Empresário diz que ônibus da Transiratiense devem voltar a circular até a próxima segunda-feira

Em entrevista coletiva, Sérgio Zwar afirmou que vai vender bens familiares para injetar recursos na…

31 de janeiro de 2025 às 18h46m

Em entrevista coletiva, Sérgio Zwar afirmou que vai vender bens familiares para injetar recursos na empresa e quitar os salários e vales de dezembro e janeiro e o 13ª salário dos funcionários, que estão em greve há cinco dias/Paulo Sava

Imagens e edição: Diego Gauron

O empresário Sérgio Ricardo Zwar convocou uma entrevista coletiva na tarde de ontem, 30, no Salão Nobre da Prefeitura de Irati, para explicar a situação financeira da Transiratiense, empresa que opera o transporte coletivo no município. Por falta de pagamentos de salários e vales alimentação de dezembro e janeiro e do 13º salário, funcionários estão em greve desde a última segunda-feira, 27.

Durante a entrevista, ele anunciou que irá injetar capital de origem familiar na empresa para quitar os débitos. Com isso, ele acredita que a frota pode voltar a operar na sua totalidade até a próxima segunda-feira, 03. “Sim, não depende 100% de mim, mas as coisas estão se encaminhando para que isto aconteça”, destacou.

Em contato com nossa reportagem, o diretor-presidente do sindicato que representa a categoria, Luiz Carlos de Oliveira, disse que conversou com Sérgio na terça-feira. O empresário já havia afirmado que faria os pagamentos, o que, de acordo com Luiz, até agora não ocorreu.

Segundo o procurador geral do município, Hermano Faustino, caso não haja o retorno dos ônibus até o começo da próxima semana, a Prefeitura está analisando outras formas de operar o transporte coletivo. “Os planos B estão sendo pensados, a gente acredita e aposta na palavra do empresário, que sinaliza isto (retorno dos ônibus) já há alguns dias. Então, a aposta primeira é esta, menos impactante para o município, mas existe um plano B e possibilidades que estão sendo estudadas. É sempre importante pensar que o impacto econômico prejudica todos os munícipes. Se a empresa sinaliza positivamente com uma solução, é benéfico para todos que aguardemos”, frisou.

Nova licitação

Durante a coletiva, Emiliano reiterou o que havia dito anteriormente à Najuá, de que há possibilidade de se firmar uma parceria público-privada (PPP), para gerir o transporte, desde que seja feito um novo Plano de Mobilidade Urbana e uma nova licitação para o transporte público. Emiliano detalhou o que precisa ser feito antes da licitação.

“Nós precisamos cumprir algumas etapas, que são primeiro finalizar o Plano de Mobilidade Urbana, que foi iniciado em 2021 e não foi finalizado a contento. Demorou três anos para ser finalizado, é um processo que nós, internamente, na gestão, temos que fazer. Na sequência, vamos abrir o processo licitatório para uma nova concorrência. Com relação à questão da PPP, entra-se em alguns modelos que se tem no estado do Paraná e no Brasil, que é através do vale-transporte, em parceria com as empresas, destinado a um fundo específico criado pela Prefeitura, e aí a gestão deste fundo com subsídio do transporte”, comentou.

Emiliano espera que, no futuro, o Executivo possa subsidiar o transporte coletivo, o que não é possível neste momento por conta da existência de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado junto ao Ministério Público entre o município e a empresa. Para ele, a greve é uma situação nova que precisa de uma resposta imediata.

“Para nós, é uma situação que precisamos, de fato, de uma resposta imediata, que estamos em conversa, estreitando este caminho para que a população tenha uma resposta mais efetiva de momento. Num futuro próximo, o que estamos projetando é justamente isto: olhar para um futuro onde haja a continuidade do transporte e, acima de tudo, a gestão possa interceder legalmente no incentivo e na busca de recursos para poder subsidiar a empresa. Este é o nosso papel enquanto gestão”, frisou.

Na foto, o empresário Sérgio Ricardo Zwar, o advogado Renato Hora, o prefeito Emiliano Gomes e o procurador do município, Hermano Faustino. Foto: Diego Gauron

Plano de Mobilidade Urbana

Durante a gestão anterior, de Jorge Derbli, foi feito um Plano de Mobilidade Urbana, que apresentou inconsistências, apontadas pelo procurador. “Utilização de inteligência artificial, algumas passagens do estudo tinham lacunas de texto e pouca conexão com a realidade local. Havia por exemplo a exigência de um número elevado de câmeras de segurança nos veículos, o que resultaria num elevado valor da passagem, bem como de elevado valor de subsídio, o que traria prejuízos para a comunidade”, destacou Hermano.

Segundo Emiliano, uma empresa será contratada de forma emergencial para fazer uma revisão e criar um novo plano dentro de um mês. “O que nós vamos fazer é uma contratação emergencial para fazer uma revisão e criar um novo plano, isto dentro do prazo de um mês. Estamos tabelando com as empresas para ver quem pode entregar este documento e que, de fato, cumpra com as normas de acordo com aquilo que a gente espera. Na sequência, de fato, com este plano em mãos, teremos um processo licitatório legal”, comentou o prefeito.

Tabela de custos

O empresário Sérgio apresentou uma tabela de custos da empresa e informou que, pelos cálculos, a tarifa de ônibus precisaria ser de R$ 8. No entanto, um estudo feito em 2022 apontou que o valor da passagem para que uma empresa de ônibus pudesse operar em Irati teria que ser de R$ 10,71. Contudo, o último reajuste foi aplicado no mesmo ano, quando a passagem chegou a R$ 5,15, preço cobrado atualmente.
No ano passado, Sérgio apresentou três pedidos de reajuste da passagem para R$ 6,35, mas eles foram negados pela administração anterior. Segundo o empresário, mesmo com este reajuste, a empresa teria dificuldades financeiras. “Com este valor, continuariam as dificuldades, amenizaria um pouco, mas ainda continuariam”, lamentou.

