Folha de Irati celebra 50 anos com palestra de Leandro Karnal

Palestra acontece na segunda-feira (24). Já na terça-feira (25) haverá entrega de Moção de Aplausos…

22 de abril de 2023 às 13h39m

Palestra acontece na segunda-feira (24). Já na terça-feira (25) haverá entrega de Moção de Aplausos na Câmara Municipal/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub

Em entrevista à Najuá, o ex-sócio-proprietário e ex-funcionário, Arnaldo Novelo Maciel, e o atual diretor do jornal, Nilton Pabis, relembraram reportagens e histórias que marcaram a história da Folha e como o avanço da tecnologia transformou a produção das matérias. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

O jornal Folha de Irati celebra seu cinquentenário com uma programação especial que inclui uma palestra com o historiador Leandro Karnal na segunda-feira (24). O evento acontece no Espaço Santo Fole, às 19h.

A palestra trará uma reflexão sobre a vida. “O Leandro Karnal traz um raciocínio prático e crítico justamente que é sensibilizar as pessoas para a vida que deve ser vivida e não para vida que é vivida, porque muitas vezes a pessoa está levando uma vida estressada, dando valores para outras coisas e acaba deixando algumas coisas de lado”, afirma o diretor do jornal, Nilton Pabis.

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As comemorações iniciaram na sexta-feira (21), dia do aniversário do jornal, com uma missa em ação de graças na Colina Nossa Senhora das Graças e seguem na terça (25) com a entrega de uma Moção de Aplausos na Câmara de Irati, às 18h.

Em entrevista à Najuá, o fundador da Folha de Irati, Ravilson Chemin, relembrou como o jornal surgiu. “Eu tive a ideia de fundar a Folha de Irati porque eu estava dando um apoio político ao meu amigo João Mansur, que era deputado da região. Foi deputado várias vezes, chegando até a Governador do Estado. Naquela época, eu senti que faltava um órgão de divulgação para que ele manifestasse os acontecimentos que ele fazia, os fatos e para a população também ficar mais bem informada”, disse.

Ravilson também lembrou que no período de fundação existia apenas um jornal no município. “Tinha, na época, somente um jornal aqui em Irati, chamava-se a Tribuna dos Municípios. A Tribuna dos Municípios era um órgão que divulgava uma parte política de outros candidatos. Fundei a Folha e reuni com meus amigos, escolhi o nome. Fui à Curitiba, adquiri o maquinário todo e instalei a Folha de Irati, que nessa época começou a funcionar”, conta.

O fundador destacou a linha editorial do jornal durante os primeiros anos de existência. “Eu fiquei na Folha de Irati mais de 15 anos. Contratei um redator, o Garcia Redondo, era o redator responsável. Para administrar, o doutor Evaldo Rocha, advogado, meu amigo. Todo esse tempo foi meu sócio na Folha e contribuiu bastante para que a Folha sempre mantivesse o mesmo objetivo. Jamais elogiando com muita coerência e jamais criticando com muita veemência também, mantendo sempre um equilíbrio, jamais tendo recebido qualquer impugnação de qualquer órgão oficial”, disse.

Ravilson Chemin ao lado da esposa Lurdes. Ambos são casados há 70 anos. Foto: Amilton Ferreira

Ravilson comandou o jornal no período de 15 anos. Depois disso, a Folha de Irati passou a ter diversos proprietários nos anos seguintes. “A imprensa é um órgão difícil de se manter financeiramente também. Tem uma maneira de ganhar dinheiro com a imprensa, chama-se a imprensa marrom. Esse não era o meu lado. Por isso, quando ficou muito pesado, depois de 15 anos, eu desisti. Apareceu o Zequinha da Mahara, que se interessou muito pela Folha. Eu acabei vendendo para ele e ele, possivelmente, vendeu para outros”, explica.

