Evento, promovido pelo Diretório Central de Estudantes da universidade, terá discussões sobre cotas raciais, cultura e religiões afro-brasileiras/Paulo Sava
O Diretório Central de Estudantes (DCE) da Unicentro irá promover um evento alusivo ao Dia da Consciência Negra nesta terça-feira, 19, a partir das 09 horas, no Auditório Denise Stoklos do campus Irati da universidade.
Na abertura do evento, denominado “Memória e Consciência Negra”, haverá uma apresentação de samba com Arthur Medeiros. Em seguida, será realizada uma mesa redonda, que discutirá as cotas raciais e de gênero e o desafio da implantação destes sistemas na universidade, com os professores Edson Santos Silva, Davi Silva Gonçalves e Kátia Alexsandra dos Santos. Neste ano, a Unicentro destino 5% das vagas em seus cursos para estudantes negros.
Em entrevista à Najuá, Edson ressaltou que a sociedade precisa repensar as questões dos movimentos sociais negros e das cotas raciais dentro das instituições de ensino. “Temos que repensar estes movimentos, as questões das cotas. Por que aqui na Unicentro somente no ano passado estas cotas vieram à tona?”, questionou.
No período da tarde, será exibido o filme “M8: Quando a morte socorre a vida”. Logo depois, os professores doutores Hilton Costa, Fernanda Ikuta e Michele Cervo farão uma roda de conversa sobre a produção.
À noite, o primeiro tema será a religiosidade e a tradição afro-brasileira, com palestra ministrada pelo pai de santo Paulo Ramos, a partir das 19 horas. Logo depois, o tema a ser discutido tratará sobre o rap, vivências negras e educação antirracista, com o palestrante Rafael Mello, historiador formado pela Unicentro.
Entre as apresentações, haverá almoço com feijoada e também jantar no Restaurante Universitário da Unicentro. Não é necessário fazer inscrição para participar do evento.
A estudante Alice Valverde, integrante da comissão de eventos do DCE Irati, comentou que o evento foi idealizado por conta da falta de discussão das questões raciais na universidade.
“Pensamos inclusive pelo fato de ser o primeiro ano em que a data é nacionalmente um feriado, sendo que aqui no Paraná não era. Pensamos na importância de se discutir estas questões na sociedade em geral, mas também no meio acadêmico, que é um ligar do qual historicamente as pessoas negras foram excluídas. Sentindo a falta de mais discussões sobre o tema e das pessoas integrarem os espaços, pensamos neste evento que vai acontecer o dia todo. Existe uma questão muito grande de cursos somente integrais (manhã e tarde) e outros à noite, que se queixam muito de não ter eventos para eles”, frisou.
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Dia da Consciência Negra – O Dia da Consciência Negra foi instituído em 1971, mas a data somente foi reconhecida em 2011 e oficializada como feriado nacional no ano passado. Para Edson, esta demora na instituição da data simboliza todas as lutas da comunidade negra. “Significa que toda vitória da comunidade negra é de muita luta. Foram 53 anos para termos um feriado nacional”, comentou.
Em alguns estados, como o Rio de Janeiro, o dia 20 de novembro já vinha sendo considerado como feriado. A Unicentro, mesmo tendo poucos alunos e professores negros, adota a data desde 2011, realizando anualmente diversos eventos. Para Edson, a realização do encontro é uma oportunidade para as pessoas conhecerem um pouco mais sobre a comunidade negra e sua história.
“É um momento muito importante para repensarmos uma série de coisas, sempre levando em conta o perigo de uma história única. Eu acho que a oportunidade que teremos amanhã é de falar para as pessoas olharem a história com olhares não colonizados. Vamos tirar algumas vendas dos nossos olhos para podermos, assim, rever e analisar a história”, destacou.