Siga o canal Najuá no WhatsApp

Sergio voltou a criticar a lei que autoriza idosos com mais de 60 anos a utilizarem o transporte público sem pagar passagem. Segundo ele, cerca de 5 mil pessoas deixaram de pagar passagem, gerando uma queda de receita na ordem de R$ 25 mil. Para o empresário, não houve vontade política de revogar a legislação ou de encontrar um meio de compensar a queda de receita da empresa.

Para Emiliano, revogar esta lei seria um retrocesso. “Quando há uma lei ou decreto, você retroagir acaba sendo um retrocesso porque isto já existe. Nós temos que pensar diferente, eu penso que temos que pensar grande, assim como outros municípios já estão dando uma solução muito exata e certeira para o transporte público. Falamos isto por muito tempo, então chegou o momento. Sempre falamos que, em toda greve e situações semelhantes, há oportunidades e luz. Então, precisamos elucidar isto, e estamos aqui hoje fazendo este papel diplomático e conversando. É de nosso interesse que a empresa continue, cresça e de fato possa proporcionar um melhor transporte para a população e com a tarifa menor, quem sabe pela metade e na sequência, assim por diante. O Plano vai nortear e direcionar tudo isto. Com relação à regressão dos 60 anos, eu acredito que agora seria uma situação delicada. O mais ideal é acelerarmos o processo interno administrativo. Na sequência, se der tudo certo, quem sabe a Transiratiense ou outra empresa possa vencer o processo licitatório. Eu acredito muito no potencial da Transiratiense, é uma empresa histórica, que tem mais de 40 anos”, frisou.

Redução da passagem

O prefeito afirmou que, após o processo licitatório, a Prefeitura vai atuar para reduzir o preço da passagem, mantendo um transporte público de qualidade para os passageiros. “Não queremos aumentar a passagem, e se depender de mim não vamos aumentar, mas sim diminuir. O meu compromisso agora é justamente passar por este processo licitatório o mais breve possível e implementar este modelo onde nós possamos subsidiar, e aí outros modelos com o fundo para garantir que a empresa, além de oferecer, possa diminuir a passagem, quem sabe pela metade. Como o Sérgio falo que seria R$ 8 para a passagem ficar num preço bom, nós vamos cobrar R$ 4 da comunidade, e os outros R$ 4 vamos buscar fundos e o município vai investir para diminuir 50% da tarifa. Este é meu compromisso como prefeito, e eu vou fazer isto. Agora, precisamos detalhar exatamente com o Plano de Mobilidade, de que forma vamos proceder com a questão da diminuição”, pontuou.

Depois de refazer a concessão do transporte público e de reduzir a tarifa, a Prefeitura deverá providenciar a reestruturação dos pontos de ônibus, para que os usuários tenham mais conforto enquanto aguardam o transporte.

Sérgio reclamou que os ex-prefeitos Odilon Burgath (PT) e Jorge Derbli alegaram que os reajustes nas passagens de ônibus poderiam causar prejuízos políticos para eles. “Quem começou a “pintar este pavão” foi o Odilon, na sua gestão. Antes dele, não se falava nisto, de prejuízo político por dar um aumento de passagem. A empresa opera o sistema desde 1973. A minha família adquiriu ela em 1985, ou seja, há 40 anos, e passou pela administração de diversos prefeitos. Nenhum deles anteriormente ao Odilon falou em prejuízo político por dar um aumento de passagem, isto está sendo supervalorizado. Pela experiência que eu tenho, isto não dá um prejuízo político tão grande quanto se pensa”, comentou.

Sérgio também fez uma avaliação das condições da frota de ônibus da empresa. “Eu tinha alguns ônibus que nós adquirimos eles 0km, que estavam transportando passageiros para a Yazaki. Como nós paramos com este contrato, eu peguei estes ônibus e coloquei eles para transportar os passageiros do transporte público de Irati. Eles não têm quilometragem muito alta, são ônibus que estão com uma qualidade boa. Precisa dar uma melhorada na aparência deles decorrente deste tempo de dificuldade que estamos enfrentando, que não sobra dinheiro para pintar o ônibus. Pelo menos da parte mecânica, temos procurado cuidar bem deles, e da parte interna também, para os passageiros terem um conforto”, frisou.

Hermano afirmou que o município não tomará nenhuma atitude precipitada em relação ao transporte coletivo de Irati. “É tentador a gente tomar uma decisão precipitada, algumas sugestões foram faladas, como aumento de passagem e da idade de isenção. Estas decisões a gente precisa tomar com cautela, por isso a ideia do estudo é tão importante, um estudo que realmente leve em conta as necessidades do iratiense e as potencialidades de cada empresa. Existe uma limitação também, que é inegável, de possíveis empresas para contratação emergencial, que é prevista em lei, mas torná-la uma realidade não é tão simples. Houve uma conversa com o Ministério Público. Houve uma conversa com o Ministério Público, vamos lembrar que existe um TAC em curso, de modo que esta é uma decisão discricionária do Executivo, mas também conta com o diálogo deste órgão essencial à Justiça, que é o Ministério Público. Se direcionou a possibilidade, em que pese todas as dificuldades da empresa no momento, de haver cautela. Se a empresa sinaliza uma reestruturação imediata no sentido de injeção de capital para superação da dívida, soa como uma ideia razoável não agir com desespero e aguardar um pouco”, finalizou.

Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.