Vereador nega ter recebido dinheiro para levar pacientes à Tailândia

Emiliano Gomes desmente afirmação do jornal Folha de São Paulo de que entidade criada por…

01 de abril de 2016 às 11h17m

Emiliano Gomes desmente afirmação do jornal Folha de São Paulo de que entidade criada por ele teria recebido comissão

Jussara Harmuch

Vereador de Irati pelo Partido Verde (PV), Emiliano Gomes, negou que a Fundação Fênix, entidade dirigida por ele, tenha recebido comissão para levar pacientes brasileiros à Tailândia para fazer tratamento com células-tronco no hospital Better Being.

Em reportagem publicada no dia 20 de março, o jornal Folha de São Paulo apurou que, “apesar de se apresentar como filantrópica, a entidade vem recebendo comissão de 3 a 10 % (de R$ 3 mil a R$ 10 mil) a cada paciente que encaminha”.

De acordo com Emiliano houve um grande mal-entendido, pois a parceria com o hospital foi sempre de suporte pagando as despesas com voluntários e descontos de 10 a 15% para os pacientes que retornam. Ele atribui este tipo de reportagem ao capitalismo da medicina e ao lobby da indústria farmacêutica que “tem medo de que o tratamento seja legalizado no Brasil e isso caia no mercado negro”. O vereador alega que a Fênix não tem conta bancária, não recebe doações e é custeada por ele próprio.

A entidade não realiza exame físico no Brasil, para ser aceito, o paciente precisa preencher um formulário médico online e fornecer os exames recentes. “Nosso papel é traduzir estes documentos e encaminhar para o corpo clínico da Tailândia. A partir daí saberemos se o paciente está apto ou não para o tratamento. Há casos com graves dificuldades respiratórios ou de locomoção, ou casos terminais que o hospital rejeita. Mas a responsabilidade de sair do Brasil para fazer este tratamento é totalmente da família”, diz.

Com o aumento da demanda, Emiliano já pensa em profissionalizar o serviço abrindo uma empresa, a Conexão Saúde, com representantes em vários estados no Brasil. A ideia é empregar mães com filhos que já passaram por isso para compreender melhor a iniciativa. Seria também uma forma destas famílias darem continuidade ao tratamento, com o aumento na renda, uma vez que, não raro, o hospital prescreve várias sessões. “As pessoas precisam de um tratamento melhor. Eu vou continuar fazendo este trabalho, vai ser a minha maior bandeira”, finaliza.
Fundação Fênix

A Fundação Fênix foi criada há três anos depois que Emiliano se ofereceu para ajudar um menino de Irati portador da Distrofia Muscular de Duchenne cuja família movimentou a sociedade com diversas campanhas para arrecadar fundos com o objetivo de levá-lo para fazer o tratamento na Tailândia. Ele acompanhou esta família como intérprete durante a viagem e auxiliou no deslocamento, custeando suas próprias despesas. Depois, muitos outros vieram à procura e agora a entidade organiza expedições que reúnem grupos. Ao todo, 30 pacientes já foram encaminhados.

Algumas pessoas têm obtido êxito na justiça para que União custeie este tipo de tratamento sem aval do Ministério da Saúde. A Beike Biotech é uma empresa chinesa que fornece as células para o hospital da Tailândia. Por R$ 95 mil o paciente recebe seis aplicações e passa 25 dias no hospital fazendo fisioterapia.

Em meio à divulgação desta possibilidade, pessoas de outras cidades entraram em contato com a Rádio Najuá para obter informações complementares. Em 2014, a emissora procurou a médica Viviane Zétola, presidente da Sociedade Paranaense de Ciência Neurológica, para saber mais a respeito deste assunto e porque não existe tratamento no Brasil.
“Existem algumas doenças que podem ser tratadas como as hematológicas, o linfoma e a leucemia. A distrofia muscular é uma doença geneticamente determinada, e hoje não há um perfil de tratamento que possa revertê-la. A paralisia cerebral, na maioria das vezes, é consequência de uma lesão causada no momento do nascimento da criança e as células-tronco não têm nenhuma eficácia no atendimento desses pacientes”, disse.

A representante da Sociedade de Neurologia do Paraná alertou para o risco que correm quem se submete a este tipo de tratamento. “Os pacientes acometidos por síndromes paralisantes são dependentes da realização de fisioterapia e de outras terapias de reabilitação (robótica e de contenção) que melhoram o desempenho motor e cognitivo, com resultados superiores do que se fossem tratadas com células-tronco”, afirmou a médica.

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