Posse será amanhã, quinta-feira (17), na faculdade Unicesumar, em Ponta Grossa/Karin Franco, com reportagem de Paulo Henrique Sava
Tenente-coronel Renato dos Santos Taborda assumirá definitivamente o 4º Comando Regional da Polícia Militar (CRPM) de Ponta Grossa amanhã, quinta-feira, 17. Foto: Paulo Henrique Sava |
A região que o tenente-coronel irá assumir abrange cerca de 70 municípios que fazem parte de seis unidades criadas em 2010 para ter mais proximidade com a comunidade local. As seis unidades são formadas pela 8ª Companhia Independente da Polícia Militar, em Irati, o 16º Batalhão de Guarapuava, 26º Batalhão em Telêmaco Borba, 27º Batalhão em União da Vitória, 28º Batalhão na cidade da Lapa e a sede do comando no 1º Batalhão de Ponta Grossa.
Um dos serviços destacados pelo tenente-coronel é a Patrulha Rural, que cuida da segurança no interior dos municípios. “Ela desenvolve o contato com as localidades do interior, com as lideranças locais, faz as visitas nas residências, nos sítios, nas fazendas, chácaras e também faz o policiamento preventivo ativo nas vias de acesso, porque, infelizmente, a criminalidade também busca locais que entre aspas seriam vulneráveis. Então, por isso, nós precisamos dar um maior aporte e uma maior segurança para o pessoal do campo. Isso já está sendo feito nos 70 municípios”, explica.
Outro serviço realizado em alguns municípios é a Patrulha Maria da Penha. “Só que é um policiamento mais especializado na mulher vítima da violência. Nós pensamos: as 70 cidades não têm condições de ter policiamento específico da Maria da Penha. Mas, hoje, nós fazemos um patrulhamento em apoio ao policiamento Maria da Penha, onde o policial da cidade, que nós sabemos que as mulheres têm medidas protetivas dada pelo Poder Judiciário, a viatura de serviço 24 horas vai à residência conversa com essas vítimas de violência doméstica e se coloca à disposição para qualquer situação que o autor, tem aquela medida que não pode se aproximar, tem a proteção dos policiais das 70 cidades, caso haja necessidade”, conta.
O tenente-coronel chamou a atenção que é preciso um trabalho mais especializado para lidar com a violência doméstica na região. “Todos os comandantes de unidades estão fazendo contato com o Poder Judiciário, que não basta só a Polícia Militar dar essa proteção, fazer com que a lei seja cumprida. No entanto, também solicitando que o autor seja tratado. Aquela pessoa que fez a violência a essa mulher, que ele também tenha um tratamento psicossocial. Que pessoas capacitadas consigam, todas as prefeituras têm profissionais capacitados que podem fazer isso. E tratar os dois, tanto a mulher como o marido, aquela pessoa que convive, o outro que fez essa forma violenta para que realmente o problema se encerre. Porque só fazer a segurança e evitar que o problema se propague, às vezes não sabemos muitas vezes que acaba mais cedo, mais tarde havendo uma tragédia”, disse.
Paralisação das atividades da ROTAM – No final do ano passado, alguns municípios tiveram os trabalhos da ROTAM paralisados. Segundo Taborda, um dos motivos da paralisação é que o efetivo está diminuindo porque policiais vão para a reserva. “Nós tivemos agora uma mudança na lei da Previdência e muitos policiais, pelo próprio direito adquirido, alguns já pediram a sua reserva. Nós perdemos o número de efetivo ano a ano, por várias circunstâncias, acaba policiais saindo da nossa instituição”, conta.
Outro motivo é a Covid-19 que tem afastado policiais das ruas. Além de perdas em vida, a pandemia também força o isolamento de policiais que tiveram contato com alguém contaminado. O tenente-coronel explica que o concurso para repor os policiais está atrasado há dois anos, mas há previsão de realização. “Irati vai receber uma escola de soldados. Vai ser formado aqui para implementar e aumentar o efetivo que na realidade está defasado durante esses anos”, explica.
O tenente-coronel destacou que a opção por paralisar a ROTAM foi feita para assegurar as atividades essenciais. “Com relação a alguns tipos de policiamento, em certo momento, nós temos que desativar para não deixar de dar o atendimento essencial diariamente. O nosso policiamento é de rádio patrulha, de aproximação e de estar em contato com a comunidade 24 horas. Essa é a nossa prioridade. Não que a ROTAM não seja uma prioridade, mas em certos momentos aqui em Irati, nós tivemos que desativá-la. Agora nesse momento estamos fazendo uma avaliação por ordem do nosso comandante. Nós vamos discutir questão de escalas e nós vamos fazer remanejamento para que mantenham policiamento de certas modalidades e tipos, como a ROTAM que fiquem atendendo aquilo que o mínimo nós precisamos em cada cidade”, conta.
De acordo com o novo comandante, o efetivo da região consegue garantir a segurança dos municípios, mesmo com o atraso do concurso. “Ele dá conta e nós temos a capacidade de remanejar. Por exemplo, nós podemos ter apoio de Guarapuava, nós podemos ter apoio de União da Vitória, Irati pode ter apoio de Ponta Grossa. Nós temos a questão de ações de colocar um policiamento de imediato quando se precisa”, afirma.
O concurso foi realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e passa por algumas etapas de avaliação. “Foi contratada a Universidade Federal do Paraná para fazer o concurso. Pela questão da transparência, a universidade tem um prazo para avaliar as provas, tem a parte psicológica, tem de saúde e também nós temos uma verificação da conduta social desses civis hoje que adentrarão a Polícia Militar. Então, isso demanda um tempo. Nos próximos meses, no máximo, no mês de abril, início de junho, queremos iniciar essas escolas. Nós dependemos de a Universidade Federal passar os resultados da Polícia Militar para que começamos a formação”, disse.