Nesta época a esposa de Evaldo, Elsa Knoll Rocha, contribuiu para a continuidade do jornal mantendo a polêmica coluna, “Fofocas da Rosinha”. Elsa contou à Najuá o quanto importante foi esta resistência e parabenizou a atual gestão pela continuidade. “50 anos, eu te vi nascer, foram muitos desafios. Chegou tímida ao mercado editorial praticamente desconhecido e hoje é um dos meios para toda a região. Compartilhamos as mensagens de parabéns. Sucesso à Folha de Irati”.

Mais tarde, um dos sócios que assumiria a Folha de Irati foi Arnaldo Novelo Maciel, que hoje não faz mais parte da equipe de colaboradores. Arnaldo da Folha, como ficou conhecido entre a população iratiense, começou como funcionário no jornal na década de 1980. Ele conta que sua função era montar as páginas do jornal que seriam impressas. “O jornal em si, os títulos eram feitos letrinha por letrinha. Era uma coisa fantástica de você ver. Aquilo ali é artesanal mesmo. Eu fazia parte dali, no tipo. Eu trabalhei vários anos depois com o linotipo”, conta.

Arnaldo ainda relembra a época em que os computadores ainda não faziam parte do cenário das redações que eram inundadas pelo barulho das máquinas de escrever. “Eu digitava as matérias que vinha do pessoal da redação. Naquela época, o pessoal fazia tudo na datilografia e passava para mim a matéria. Eu digitava aquilo ali e saía no jornal. Nós montávamos a página, a manchete, o título, a gravata – que dizemos no vocabulário do jornal, na imprensa escrita – a gravata, olho, legenda”, explica.

Com as fotos, o trabalho de impressão também era manual. Arnaldo ainda tem os negativos que eram usados para fazer a impressão. “Fazia um clichê de madeira e colava em cima a placa de chumbo para poder sair no jornal. Era uma coisa extraordinária”, destaca.

No passado, o jornal era impresso em Irati e diversas pessoas visitavam a sede para conhecer como ele era produzido. Esse tempo também é relembrado por outro ex-sócio-proprietário do jornal, Orlando Agulham Júnior, que administrou a Folha de Irati durante o período de transição tecnológica em meados da década de 1990. “Até esse período de 1994, 1995, todo o jornal era feito por uma linotipo. Era uma máquina enorme, composta de composição, fundição e teclado. Ela fundia cada letrinha para formar os caracteres tipográficos. Quando nós fizemos essa transição, toda a nossa equipe abraçou o projeto. Cito aqui o Arnaldo, o Luís Carlos Ramos, Elizete e todos os outros que participaram desse processo de transição do nosso jornal”, conta.

Inicialmente, o jornal era impresso em preto e branco. Com o tempo, passou a ser impresso colorido. Outra mudança foram as páginas, saindo de oito no início e passando para 12.

Arnaldo ainda relembrou que durante seu período na Folha de Irati uma coluna com fotos do dia a dia do município fez bastante sucesso. Uma das fotos surpreendentes aconteceu por acaso com o coletor de materiais recicláveis, Rui Pacheco, personagem folclórico da cidade. “Eu tirei uma foto que a Munhoz da Rocha parou, que foi do Rui Pacheco. Está lá nos arquivos do jornal. O Rui Pacheco orientando o trânsito. Tinha acontecido alguma coisa lá, mas quem que estava lá? O Rui Pacheco mandando para aqui, para lá, vem você. Uma cena que eu disse eu fui iluminado de tirar aquela foto”, disse.

O sucesso da coluna foi tão grande que pedidos começaram a aparecer. “Essa coluna pegou tanto que tinha pessoas que me passavam a mensagem, ou ligava no jornal, dizia assim para mim: ‘Arnaldo, a minha filha vai estar na Munhoz’, ‘A minha filha vai estar na rua 15’. Para que pegasse no flagra. Era uma coisa legal para caramba”, conta.

Arnaldo ainda lembra dos tempos em que a informação local era obtida apenas pelo jornal impresso ou pela rádio. Ele conta que as pessoas se reuniam nas bancas para poder acompanhar as últimas notícias no jornal. “Uma pessoa lendo a Folha de Irati, eu ficava: ‘Pô, olha o cara vindo lá’. De repente, vinha dois, três. Ficavam tudo empilhado, lendo. ‘Pô, mas tinha que todo mundo pegar um jornal’. Eles ficavam agrupados lendo a Folha de Irati. Isso para nós que fazemos um trabalho desse, fica marcado”, disse.

