Nova diretora-geral, Emanuelle de Matos, contou quais são os projetos para o ano durante entrevista à reportagem da Najuá/Texto de Karin Franco, com entrevista realizada por Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

A nova diretora-geral do Consórcio Intermunicipal SAMU Campos Gerais (CIMSAMU) é Emanuelle de Matos. Formada em Biomedicina com especialização em Gestão em Saúde, Emanuelle foi secretária de Saúde na gestão da ex-prefeita de Fernandes Pinheiro Cleonice Schuck. “É a primeira vez que a nossa região tem uma representação na diretoria do CIMSAMU, então espero que consigamos atingir um trabalho bem forte para a nossa região, hoje não mais apenas pelo município de Fernandes Pinheiro, mas por toda a nossa região”, explica a nova diretora-geral.
A indicação foi feita pelo prefeito de Jaguariaíva, Juca Sloboda, que é o atual presidente do CIMSAMU dos Campos Gerais. O mandato dele é de dois anos, podendo ser prorrogado por mais dois anos.
O CIMSAMU dos Campos Gerais abrange 28 municípios e atende 981.432 habitantes em toda a região. “Ele é um consórcio, assim como nós temos o CIS/AMCESPAR aqui na nossa região, dos serviços de saúde para os municípios. O serviço de urgência e emergência, como é complexo, precisa de uma demanda de profissionais com uma capacitação maior, um volume muito grande de profissionais, ele é gerido através de um consórcio. Esse consórcio é o CIMSAMU que está localizado em Ponta Grossa. Teve início em 2018, pelo prefeito, Juca, na época, e depois dele foram outros municípios assumindo também essa responsabilidade do serviço de urgência e emergência. Houve essa integração de todos os municípios das três regiões”, disse.
Os serviços do SAMU passaram a ser oferecidos a partir de 2019, com a integralização ao consórcio da 3ª Regional de Saúde, da 4ª Regional de Saúde de Irati e da 21ª Regional da Saúde. Na 3ª Regional, estão os municípios de Arapoti, Carambeí, Ipiranga, Ivaí, Jaguariaíva, Castro, Piraí do Sul, Palmeira, Ponta Grossa, Porto Amazonas, São João do Triunfo e Sengés. A 4ª Regional de Saúde compreende os municípios de Fernandes Pinheiro, Guamiranga, Imbituva, Inácio Martins, Irati, Mallet, Rebouças, Rio Azul e Teixeira Soares. Já a 21ª Regional da Saúde abrange Curiúva, Imbaú, Ortigueira, Reserva, Telêmaco Borba, Tibagi e Ventania.
Apesar de ter a abrangência em todos esses municípios, as ambulâncias do SAMU ficam sediadas em cidades centrais de uma região, que compartilham um mesmo veículo com outros municípios. No caso da 21ª Regional, apenas Curiúva não possui ambulância. Na 4ª Regional, não há ambulâncias em quatro municípios: em Fernandes Pinheiro, que compartilha a ambulância com Teixeira Soares; em Guamiranga, que compartilha com Imbituva; em Rebouças, que compartilha com Rio Azul; e em Mallet, que também utiliza o veículo de Rio Azul. Na região da 3ª Regional, não há ambulâncias em Sengés, Carambeí e em Porto Amazonas.
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A diretora conta que o ideal seria que cada cidade tivesse uma ambulância, mas ainda não é possível. Entretanto, um estudo deve ser feito para verificar a ampliação da frota. “Nós vamos fazer um estudo também da viabilidade dessa sugestão e até a reclamação de muita gente, de você pagar pelo serviço e não ter a base. Então, isso também é uma coisa que vamos estar analisando, vendo a viabilidade. E, claro, que se tiver a possibilidade de estarmos implantando nos municípios onde não tem base e que os municípios consigam estar arcando com esse serviço, será implantado”, explica.
