Depois de deixar a prefeitura, Cleonice será diretora do CIS/Amcespar e vai comandar o recém-criado Sindicato Rural do município neste ano/Texto de Edilson Kernicki, com entrevista realizada por Rodrigo Zub e Anderson Harmuch
Ao fim do período de oito anos de gestão, em dois mandatos consecutivos na prefeitura de Fernandes Pinheiro, a empresária Cleonice Schuck (PSD) fez um balanço positivo das ações realizadas e projetos que devem ter prosseguimento no mandato do prefeito Oziel Neiverth, que teve seu apoio no período eleitoral.
Cleonice foi a primeira mulher a comandar o município. A partir de 2025, ela passa a comandar o recém-criado Sindicato Rural de Fernandes Pinheiro. Além disso, ela deixa a Presidência do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS/Amcespar) e assume como diretora técnica e administrativa da entidade, que terá o prefeito eleito de Imbituva, Bertoldo Rover (PSD), presidente, e o de Irati, Emiliano Gomes (PSD) como vice.
A possibilidade de que o Aeródromo Regional saia do papel, a partir de 2025, com a liberação de recursos do Governo Estadual, deve concretizar um legado pelo qual a prefeita se dedicou nos últimos anos. Mesmo que a Câmara de Fernandes Pinheiro tenha rejeitado a proposta, a prefeita Cleonice não desistiu do projeto e passou a representar o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Regional (Conder), a fim de obter recursos para cumprir o cronograma acordado. O Conder recebeu em doação da família Kasprzak 12 alqueires da Fazenda Xanadú, em Fernandes Pinheiro, próximo ao limite com o município de Irati, para a construção. Uma cláusula do termo de doação previa o prazo de um ano e meio para a obra ser concluída ou o terreno deveria ser revertido à família Kasprzak.
O projeto está no sistema E-Protocolo, do Governo do Estado. “O governador [Ratinho Junior], há uns 15 dias, deu o ‘ok’ para o deputado [federal licenciado e secretário de Estado de Infraestrutura e Logística] Sandro Alex para que se apresente esse projeto de modo oficial, com orçamento atualizado. Tínhamos fechado o orçamento, no ano passado, em R$ 38 milhões, mas tiveram vários reajustes e alguns detalhes da forma de apresentar esse orçamento mudou na legislação do Estado. Então, vamos reapresentá-lo no início de janeiro. Mas já temos o ‘ok’ do governador, com bastante apoio dos deputados que representam a região e, principalmente, enfatizar aqui a dedicação e o trabalho do deputado [e secretário] Sandro Alex (PSD) nesta conquista para nossa região; o apoio do deputado [estadual] Alexandre Curi (PSD) [presidente da ALEP a partir de 2025], que é nosso parceiro, sempre nos incentivando e nos dando apoio para que isso aconteça, porque é uma obra muito importante para toda nossa região”, diz.
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Cleonice estima que a construção do Aeródromo Regional seja iniciada ainda em 2025, o que ela considera um importante marco para toda a região abrangida pela Amcespar. Ela e o presidente da Amcespar e do Conder, Jorge Derbli, que encerra o mandato na entidade no dia 15 de janeiro, estiveram recentemente em Ponta Grossa, numa reunião com o secretário Sandro Alex, e todos os prefeitos da região vivem a expectativa do anúncio do início das obras. “Acredito que seja o pontapé para o desenvolvimento da nossa região. Muitas empresas que querem vir para a região, se instalar, infelizmente batem sempre na questão do aeroporto. Como não tem, vão para outro local”, afirma.
O prazo para conclusão do projeto, que era um entrave citado pelos vereadores de Fernandes Pinheiro para aceitar a doação do terreno, foi prorrogado por mais dois anos. Conforme Cleonice, o Aeródromo Regional terá capacidade similar ao Aeroporto Sant’Ana, em Ponta Grossa, que hoje opera voos da Azul, com aeronaves do modelo ATR 72-600, turboélice com 70 assentos, ideal para rotas regionais, além de aeronaves menores, como as que fazem transporte aeromédico.