A história da Folha de Irati também é marcante para o atual diretor do jornal, Nilton Pabis. Desde criança, o jornal esteve presente na sua vida, seja como um passatempo no hospital enquanto se recuperava de uma cirurgia ou nos trabalhos de escola.

Inicialmente, Nilton começou a trabalhar em campanhas eleitorais junto com Orlando. Foi após esse trabalho que veio o convite para que Nilton atuasse no jornal. “Eu fazia semanalmente uma visita nas prefeituras nos municípios na região. Fiz esse trabalho até maio. Em maio, pedi um afastamento para fazer uma viagem para o Nordeste, que eu tinha um caminhão, na época, e nós acabamos tombando esse caminhão lá. Depois, eu não voltei para o jornal mais. Mas já tinha uma experiência. Tinha ficado um tempo por ali. Já sabia como funcionava o processo. Quando eu achava uma informação bacana, já trazia pra eles no jornal e eles já aprofundavam a matéria. Eu tinha um lado meio comercial do jornal na região e um pouquinho de redação. Foi começando a aprender alguma coisa de redação”, disse.

Por volta de 2001, o antigo gerente do jornal teve que sair por problemas de saúde e Orlando convidou Nilton para assumir a direção. “Eu tinha vendido o caminhão na época. A oportunidade deu certo e eu acabei entrando no jornal. Como eu me dava muito bem com o Arnaldo, me dava muito bem com a Elizete [Bacil], com o Bola [Luiz Carlos Ramos], que estava lá na época, a galera ali, então foi uma coisa que já tínhamos amizade, já conversávamos. Então, aceitei o desafio”, conta.

Aos poucos, Orlando também foi vendendo partes do jornal. A primeira parte foi comprada por Nilton. Elizete Bacil e Arnaldo Maciel também se juntaram à Nilton e compraram a parte restante do jornal. “Foi aos poucos acontecendo e quando vimos estávamos envolvidos no jornal. Vou falar para vocês que é uma coisa apaixonante. Você entra com uma visão e isso se embrenha no DNA de nós e você não consegue tirar mais”, disse.

Em 2023, a Folha de Irati retomou uma personagem marcante nas décadas de 70 e 80. A personagem Rosinha aparecia para trazer os bastidores da política e da sociedade. A atual redação, formada por mulheres, decidiu trazer novamente a personagem histórica. “Elas [funcionárias] fizeram a sugestão de retomar a personagem da Rosinha na coluna política. Mais ou menos com esse perfil: uma Rosinha extremamente fofoqueira, uma Rosinha que escuta atrás da porta, mas que traz essa informação de bastidor da política”, conta Nilton.

O diretor destaca que o jornal mantém sua missão de informar e aponta a importância do veículo na sociedade. “É estar sempre presente em todas as situações e, no máximo, que você pode cobrir, acompanhar, é uma forma que você amplia a democracia na sociedade. O jornal, a rádio tem que ser a porta da sociedade e tem que ser o espaço onde que a sociedade possa reivindicar aquilo que é uma mensagem que chega mais rápido aos governantes”, disse.

Neste cinquentenário, o diretor ainda resgata a importância do jornal para os governos. “Esse papel da imprensa, o papel do jornal e que se constrói nesses 50 anos, ele ajuda o governante a ter um papel maior, um desempenho maior na sua administração e acho que é um papel muito fundamental”, conta.

O diretor também destaca que o jornal passou por reformulações para se adequar à realidade tecnológica, mas que ainda segue com sua tradição. “Com essa parte do site, com a parte das redes sociais, com as ferramentas que temos de vídeo, nós continuamos fazendo impresso. Temos orgulho de ser o jornal com maior tiragem na região, com o jornal com maior abrangência, com maior cobertura e, por outro lado, crescendo no mundo digital”, destaca.

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