André Possebom foi reeleito para mais um mandato na Câmara. Na primeira legislatura, ele foi presidente da Câmara e prefeito interino/Texto de Karin Franco, com entrevista realizada por Rodrigo Zub e Juarez Oliveira
André Possebom (MDB) foi o vereador mais votado entre os nove eleitos em Guamiranga. Ele foi reeleito com 401 votos. André já foi presidente da Câmara em 2021 e exerceu o cargo de prefeito interino por quatro meses.
Morador do distrito de Água Branca, André disse que as votações obtidas nas duas eleições que participou o surpreenderam. “Foi até surpreendente, porque eu, que não venho de família política, é um pouco mais difícil. Porque sempre a política vai passando de geração em geração. É para quem tem dinheiro. Nós, não. Nós fomos trabalhando na comunidade, fazendo amizade. E um dia, cheguei a me candidatar. E, graças a Deus, já fui eleito com votos em todas as urnas do município, o que me surpreendeu. E, novamente, agora, fui surpreendido que eu dobrei a votação em todas as urnas do município”, conta.
Sua trajetória na política começou desde a infância. “Eu sempre fui envolvido na política desde pequeno. Eu gostava de acompanhar, torcer para um lado e para outro. E vamos pensando no que podemos fazer, vendo algumas injustiças que acontecem. E, um dia, eu coloquei na minha cabeça que eu queria ser candidato, que eu queria ajudar a população. Porque eu sempre ajudei, de forma indireta, na comunidade, os vizinhos. Eu me sinto bem quando eu consigo ajudar uma pessoa. É isso que a política tem que ter. Pessoas boas, pessoas que sejam envolvidas nas comunidades, que pensem no bem-estar da população”, explica.
André foi eleito vereador pela primeira vez em 2020 e já no seu primeiro mandato enfrentou desafios. O vereador foi eleito para ser presidente da Câmara e assumiu o comando do município provisoriamente após a morte do prefeito eleito Marcos Chiaradia, em 2021, que faleceu por complicações da Covid-19. “É uma mudança na minha vida, foi muito grande. Porque eu que saí da agricultura, não tinha conhecimento nenhum. Eu consegui me eleger vereador e fui para a presidência da Câmara. Conseguimos ganhar a eleição. Naquela época, aconteceu que o atual prefeito, que tinha ganhado as eleições, ele estava com um problema na Justiça. Ele ficou quatro meses e conseguiu reverter. Depois de 17 dias, acabou falecendo, o que foi uma tragédia para o município. Então, nós entramos ali e eu fui correr atrás. Atrás de cursos, já começando o andamento do trabalho, porque eu acho que uma coisa é você ter vontade de fazer as coisas. Às vezes, não tem nada melhor do que você ir fazendo as coisas para você obter experiência. E foi o que fizemos. Fui atrás de curso, conversando, dialogando com todo mundo”, disse.
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O vereador conta que fez cursos de gestão política, licitações e oratória. “Hoje eu me sinto muito mais preparado. Desde conversar com a população. Quando eu entrei na prefeitura, falava em título. Eu nem sabia o que era título. Eu falava: ‘Meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?’. Aí fomos procurando saber o que era. Fui fazendo cursos. Fiz muitos cursos. Até num momento, eu fui criticado, uma época, por fazer curso. Mas eu acho que se não buscarmos o conhecimento, não tem como”, conta.
O vereador destacou algumas ações realizadas quando foi prefeito interino. “Eu sempre fui um cara muito aberto e muito do diálogo. Nós fomos conversando na Secretaria de Saúde, conseguimos no começo 200 mil pré-exames que estavam parados no município, que eu acho que a saúde em todo lugar tem os seus problemas e fomos dando andamento”, explica.
A breve experiência no Executivo fez com que sua volta para a Câmara Municipal fosse diferente. “Quando eu voltei para a Câmara, nós demos uma forma de política diferente. Porque antes de eu entrar na Câmara, era [somente as sessões] nas segundas-feiras, uma hora, todo mundo ia embora. Eu não. Eu cumpro 20 horas semanais na Câmara. Eu fiz uma política de aproximação com a população, ouvindo a população, usando muito as redes sociais. Eu gosto muito de estar aqui conversando na rádio, porque hoje a mídia é o que gera. A minha campanha foi feita nas mídias, eu fui eleito na primeira, na segunda, através também das redes sociais, do jeito passamos a política para as pessoas. E se estamos na política, nós temos que ouvir a população, nós temos que conversar, se aproximar e estar no meio do povo”, explica.