Nesta nova gestão, Emanuelle destaca que pretende aproximar os municípios. “O serviço da operacionalização das viaturas é através de uma empresa terceirizada que presta o serviço com os profissionais, com os condutores, os técnicos de enfermagem, enfermeiros e os médicos. A frota é toda gerenciada por essa empresa. O meu intuito é podermos aproximar um pouco mais os municípios, dialogarmos, saber quais são as necessidades, quais são as sugestões, porque até então participávamos, mas não tinha assim uma efetiva compreensão até onde nós poderíamos estar auxiliando ou levando as nossas demandas”, disse.
Um dos objetivos é poder auxiliar na capacitação dos municípios para que a população conheça mais sobre o serviço. “Nós podemos fortalecer ainda mais o serviço da nossa região, capacitar os municípios também, porque sabemos que existe uma rotatividade de profissionais muito grande. A dúvida, os questionamentos, também alguns projetos que pretendemos realizar, enquanto eu tenho essa experiência da ponta do município. Nós sabemos que a área rural é uma área muito distante, que muitas vezes o deslocamento da viatura é muito mais demorado”, conta.
O acesso ao SAMU é feito exclusivamente pelo número de telefone 192. Quando o paciente liga para SAMU, a ligação cai em uma central em Ponta Grossa onde há um médico que atende e instrui o paciente. “A partir do momento que a pessoa acionou o 192, vai cair nessa central de regulação. Vai atender o TARM, que que chamamos, que é um Telefonista Auxiliar da Regulação Médica. Ele vai fazer a avaliação, a escuta inicial, e vai passar para o médico regulador que está ao seu lado, para identificar qual a necessidade, que tipo de serviço, qual o tipo de veículo que deve ser empregado, para onde essa viatura vai deslocar o paciente, que isso também é muito importante, e vai tranquilizando e tentando passar as informações para quem está na cena”, disse.
A diretora destaca que as perguntas feitas para os pacientes são importantes. “Isso é uma coisa muito importante, porque as pessoas não entendem o motivo de porque a pessoa pergunta tantas coisas, tantas informações. É porque precisa ter a segurança. Qual o tipo de viatura? Qual a gravidade? Para onde vai levar? Para não deslocar um serviço, uma ambulância, que se imagina que pode ser uma mais simples, e ter que ser uma que tem um atendimento mais complexo. Nós sabemos que para a pessoa que está na situação, o tempo passa diferente. Nós sabemos e vivenciamos isso muito nos municípios, mas é lá mesmo a regulação. Precisa ter esse técnico, esse telefonista, tem que ter o médico, e tem o operador de rádio, que aciona as viaturas via rádio”, conta Emanuelle.
Há situações em que o próprio médico pode fornecer orientações a quem está ligando. “O médico regulador, se for uma situação mais simples, muitas vezes eles conseguem prestar esse auxílio imediato, já por telefone, fazendo algumas orientações para que a pessoa realize essa ajuda no telefonema. E, nesse tempo, ele já vai acionando, através do operador de rádio, qual o tipo de viatura. Ele faz uma classificação do risco, da situação, de risco de vida dessa pessoa. Ele já faz o acionamento através do operador de rádio, que desloca a viatura. Muitas vezes ele ainda está no telefone com a pessoa e a viatura já está a caminho”, explica.
O SAMU pode ser acionado em situações médicas, como mal súbito, suspeita de AVC, suspeita de infarto, gestante e surto psiquiátrico. O serviço também pode acionado para salvamento em casos de acidentes.
O acionamento é exclusivo pelo 192, mas há dificuldades ainda na cobertura total na região. “Nós temos, por exemplo, em Fernandes Pinheiro, locais que não pega telefone, só a internet. Então, o 192 é por telefone. Então, queremos tentar melhorar tudo isso”, disse.
A diretora do CIMSAMU conta que um dos objetivos é tentar aumentar a informação sobre o serviço. “O acesso para o 192, nós conseguirmos fazer com que as ligações sejam mais ágeis nesse sentido. A ideia é que possamos aproximar mais, fortalecer o serviço e somar. E talvez realizar alguns projetos com as escolas, com instituições, para capacitar mais pessoas”, conta.
