Tadeu Veneri faz críticas à forma de condução da educação pública do Paraná

Para o deputado, educação vem deixando muito a desejar no estado/Paulo Sava Em visita a…

20 de março de 2025 às 19h20m

Para o deputado, educação vem deixando muito a desejar no estado/Paulo Sava

Em entrevista à Najuá, deputado federal Tadeu Veneri (PT) criticou a atuação do governador Ratinho Júnior em relação à educação do Paraná. Foto: Diego Gauron

Em visita a Irati há cerca de duas semanas, o deputado federal Tadeu Veneri (PT) fez duras críticas à atuação do governador Ratinho Júnior, especialmente no que diz respeito à educação. Na opinião do deputado, a educação do Paraná vem deixando muito a desejar nos últimos anos.

Ele afirmou que os colégios cívico-militares implantados no Paraná estão sendo contestados pela sociedade. “As escolas cívico-militares são contestadas, e o governador as impôs. Os “parceiros da escola” na verdade são quase R$ 2 bilhões que poderiam ser aplicados diretamente nas escolas, mas infelizmente estão sendo entregues para empresas que vão transformar a escola pública numa escola privada com o objetivo de obter lucro. Este é um processo tão trágico que, das 177 escolas que foram colocadas sob consulta, só 11 tiveram a aprovação da comunidade, cerca de 80 a 85 escolas não foram aprovadas e aquelas que não tiveram quórum, que pela lei e pela lógica, o governador deveria fazer novamente a consulta, entendeu que simplesmente passa por cima da lei e faz com que estas escolas entrem no processo de parceria, que vai dar em torno de R$ 250 milhões de lucro para estas empresas”, pontuou.

Segundo a AEN, Paraná tem 191 mil estudantes nos colégios cívico-militares. Foto: Gabriel Rosa/AEN

Paraná tem mais de 190 mil estudantes em colégios cívico-militares

Em matéria publicada pela Agência Estadual de Notícias (AEN), a Secretaria de Estado da Educação (SEED) informou que o Paraná tem 191 mil estudantes matriculados e outros 11 mil em fila de espera para os colégios cívico-militares.

Em entrevista à AEN, a estudante Gabrielly Aleixo, aluna do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Beatriz Faria Ansay, de Curitiba, contou como é sua rotina na escola. “No período da manhã, eu estou como estudante, e no período da tarde eu venho pelo menos uma vez por semana, geralmente às segundas-feiras, para fazer o aluno monitor. É onde eu auxilio principalmente na direção e na pedagogia, mas também na parte prática dos alunos monitores. Se eles não estão desenvolvendo algum trabalho, eu coloco algum tema, trabalho proposto. Fazemos algumas formações com os alunos monitores para eles aprenderem a apresentar o colégio, inclusão, falar sobre a dengue e alguns projetos que, no dia a dia do colégio, são importantes para todos”, comentou.

O funcionário do colégio, Diego Santana Ribeiro, conta que o que mais mudou com a transformação da instituição em colégio cívico militar foi a disciplina dos alunos. “Antes de ser cívico militar, a indisciplina era muito grande no nosso colégio, e por isso tínhamos bastante índice de violência, muitos casos de depredação ao nosso patrimônio público, ou seja, ao colégio, de diversas formas. Graças a Deus, depois que se tornou cívico-militar, isto melhoru bastante mesmo. Hoje os alunos sãomais disciplinados e sempre frisamos os nossos valores, pois é através deles que estamos conseguindo transformar a nossa sociedade. Para mim, educação é o ato de você ensinar algo a alguém: se você ensinar algo bom, certamente isto vai se passando, conforme as gerações e o aprendizado”, pontuou.

Sandy das Chagas Alves de Paula, mãe de aluno do Colégio, ressaltou que o filho dela somente entrou no 6º ano do colégio apenas quando se tornou cívico militar. “Eu pensei em colocar para ver como seria, e realmente fico muito tranquila de ir trabalhar, sabendo que ele está num lugar seguro. Hoje em dia, fica a insegurança, mas eu vou trabalhar tranquila sabendo que ele está em um lugar que tantos profissionais e a escola têm compromisso com a segurança e a educação dele nos estudos”, frisou.

Deputado contesta índice atingido pelo Paraná no IDEB

Em 2023, o Paraná teve uma nota de 4,7 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), ficando na liderança nacional no ranking da educação. Tadeu Veneri contesta o resultado. “Sabemos que o IDEB do Paraná só é alto porque temos alunos que, muitas vezes, não frequentam a escola e que acabam sendo retirados e retornam com a chamada Prova Paraná, e uma série de coisas. Se nós pegarmos a hora-atividade que não é paga, o processo de contratação de PSS deste ano, que foi uma coisa extremamente violenta, a forma como os educadores são tratados e a LGU (Lei Geral das Universidades), contra a qual temos uma ação direta de inconstitucionalidade e alguns itens vão cair. A impressão que dá é de que o governador Ratinho tem uma resistência muito grande à educação”, ponderou.

ENEM

Em relação ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Tadeu ressaltou que nenhuma das redações que atingiu a nota máxima de 1000 pontos é de estudantes do Paraná. “Eu acho que a educação do Paraná pode ter índices “significativos”, mas eu lembro de uma coisa: no Paraná, não tivemos, nas provas nacionais, nenhuma das redações nota mil. Então, alguma coisa está errada: o governador, que fala tanto em educação, na verdade tem um dos piores índices educacionais, de salário, de respeito e consideração pelos educadores do Paraná”, lamentou.

Recursos

No começo deste ano, o deputado destinou R$ 2 milhões para a construção do novo refeitório do campus Irati do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Ainda em 2025, Tadeu deverá enviar cerca de R$ 200 mil para a Unicentro construir uma brinquedoteca no campus de Irati. Há ainda outros valores que devem ser aplicados em outras obras na região, de acordo com Tadeu.

“Há outros valores também que nós devemos aportar aqui no município e na região, porque, volto a dizer, é um dinheiro público. Então, o que temos que fazer é tentar que ele seja colocado da melhor forma possível. Na saúde, são em torno de R$ 20 milhões e mais R$ 20 milhões em outros segmentos, e em torno de R$ 32 milhões para compra de equipamentos e ônibus que queremos trazer para cá, equipamentos agrícolas e de segurança. É o mínimo que se pode fazer”, destacou.

O deputado também falou sobre o projeto “Descongela”. O objetivo dele é de fazer com que os 18 meses que os professores permaneceram dando aulas de casa sejam contabilizados para efeitos de progressão de carreira. “Apresentamos o projeto “Descongela” para retirar estes 18 meses que ficaram congelados e que isto propicie a todos os profissionais, seja da educação, assistência social ou meio ambiente, que possam ter este tempo restituído, que é um direito deles, afinal trabalharam neste período. Com este tempo restituído, inclusive muitos deles poderiam se aposentar com uma promoção e uma progressão a mais”, finalizou.

Foto: Gabriel Rosa/AEN
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