André conseguiu obter recursos de emendas parlamentares de aproximadamente R$ 6 milhões para o município de Guamiranga. Um dos principais parlamentares que auxiliaram foi o deputado federal Aliel Machado (PV). “Nós fizemos uma amizade muito boa. Eu falo para o Aliel Machado, que nós viramos amigos. É um cara que se importa muito comigo em Guamiranga. Desde agora, ele em campanha, em Ponta Grossa. E eu ali, ele me ligava. ‘Ô, André, como que estão as coisas? Posso ajudar em alguma coisa?’. E nós fomos construindo isso. Nós fomos levando as demandas que nós precisávamos. A última foi uma patrola para o município. Uma patrola de R$ 1 milhão. E R$ 1 milhão também, nós conseguimos para a exames. Foram essas duas maiores. Dentre outras que foram muito importantes também. Como van, ambulância, calcário para os agricultores. E também tivemos o apoio do estadual que é o Anibelli Neto, que é o presidente do MDB, que é o nosso partido. E também contribuiu das suas formas”, conta.
Durante a campanha, o vereador recebeu algumas demandas. Uma delas é sobre a saúde. O vereador conta que é uma área que sempre demanda investimentos e que deve buscar auxiliar nesse quesito. “Eu sou da oposição, mas eu torço que o município vá bem. Como eu sempre falei. Eu sou um cara que ajudou com recursos na saúde, mas eu cobro também. Eu não sou um cara que não vai ajudar com nada e vai estar cobrando pra prejudicar o município. Nós queremos que o município vá bem. E que as pessoas sejam bem tratadas”, disse.
Outra demanda foi em relação aos animais de rua. André destacou que o município pode receber um castramóvel. “Guamiranga está muito complicado. Isso vem aumentando e vem causando acidentes. Lá, é um grupo de amigos que se reuniu. Estão gastando muito dinheiro e não estão conseguindo suprir. Nós estamos atrás. Estou conversando com a Anibelli Neto para conseguir um castramóvel, que era uma coisa importante que eles pediram lá. Mas também precisamos do diálogo, de reunir o prefeito. Ele também precisa se interessar. Porque, às vezes, foge um pouco da alçada do vereador. O pessoal vem e nos cobra. Mas também temos que cobrar o prefeito, o Executivo, para fazer as coisas acontecerem. Isso é um projeto muito importante para o município. Se nós não tomarmos conta agora, daqui quatro anos, como que vai estar aquela cidade?”, conta.
Na agricultura, o vereador explica que os pequenos agricultores receberam um caminhão refrigerado. André destaca que há necessidade de utilizar drones na agricultura. “Porque hoje o manuseio é através de drone. Se conseguíssemos uns quatro para comunidade maior, para fazer um teste, um técnico pela prefeitura. Eu acho que ia ser um atrativo maior para as associações voltarem. Porque tem muitas pessoas saindo. Hoje é mais fácil você pagar ali. Até eu já usei esse ano para fazer a manutenção com drones. É uma tecnologia que pode se implantar. Não sei se vai dar certo. Eu acredito que sim. Tendo um técnico, tendo o suporte todo ali. E, de resto, como já estamos ajudando, com o calcário. Nós conseguimos 200 mil, que foi nesse mandato, dividido entre as associações. E também conseguimos a patrola para fazer as estradas para melhorar no escoamento da safra”, explica.
O vereador tem 27 anos e tem atraído o voto de jovens. Entre as pautas que tem defendido é o auxílio-transporte para os universitários que fazem faculdade em outras cidades. “Ano passado estava muito caro. Foi muita cobrança em cima do prefeito para que consigam ônibus para fazer o transporte de Guamiranga até Guarapuava. Nós mandamos alunos para Guarapuava. Dois ônibus. Nós mandamos para Prudentópolis. Também mandamos para Ponta Grossa. Os jovens falam que precisam de um transporte porque se conseguir o transporte, vai sobrar um dinheiro para eles pagarem mais a faculdade. Tem apostila. Tem muita dificuldade que eles relatam para nós. Teve pais que foram na Câmara e até hoje eles falam”, disse.
