Técnicos avaliam implantação de Parque Ambiental na Mata do Gomes

Recursos financeiros para uma eventual desapropriação da área ainda representam um entrave Edilson Kernicki, com…

17 de março de 2015 às 11h06m

Recursos financeiros para uma eventual desapropriação da área ainda representam um entrave

Edilson Kernicki, com reportagem de Paulo Henrique Sava

Técnicos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), o executivo da Aurora Centennial S/A, Carlos Branco e demais membros da empresa e do empreendimento que vinha sendo desenvolvido na Mata dos Arroio dos Pereira se reuniram com o prefeito Odilon Burgath (PT), em seu gabinete, na sexta (13), a fim de discutir a possível criação de um parque ambiental naquela área. O presidente da Câmara de Irati, Vilson Menon (PMDB), e os vereadores Antonio Celso de Souza e Emiliano Gomes (ambos do PSD) também participaram da conversa.

Depois dessa reunião, os três vereadores acompanharam a vistoria feita pelos técnicos da SEMA e da Prefeitura na Mata do Arroio dos Pereira. O grupo procurou analisar, entre outros aspectos, quais dimensões deve possuir a área que deve ser transformada em parque, de modo a preservar remanescentes florestais e projetar quais usos com finalidade de lazer a comunidade poderá aproveitar nesse local.

O executivo da Aurora Centennial, Carlos Branco, afirma que a elaboração do projeto inicia agora e deve ser entregue daqui a um mês, em 17 de abril, “quando será possível analisar o arranjo financeiro da aquisição da área para posterior negociação”.

A engenheira agrônoma da Prefeitura de Irati, Rozenilda Romaniw Bárbara, explica que avaliação teve por intuito averiguar o que há de mais nobre naquela área e apontar o que interessa preservar, do ponto de vista ambiental. “Vamos esperar que eles mandem esse parecer indicando onde deve ser preservado e os motivos para isso. Nessas três semanas, deve fechar esse projeto”, afirma.

{JIMG0}Questionada sobre o que cabe ao município nesse momento, por se tratar de uma área particular, Rozenilda explica: “eles avaliando o que nós, a princípio, propusemos aumentar essa área do bosque. Eles vão fazer esse estudo e, depois, a prefeitura vai encomendar a avaliação da área e quais são as possibilidades de fazer a aquisição. Se vai ser um bosque, uma floresta ou um jardim botânico. Essa divisão do que ela [a área] é depende do ponto de vista da legislação. Conforme o tipo que se determina é o uso que se dá a ela. Não que eles determinam, mas vão qualificar a área (quanto a seu uso)”.

O prefeito Odilon Burgath aponta que houve uma reunião no dia anterior com o Conselho do Meio Ambiente e que, inicialmente, a área vem sendo analisada de modo global. Odilon voltou a citar as restrições orçamentárias enfrentadas no momento pela Prefeitura que geram a necessidade de encontrar vias alternativas para a possível desapropriação da área para constituir o parque. 

“Se não for possível adquirir toda a área por questões de valor imobiliário, nossa preocupação é a de que toda a área que possui vegetação seja preservada. Essa primeira ideia foi repassada para o Conselho de Meio Ambiente. E uma ampla maioria aprovou, ontem [quinta, 12], numa reunião que tivemos no gabinete. É fechar essa etapa a respeito do que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente nos recomenda”, afirma Odilon.

Segundo ele, a ideia é formar um parque ambiental aberto, com trilhas para a população percorrer. Os recursos para tanto devem ser angariados através de emendas parlamentares e de possíveis tratativas com os governos federal e estadual, seja para construir um jardim botânico como também para construir um abrigo para que a Guarda Municipal monitore o local. “Ou mesmo até um órgão ambiental, dentro daquilo que também a Prefeitura possa, nesse processo de desapropriação amigável com a empresa”, complementa.

Apesar da relação afetiva que muitos iratienses mantêm com o espaço, é uma área particular onde uma empresa pretende desenvolver um empreendimento imobiliário. Conforme Odilon, desde o início, a Prefeitura tem tentado mediar uma solução que atenda tanto à questão ambiental que envolve a Mata do Arroio dos Pereira, quanto a questão empresarial. “Havia uma situação junto ao Ministério Público e, se o Judiciário se posicionasse de que não deveria haver esse loteamento, ante a toda a questão orçamentária, que todos acompanham a dificuldade, nós temos que arcar sempre com aquilo que a prefeitura pode realizar, as obras que estamos realizando dentro de uma responsabilidade financeira, estávamos monitorando essa situação”, comenta.