Quando ainda era secretária em Fernandes Pinheiro, a diretora explica que chegou a realizar esse tipo de capacitação. “Em particular, Fernandes Pinheiro, nós realizamos uma audiência pública e pudemos demonstrar para a população quando chamar e o formato correto, para onde ligar nas situações. A importância de nós capacitar a população e orientar, quando liga, para quem liga para fazer esse acionamento”, explica.
O financiamento para que o SAMU funcione na região é feito com recursos do Governo Federal, Estadual e dos municípios “Os municípios custeiam esse consórcio. Ele tem um custeio que ele é tripartite. Tem um recurso que vem da União Federal, um recurso que vem do Estado e o recurso que os municípios pagam per capita. Esse recurso é empregado e investido para que a população tenha esse serviço de urgência e emergência e para também dar um suporte para os serviços de saúde. Porque esse serviço não é exclusivamente só do usuário, mas os serviços de saúde que estão em atendimento podem solicitar o suporte e, assim, fazendo o atendimento pré-hospitalar, fazer os encaminhamentos necessários”, conta.
Cada município paga um valor de acordo com sua população. “Existe uma diferença entre a 4ª Região e as demais regiões por conta dos incentivos. Vem um recurso que é por ambulância que ela é habilitada e as qualificadas. Tem uma diferença um pouquinho. Hoje, nós estávamos pagando R$ 2,21, enquanto Ponta Grossa era R$ 2,89. Agora vai ter essa alteração do contrato novamente e uma revisão dos valores. Cada vez que existe uma ambulância que está em operação, que ela é qualificada ou habilitada, o custeio dele é rateado. Então, diminui o valor também”, explica Emanuelle.
Serviços em Fernandes Pinheiro
Emanuelle de Matos ficou na Secretaria de Saúde de Fernandes Pinheiro durante seis anos. Durante esse tempo, auxiliou a levar um serviço de saúde de 24 horas para o município. “Nós conseguimos implantar o serviço 24 horas, que era um desejo de muitos anos e que até então não tinha sido implantado. E conseguimos também ter um reconhecimento a nível nacional do serviço de saúde e da atenção básica ficando em quarto lugar do estado do Paraná nos indicadores do Previne Brasil”, conta.
A instalação do serviço ajudou a desafogar o atendimento de emergência da Santa Casa de Irati. “Nós tínhamos um contrato com a Santa Casa de compra de serviço após o horário de atendimento, mas sabemos que também a Santa Casa, em muitos momentos, não conseguia atender a demanda, por alguma dificuldade, não poderia estar nos atendendo ou dando a sequência nos encaminhamentos do município. E, na finalização do contrato, identificamos há algum tempo que precisava fazer a instalação do serviço e iniciamos”, disse.
A ex-secretária conta que há dificuldade de implantar o serviço 24 horas no interior. “Nós tivemos algumas dificuldades com a saída de profissionais efetivos do concurso e não conseguimos contratar profissionais para a ida até o interior. Isso é um fator que dificultou bastante, mas a unidade de saúde do Angaí, que é onde temos a obrigatoriedade de manter o serviço das 8 às 17 horas, era mantido, tanto com médico, enfermagem, e nos postos de apoio era feito o trabalho rotativo, tanto do médico, quanto da enfermagem, odontologia. Nós mantínhamos os ACS [Agente Comunitário de Saúde] lá para dar o suporte, mas não tinha o atendimento diário pela equipe de enfermagem”, conta.
Uma unidade mista de saúde será construída em Fernandes Pinheiro. Emanuelle conta qual será a estrutura da unidade. “Ela é uma unidade de saúde mista porque ela tem tanto o pronto atendimento quanto instalações de unidade básica de saúde. É como se fosse um prédio. Ele é mais ou menos 600 metros quadrados, então uma obra grande. Claro que só para o pronto atendimento é uma obra que não teria necessidade, mas a parte dela tem salas de atendimento que pode ser para atenção básica ou especializada direcionada para atenção básica”, explica.
A obra ainda está em fase de licitação. “Nós estamos na fase de licitação, houveram vários processos, mas tivemos muitos pedidos de impugnação. Como é uma obra de R$ 3 milhões, então sabemos que as empreiteiras vêm e acabam disputando muito isso. Acabou que ainda não está dada a ordem de serviço”, conta.