De acordo com André, o valor do transporte de cada aluno é de R$ 800 por mês, sendo que o estudante paga R$ 400 e o restante é subsidiado pela prefeitura de Guamiranga. “Nós fazemos licitação todo ano de R$ 800 mil. Por que não compra um ônibus? Porque sempre vai ter alunos. Sempre vai ter. Isso nunca vai parar. Tem que fazer um planejamento. Nós vamos nos reunir de volta com os alunos. Nós vamos levar essa demanda para o Executivo, para que as coisas aconteçam. E que nós possamos ajudar os jovens. Na nossa cidade está saindo muito jovem”, explica.
O vereador ainda conta que durante o seu primeiro mandato conseguiu aprovar o projeto “Empresa Amiga da Juventude”, que auxilia a proporcionar o primeiro emprego ao jovem. “Ainda nós não estamos em crescimento, que eu acho que nós, como Guamiranga, temos um potencial incrível porque uma BR passa no meio. Os gestores e nós podemos ajudar que venham empresas que empreguem jovem, que empreguem mulher, para que o nosso município cresça. E que os jovens fiquem em Guamiranga porque o nosso censo de 9.700 [habitantes] baixou para 8.700. Isso mostra que estão saindo do nosso município. Não é isso que queremos. Nós queremos que o nosso município cresça, passe de 10 mil habitantes, que aumenta a nossa arrecadação. Aumentando a nossa arrecadação, o município vai crescendo. Vamos ter mais dinheiro em caixa para fazer um asfalto, um recurso próprio para comprar mais coisas e seguir o caminho”, disse.
Outro projeto aprovado foi o “Construindo Sonhos”, onde as sobras de materiais em obras da prefeitura, como telha e areia, sejam doadas para moradores de Guamiranga, por meio da Secretaria de Assistência Social.
Neste novo mandato, André conta que pretende manter um diálogo com o prefeito reeleito, Marcelo Leite (PSD), mas que poderá apresentar críticas construtivas. “Já conversei com ele também. Eu quero trabalhar junto. Ele é um cara que aceita. As emendas parlamentares, ele aceitou todas. Isso é um ponto muito positivo. Divergências de ideia sempre vai ter. Já pensou todos os vereadores a favor do prefeito? Fazer o que queria. Então, não. Não é assim. Tem que ter um cara também para o povo chegar e recorrer. ‘André, fale isso com o prefeito’. Eu acho que é dessa forma. Nós vamos dialogar e vamos fazer o que for preciso para o bem do povo. Nada contra o povo”, conta.
O vereador reeleito ainda destaca que não tem intenção de concorrer ao cargo de presidente da Câmara. “De primeiro ano, eu não tenho vontade. Já deixei aberto entre os vereadores”, disse.
Cerca de 67% do Legislativo de Guamiranga foi renovado nas eleições deste ano. Das nove vagas na Câmara, seis serão ocupadas por novos vereadores: Adilson Stadler (UNIÃO), Thiago Mizel (PMDB), Jeferson Kordiak (PRD), João do Gino (MDB), Jakinho (PSD) e Josmair Bobato (PSDB).
Além de André, os únicos vereadores que se reelegeram foram Afonso Pontarolo (PSD) e Edina Camargo (PSB). Os atuais vereadores Nilda Scorsin (União) e Ziquinho Iensen (PSD) não conseguiram se reeleger e ficaram como suplentes.
André conta que conversou com os novos vereadores. “Tem os vereadores novatos que estão com muito medo de não poder fazer um mandato bom. De: ‘se não for para o lado do prefeito, eu não vou conseguir fazer as coisas’. Não é assim. Eu acho que quem entra na política, você é eleito pelo povo. Quando você é eleito pelo povo, você deve obrigação para o povo. Você não deve obrigação para o prefeito. Não foi ele que te elegeu. A Câmara é um Poder Legislativo, é diferente. Cada um tem suas esferas. Então, eu acho que o vereador tem que fazer o seu papel, que é fiscalizar, criar projetos. Eu criei cinco projetos dentro da Câmara de Vereadores. Ir atrás de recursos. Aprovar o que é certo, o que é errado, não. Mas não ficar na mão, porque depois você cobra alguma coisa e eles podem te cobrar”, disse.