O prefeito cita que desde que o Judiciário liberou a obra e o arruamento da área foi iniciado, ele ligou para Carlos Branco, executivo da Aurora Centennial, e entrou também em contato com Edson Gomes, proprietário da área. “Com o sentimento do povo de Irati, nós estamos na mesma luta, procurando um projeto inteligente, que preserve a mata, dentro do que a Prefeitura possa pagar. A segunda etapa após esse projeto ambiental é a parte de negociação de valores”, indica Odilon.

De acordo com o prefeito, a visita técnica ao local – que além da engenheira agrônoma da Prefeitura, Rozenilda Romaniw Bárbara, incluiu ainda o secretário de Engenharia, Arquitetura e Obras, Sandro Podgurski, que também assumiu interinamente a pasta do Planejamento e o secretário de Meio Ambiente, Oswaldo Zaboroski – serve para auxiliar na elaboração do projeto de uso para o local.

Caso haja o entendimento dos dois lados a respeito da desapropriação do terreno, para que seja preservada a mata nativa, o prefeito acredita que, por ora, ela dependeria apenas do orçamento municipal, uma vez que o governo estadual já descartou a possibilidade de contribuir financeiramente nesse momento, oferecendo apenas recursos humanos para auxiliar na elaboração do projeto, com o envio de técnicos da SEMA.

“Existem já diversos parlamentares em Brasília, da nossa base ou não, se dispondo a colocar recursos como emenda para construção. Por exemplo, se nós tivermos o domínio da área, que é o que pretendemos e vamos lutar muito por isso, recursos para a construção de um jardim botânico, de academia, que preserve a natureza junto à trilha, vamos conseguir. Agora, o detalhe principal vão ser os recursos e vamos ter que buscar alternativas. Já adiantei, fiz uma pré-proposta, sem discutir valores, pois isso vai passar pelo orçamento de imobiliárias credenciadas e da empresa que também vai fazer o seu levantamento de valor de mercado. Essa negociação deve se assemelhar muito à de quando houve a aquisição da Unicentro”, resume o prefeito.

O presidente da Câmara, Vilson Menon, relembrou que houve um acordo, numa reunião prévia em Curitiba, com representantes da Aurora Centennial e da SEMA, de que essa visita analítica seria realizada no dia 13, para posterior elaboração de um projeto que esboce as opções possíveis para a preservação da mata nativa do local. Numa segunda etapa, a partir do dia 17 de abril, com o projeto em mãos, deve-se iniciar a discussão sobre mecanismos para obter recursos para que esse projeto venha a se desenvolver.

“Dependendo do que os técnicos definirem, se deve ser preservada toda a área ou apenas parte dela, caminhamos para uma conversa para depois elaborar realmente o esboço para que possamos saber o que o município tem condição e de que forma vamos ajeitar”, pontua o vereador. Nesse meio tempo, o acordo também prevê a paralisação total das intervenções naquela área.

Menon disse que todos os envolvidos nessa negociação têm demonstrado bom senso e que o empenho na questão pretende resultar na preservação da maior área possível na Mata do Arroio dos Pereira, também conhecida como Mata dos Gomes.

O vereador indica que, relacionado a essa questão, cabe à Câmara mediar contato com os parlamentares estaduais e federais para angariar recursos para a desapropriação do terreno, uma vez que o Legislativo não tem dinheiro em caixa, pois a Câmara não capta recursos, apenas possui uma previsão no orçamento do município. “A Câmara, em si, tem feito sua parte em promover os debates, através da audiência pública, de reuniões e de convites aos órgãos para que essa discussão ocorra. A Câmara, nesse sentido [financeiro], é limitada. Mas sempre nos colocamos à disposição para essa discussão, que é a premissa para que isso se consolide”, conclui o presidente da Câmara de Irati.


Confira as fotos da visita dos técnicos da SEMA na lente de Paulo Henrique Sava.


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