Parlamentar também questionou valor de R$ 55 por consulta pago aos profissionais médicos pelo município durante participação do secretário João Almeida Júnior na Tribuna Popular da Câmara na última terça-feira, 31/Paulo Sava
O vereador João Henrique Sabag Duarte criticou o atendimento prestado pela equipe da Unidade de Saúde Ildefonso Zanetti, o posto central. O assunto foi abordado durante a participação do secretário de saúde João Almeida Júnior na Tribuna Popular da Câmara na sessão da última terça-feira, 31. Ele explanou sobre as atividades da pasta no Legislativo municipal.
João Henrique também questionou o fato citado pelo secretário de o município pagar apenas R$ 55 por consulta aos médicos especialistas credenciados e não concursados que atendem no local. “Qual médico vai ter comprometimento para fazer uma consulta de R$ 55? Fala para mim, me respondam senhores. Nenhum. Então, aquele ambulatório é uma enganação, não tem funcionalidade nenhuma, aquilo é bater ficha para fazer um volume de consultas e receber um bom salário no final do mês. Aquilo é para tapar o sol com a peneira porque não temos unidades básicas de saúde em todo o município”, frisou.
O vereador acredita que o principal investimento a ser feito na área da saúde deve ser concentrado na atenção básica e na prevenção. Ele também mostrou sua indignação em relação à quantidade de exames solicitados pelo município, que chegou a 39447 até o mês de outubro, quantidade que, na opinião dele, é muito alta. João Henrique também criticou a qualidade do atendimento à saúde básica do município.
“Temos que investir na Unidade Básica, o paciente não tem que ir para o pronto atendimento, não tem que ter tanto exame. Eu vejo pessoas achando bonito e lindo pedir tantos exames. Vergonha senhores! Isto não tem que ser comemorado pelos senhores, tinha que ser vergonha! É vergonhosa a qualidade da saúde básica no nosso município”, lamentou.
A unidade Ildefonso Zanetti passou a ter duas Estratégias Saúde da Família em outubro e uma na unidade Ademar Neves (Saúde da Mulher), próxima ao Estádio Municipal Abrahm Nagib Nejm. Outras três ESFs foram solicitadas junto ao Ministério da Saúde para que a saúde de Irati possa dar atenção plena aos cuidados básicos. Até lá, segundo João Almeida, a população precisa do Ildefonso Zanetti funcionando como ambulatório.
“Enquanto nós não tivermos toda a população de Irati estratificada e colocada em cada unidade que as pessoas saibam qual é a sua, nós precisamos da unidade Ildefonso Zanetti funcionando como ambulatório para que a população que ainda está desassistida tenha um local onde possa encontrar um médico, um atendimento. Se não tivéssemos este ambulatório, esta população ficaria descoberta e sobrecarregaria as unidades que estão redondinhas e funcionam como estratégia”, afirmou.
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Exames – Em relação às solicitações de exames, o secretário contou que apenas um médico teve uma média de 28 exames solicitados por paciente durante um mês. “Tem alguns médicos que não se acham “professores de Deus”, mas têm certeza de que o são. Nós tivemos um profissional que a média de solicitações foi de 28 exames por paciente todo mês. Eu chamei a atenção deste profissional e ele me retrucou que aquilo era um ato médico, que eu não deveria estar cobrando ele porque ele saberia o que estava pedindo para aquele paciente. Eu só quis dar um exemplo de algumas das situações que nós enfrentamos”, frisou.
Contratação de médicos – A Secretaria de Saúde solicitou profissionais do programa Mais Médicos para Irati. São médicos brasileiros que fizeram o curso de medicina no exterior e serão contratados por meio do programa Revalida, que valida o diploma destes profissionais no Brasil. João Almeida contou quantos profissionais serão contratados desta forma.
“Só do Mais Médicos, nós teremos sete (profissionais), contando que teremos 11 unidades, teremos um em cada uma. Em Gonçalves Júnior, temos um médico fixo, outro na linha do Guamirim. Hoje, estamos com todas as unidades com médicos em número suficiente, mas ainda não com qualidade suficiente. Num primeiro momento, tínhamos que quantificar, agora temos que qualificar isto. Não nos faltam profissionais, temos médicos em número suficiente em todos os horários das unidades, mas alguns deles resistem até à capacitação. O mesmo sentimento que o senhor (vereador João Henrique) tem, eu tenho. Nós estamos, ali no Ildefonso, enxugando gelo”, comentou João Almeida.
Falta de pediatras – Outro assunto debatido na sessão de ontem foi a falta de médicos pediatras nas unidades de saúde, colocado em pauta pela vereadora Terezinha Miranda Veres. Ela sugeriu que fossem solicitados profissionais desta área para o Estado, porém, segundo João Almeida, a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) não dispõe de pediatras para disponibilizar aos municípios. “Não tem, no quadro da SESA, um profissional pediatra. Assim como Irati, os outros 398 municípios do Paraná também precisam”, comentou.
João Henrique acredita que não há necessidade da presença de um pediatra em cada unidade de saúde. Para ele, cada médico das Estratégias Saúde da Família deveria estar preparado para atendimentos pediátricos e que o pediatra deveria atender apenas casos mais graves.
“Aquela puericultura (acompanhamento da saúde da criança), a criança sem intercorrências graves, tem que ser manejada na ESF, no bairro dela, e temos que reservar o pediatra para casos complicados. Por isto não dá pediatra, pois vai tudo para ele. Uma gripe é para o pediatra? Não, um médico capacitado na Unidade Básica de Saúde pode tratar uma gripe. Agora, uma criança com pneumonia ou insuficiência respiratória, aí eu concordo que passe pelo pediatra. Eu não concordo com esta avidez por pediatra, porque eu acho que a ESF tem que exercer sua função, assim como tem que fazer o pré-natal de baixo risco, é obrigação deles”, afirmou.