ainda alega que o ex-ministro deixou a Justiça com processos disciplinares pendentes, o que o tornaria inelegível.
Para o ex-juiz, os pedidos demonstram medo de alguns candidatos de concorrerem contra ele. “O pessoal que tem medo de disputar conosco na urna. Vamos ser bem franco, boa parte do mundo político – tem gente boa na política -, mas tem muita gente na política que é desonesto. E tem muita gente que me quer fora de Brasília, que vão fazer o possível para não estarmos em Brasília. Não só a mim, mas outras pessoas também que tem a bandeira de combate à corrupção, porque o que mais quer o sistema, esse mecanismo, é permanecer o status quo da impunidade. É o rouba e não acontece nada, que rompemos na Lava Jato”, afirma.
Sem um candidato para o governo do Paraná, o União Brasil irá apoiar a reeleição do governador Ratinho Júnior. “Nós apoiamos o governador Ratinho Júnior para reeleição. Agora, o União Brasil também é um partido independente. Mas quer participar, construir um Paraná melhor para todas as pessoas, quer contribuir ativamente. Nós também não deixaremos de eventualmente fazer eventuais críticas, pode melhorar isso, pode fazer aquilo. Mas nas opções que estão aí colocando para as eleições, nós estamos apoiando o governador Ratinho Júnior”, conta.
O ex-juiz também comentou na entrevista sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. “As urnas eletrônicas é o que nós teremos para essas eleições. Eu acho que é legítima a discussão de nós aprimorarmos o modelo de segurança. Dentre as formas de aprimoramento, discutirmos em imprimir parte dos votos, um percentual, para também não ficar um custo muito elevado por amostragem. É uma discussão legítima. Não tem nada de antidemocrática e deve ser feita para as próximos eleições. Para esse ano não é mais possível implementar esse mecanismo. Nessa perspectiva, as urnas eletrônicas é o que nós teremos e não existe, pelo menos, até o momento, nenhuma prova, nenhuma evidência, de que eleições passadas foram fraudadas pelas urnas eletrônicas. Então, não podemos utilizar essa discussão de aprimoramento para questionar a legitimidade das eleições. Isso é um discurso um pouquinho complicado e gera alguns riscos”, disse.
Candidatura de Bacil à ALEP: O candidato a deputado estadual, Emerson Bacil (União Brasil), tem acompanhado Sérgio Moro nas visitas aos municípios do interior do estado. Além de Irati, os candidatos também passaram por Rio Azul e São Mateus do Sul. Já a visita a Imbituva teve que ser adiada devido ao mau tempo.
Em entrevista à Rádio Najuá, Bacil comentou sobre a situação jurídica que acabou fazendo com que perdesse seu mandato de deputado estadual. Bacil perdeu sua vaga no Legislativo estadual após o mandato de Fernando Francischini (União Brasil) ser cassado. A cassação retirou os votos da contagem do PSL, partido no qual eles estavam na época. Em consequência, houve a diminuição da quantidade de vagas que o partido possuía na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) e assim retirou Bacil do parlamento. Em junho, ele chegou a voltar ao cargo, após uma liminar do ministro Kássio Nunes Marques tirar a cassação. Mas em poucos dias, a liminar foi derrubada em uma decisão pelo STF, fazendo com que Bacil perdesse novamente o cargo.
Emerson Bacil concorre a uma vaga na ALEP. Morador de São Mateus do Sul já exerceu mandato de deputado nesta legislatura. Foto: Divulgação |
Para o ex-deputado, a decisão foi injusta. “Depois da injustiça que fizeram com o meu mandato, sem eu ter processo nenhum, sem eu poder me defender de qualquer situação. Aqui, não quero falar mal, criticar, mas eu quero expor o meu lado. Depois de dois anos e nove meses defendendo a região, a Assembleia Legislativa, eu fui arrancado e não é outra palavra, arrancado do dia para a noite do meu gabinete, sem poder falar qualquer situação. Essas situações nos indignam e realmente eu fico entristecido pelo que aconteceu com a representatividade da região, que foi tão difícil conquistar e que do dia para noite acabou evaporando. Mas ficamos de pé, se mantendo aqui na defesa que eu acredito que é na população aqui do sul do nosso Paraná”, disse Bacil.
Francischini foi cassado após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entender que ele divulgou notícias falsas contra o sistema eletrônico de votação na eleição de 2018. Para Bacil, também houve injustiça nesta decisão. “Eu entendo que foi também uma injustiça por parte dele porque ele dentro de um mandato parlamentar, que era naquele momento deputado federal, tendo sim imunidade parlamentar para questionar e cobrar. O Parlamento é a voz da população. Se tinha alguém questionando as urnas, é o que ele fez e porque falou 15 minutos antes de terminar as eleições e isso foi prerrogativa de julgamento para o TSE. Senão, seria na Justiça Comum e acabaram entendendo que os 400.027 votos que ele teve foram anulados, questão histórica, além da cassação, a inelegibilidade e a perca dos votos. Nós indiretamente fomos afetados e sem poder criar nenhum recurso, nenhuma defesa”, questiona o candidato a deputado estadual.
Com a nova candidatura, Bacil disse que quer continuar fazendo o trabalho que estava realizando no Legislativo estadual. “Continuo defendendo o fumicultor. Continuo defendendo o manejo do pinus e araucária, que é realmente um entrave para o nosso pequeno agricultor. Continuo defendendo o Revalida Paraná, temos poucos médicos na saúde e é por falta de profissionais, mas temos uma cúpula que não deixa isso acontecer, por parte do CRM. Temos também a questão da ligação de energia elétrica em pequenas propriedades. Muitos no século 21, não tem energia elétrica e isso depois do Click Rural, do Luz Para Todos. Chegamos num momento que quem realmente precisa ter – que não é benfeitoria, é direito – não tem por ter uma propriedade pequena”, explica.
O IML em Irati também deve continuar sendo pauta. “Eu fiquei sabendo que fazia 20 anos que se falava em instalação quando eu estava num velório aqui no município, em 2019. Descobri que a 4ª Regional não tinha e não tem o IML. Eu fiz um requerimento, coloquei na LDO, busquei o projeto, busquei recurso que conseguimos no acordo de royalties da Petrobras Six, no acordo. Consegui o local com a Unicentro, com o reitor, consegui o acesso com o prefeito [Jorge] Derbli, o projeto com a UEPG, mas no final de outubro do ano passado, quando realmente tudo estava pronto, mobilizado o governo, a Secretaria de Segurança, nos arrancaram do mandato e de lá para cá, nunca mais eu ouvi falar com relação a IML de Irati”, disse.