Todas as unidades da região deverão receber uma escola de policiais. Serão seis meses de aulas em salas e outros seis meses com estágio nas ruas.
O tenente-coronel ainda destacou que o Governo Estadual possui ações para melhorar a categoria. “Hoje o policial pode, de maneira voluntária, na sua folga, trabalhar e receber por isso. Nós temos a escala extra jornada paga. O Governo inovou com isso. Nós temos agora em fevereiro, os policiais vão receber o auxílio alimentação, o pessoal da ativa. E também agora o Governo está discutindo a questão da readequação do nosso subsídio porque a inflação ano a ano, então o Governo está avaliando uma questão de reformulação do nosso subsídio”, explicou.
Além disso, novos equipamentos estão sendo adquiridos. “Nossas armas serão todas trocadas. Primeira licitação internacional. É uma arma italiana. São armas que serão substituídas pelas que nós usamos atualmente. As viaturas adequadas estão sendo compradas. Faz muitos anos que não temos dificuldade em outros aspectos como tínhamos no passado, algumas décadas atrás, com relação às condições de trabalho. Hoje as condições são boas, precisamos contratar os policiais. Está aí, são 2.400 policiais militares e bombeiros. Tem a Escola de Oficiais também, vai ter a contratação de cadetes para futuramente tenham oficiais para que sejam os gerentes, os coordenadores dos policiais militares”, conta.
Outra ação que ajuda no cotidiano do policial é o programa PM Vítima, que ajuda a investigar, processar e prender suspeitos que fazem ameaças a policiais e aos seus familiares. “Às vezes, alguns marginais levam para o lado pessoal e, às vezes, quer à forra com um policial na hora de folga, durante o serviço ou com familiar do policial. Acaba achando que não vai ser punido por isso. Temos o PM Vítima. Quando um policial é ameaçado ou uma coisa que tentam fazer com o policial devido ao trabalho dele, nós temos um grupo especializado que atua somente junto com o Judiciário para dar uma resposta”, explica.
O tenente-coronel ainda ressaltou que é importante que a população colabore para que a segurança seja feita. “Nós não podemos estar em todos os locais, nem tudo a gente consegue ver. Então, é muito importante ligar anonimamente no 181 e repassar dados porque isso nos ajuda muito em resolver os problemas”, disse.
Transferência da sede da 8ª CIPM – Em Irati, está sendo discutida a possível transferência da sede da 8ª Cia para as dependências do pátio do DER. Taborda conta que está acompanhando a situação. “O prédio atual da 8ª Companhia é locado e um outro cedido pela prefeitura no Parque Aquático. Como o DER deve estar sendo desativado, alguns setores do DER e tem um terreno realmente espaçoso ali no DER, foi transferido para a Secretaria de Segurança, desmembrado parte do terreno do DER”, conta.
Com a transferência do terreno, agora é preciso fazer o projeto. “Fazer o projeto da construção e depois o encaminhamento para que seja feito a devida reforma para que a Companhia se instale lá. Nós vamos deixar de gastar em aluguel e vamos devolver o prédio à prefeitura para que seja utilizado para outro benefício que o prefeito achar viável à comunidade”, disse.
Fechamento de cadeias públicas – O tenente-coronel também falou sobre a iniciativa do Governo Estado de fechar as cadeias que estavam nas delegacias da Polícia Civil. “As cadeias públicas eram paliativas. Hoje está sendo retirado todos os presos de cadeia pública e onde tem está sendo administrado pelo Depen [Departamento Penitenciário]. Foi criada agora uma Polícia Penal. Para as pessoas entenderem: mais uma polícia. Até ontem, nós cuidávamos das cadeias e fazia a segurança, transporte dos presos junto com os policiais civis. Agora não. Agora são os agentes do Depen, o Departamento Penitenciário. Essa Polícia Penal, o que vai fazer? Vai desafogar a Polícia Militar. Nós tínhamos, em Curitiba, um Batalhão de Guarda. Hoje já foi extinto esse Batalhão de Guarda. Ele assumiu uma área de policiamento. Ou seja, em vez do policial militar ficar lá cuidando do preso, agora ele vai cuidar da comunidade que era o objetivo”, explicou.
Segundo Taborda, é preciso a instalação de penitenciárias. “É inevitável teve ter essa penitenciária. Eu estava em União da Vitória comandando o Batalhão, lá, infelizmente, tinha o dinheiro que vem de um fundo penitenciário nacional. Uma penitenciária de primeiro mundo, com questões de realmente o preso com dignidade ser reabilitado. Muitas pessoas falam: ‘Já fez mal para a sociedade, que se dane’. Não é assim que funciona. Porque o nosso sistema prisional é de reabilitação, ou seja, ele cometeu um crime? Cometeu. Errou? Errou. Então, tem que ir para o estabelecimento pagar pelo crime que ele cometeu e voltar para a sociedade daqui a pouco. Como que ele tem que voltar? Tem que ir para um local onde ele tenha educação, estudo, que ele se profissionalize, para que ele volte para sociedade ele consiga ser inserido”, disse.
Penitenciária em Irati – O fechamento das cadeias públicas trouxe a discussão para a criação de uma penitenciária em Irati. Uma das preocupações das pessoas é que a penitenciária possa trazer mais violência. Para o tenente-coronel, a penitenciária pode trazer mais pessoas para consumir na economia local e que não é justo dizer que as famílias de presos possam trazer violência. “Os familiares não têm culpa da falha do seu familiar ter feito à sociedade. Nós não podemos julgar todos e generalizar as coisas. Acho de suma importância”, conta.