Todo o investimento, de R$ 38 milhões, será de responsabilidade do Governo do Estado. A contrapartida dos municípios do Conder era o projeto, que custou em torno de R$ 600 mil, divididos entre Irati e Fernandes Pinheiro, pois a obra ficará no limite entre os dois municípios, com uma participação menor das demais Prefeituras. “Como Irati é um município-polo e Fernandes Pinheiro terá a obra – e o retorno para Fernandes Pinheiro será grande, já no ISS (Imposto Sobre Serviços) da obra, então, nada mais justo do que arcarmos com um volume maior desse projeto, que já foi pago”, explicou Cleonice. Agora o próximo passo é a liberação do recurso, de fato, pelo Estado, para que o Conder lance o edital de licitação da obra. O Conder, destaca Cleonice, abrange os dez municípios da Amcespar, mais o município de São Mateus do Sul.
Infraestrutura e logística: Cleonice afirmou que ficou satisfeita em concluir a gestão marcada por importantes obras de infraestrutura e logística, com a pavimentação de vias no município, por exemplo. “É uma satisfação finalizar esses oito anos, deixando esse legado forte de um trabalho feito com dedicação, com bastante honestidade e valorização do recurso público. Com isso, conseguimos grandes conquistas”, avalia.
Entre essas conquistas, está a construção de uma sede própria para a APAE, com investimentos de mais de R$ 2 milhões; a Capela Mortuária no Angaí; a execução do programa Asfalto Novo, Vida Nova, da Secretaria de Estado das Cidades (SECID), já em sua primeira fase, que contemplou municípios de até 7 mil habitantes, com asfalto e iluminação pública em LED em toda a malha urbana e no Angaí, com cerca de 98% das ruas pavimentadas. Nos dois primeiros anos do primeiro mandato, entre 2017 e 2018, foram executados quatro quilômetros de asfalto na ligação da sede com o Angaí. Em seguida, mais um trecho de 1,2km, para o acesso até a nova escola, também finalizada durante a gestão da prefeita, em 2019. Agora, estão sendo executadas as ruas paralelas.
Para a comunidade do Angaí, já foi licitado o recape asfáltico da Avenida Juscelino Kubitscheck (JK), via por onde trafegam caminhões pesados e que já sofria algum desgaste, apesar do esforço da administração municipal em manter o trecho com uma pintura de piche, o que serviu para estender sua durabilidade por um período. O dinheiro já está no caixa da Prefeitura e a nova gestão deve executar essa obra. Também para o Angaí, a gestão de Cleonice já deixou encaminhado um projeto para que seja construído um playground e um campo de futebol com grama sintética, atrás da Escola Municipal Professora Genny Schumanski Kuller, no valor de R$ 689 mil, com recursos do Governo do Estado e contrapartida do município – cerca de R$ 670 mil do Estado, a fundo perdido, sem necessidade de devolução da obra. A escola também está recebendo obras de um novo refeitório.
Já está licitada a segunda etapa do asfalto que liga a sede à comunidade de Assungui. Os primeiros quatro quilômetros já estão prontos e, em janeiro, devem se iniciar as obras de três quilômetros, a partir da BR-277. Nessa comunidade, já tinham sido feitos quatro quilômetros de asfalto até a Ponte do Amaral, que deve ser alargada logo que o município obtenha liberação do Instituto Água e Terra (IAT). Os três quilômetros restantes, entre o acesso à BR-277 e o acesso à Ponte do Amaral, serão executados depois, e o projeto já consta no E-Protocolo, sistema online de protocolamento de projetos do Governo do Estado, desde 2019. “Já está autorizado pelo Governo do Estado, somente [falta] a tramitação, quando estiver terminando esses três [quilômetros], ele libera os outros três, para finalizar o trecho, porque é um volume grande de recurso, que não tem por que ficar parado. Conforme avança a obra, é feita a liberação da outra etapa”, justifica.
Outras comunidades, como Bituva das Campinas e Bituva dos Lúcios, receberam pavimentação poliédrica (calçamento). Na Bituva dos Lúcios, a empresa licitada abandonou a obra no segundo trecho e demandou uma ação judicial para dar continuidade a essa etapa, que deverá ser novamente licitada antes de ser recomeçada.
Quanto às demais estradas rurais, Cleonice aponta que sua administração tinha conseguido deixá-las numa “situação confortável”, mas reitera que a intensidade das chuvas nos últimos meses contribuiu para danificá-las em alguns trechos. A deterioração das estradas rurais também é ocasionada pela sedimentação causada pelo revolvimento de terra no trabalho das lavouras, pondera Cleonice, o que preenche as canaletas feitas para a drenagem, fazendo com que a água escorra pela estrada, abrindo valetas. Uma motoniveladora (patrola) permanece fazendo a recuperação dos pontos mais críticos. “Mas, de uma forma geral, não temos atoladores, que é o mais importante”, frisa.
Foram sete detonações nas cascalheiras do município, ao longo dos oito anos de mandato, para dar conta da manutenção das estradas rurais não pavimentadas e a reabertura de algumas delas. Nos últimos 18 meses, todos os sábados são dedicados à realização de obras de manutenção viária.
Saúde: O posto de saúde do Angaí recebeu uma ampliação, com consultório odontológico, sala de fisioterapia e uma sala de atendimento psicológico. Além disso, a unidade de saúde passou a contar com uma farmacêutica, que faz a liberação de medicamentos que demandam receita médica para os moradores do interior. Também há uma ambulância, que fica à disposição na unidade. Em atendimento a uma das propostas de campanha, o local também passou a contar com uma ginecologista, para que as mulheres se sintam mais acolhidas e tranquilas para consultas e exames, de modo que a equipe seja toda feminina. Outra demanda atendida, na área da Saúde, é a presença de um pediatra. “Para nós, é um orgulho podermos ter evoluído tanto também na área da Saúde e, hoje, praticamente, não termos filas, somente o que dependemos de clínicas de fora ou de vagas em hospitais. A adesão ao SAMU também: Fernandes Pinheiro foi o primeiro município [da região] a aderir ao SAMU e todo esse atendimento veio para melhorar e facilitar a vida do cidadão, principalmente de quem mora no interior. Temos tido resultados muito positivos”, avalia.
A adesão ao Planifica SUS, do Governo Federal, também permite agendamentos de consultas e exames para casos eletivos. Cleonice ressalta que urgências e emergências são atendidas já na chegada do paciente à unidade de saúde.
Também já foi licitada – e está em fase de recursos – a construção da Unidade Mista de Saúde, a partir de verbas disponibilizadas pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde (SESA). Essa nova unidade ficará atrás da sede da Prefeitura e vai oferecer uma estrutura maior para o atendimento 24 horas, que já opera no município desde agosto de 2024.
Segundo Cleonice, a Secretaria Municipal de Saúde está “totalmente organizada” e hoje possui equipamentos e condições capazes de prestar atendimento a casos de emergência e de deixar pacientes em observação, até mesmo tarde da noite ou na madrugada, com o atendimento 24 horas. “Era uma meta e, desde agosto, conseguimos implantar o [atendimento] 24 horas, com médico e enfermeiro. O atendimento, pelo fluxo ser menor, é mais rápido, mais personalizado, porque a Santa Casa [de Irati] é urgência e emergência. Então, se você for lá com um atendimento eletivo e chegar alguém acidentado, por exemplo, ele terá a preferência, você vai ter que aguardar. No nosso posto de saúde, normalmente, é bem menor o fluxo, então você chega e já é atendido”, compara. Caso haja necessidade, o município de Fernandes Pinheiro consegue encaminhar o paciente através da Central de Leitos, sem depender da Santa Casa como essa “porta de entrada”, o que assegura independência, agilidade e qualidade no atendimento para esse setor.
A Unidade Mista deve contar, também, com uma sala de Raio-X e tem a perspectiva de, futuramente, poder abrigar até mesmo um tomógrafo, com a finalidade de evitar a necessidade de deslocar pacientes até Irati para a realização desses exames antes de poderem ser atendidos.