Sindicato demonstra decepção com reajuste salarial dos servidores públicos de Irati

Em nota, diretoria do SISMI diz que funcionalismo foi enganado sobre os índices aplicados. Sindicato…

17 de fevereiro de 2025 às 20h40m

Em nota, diretoria do SISMI diz que funcionalismo foi enganado sobre os índices aplicados. Sindicato havia solicitado reajuste de 7%, mas Executivo concedeu apenas a reposição inflacionária de 4,77%/Paulo Sava

Assembleia reuniu servidores públicos municipais no último dia 11, na Associação dos Servidores Públicos Municipais de Irati (ASPMI). Foto: SISMI

Em assembleia realizada no último dia 11, a diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Irati (SISMI) demonstrou decepção com o índice apresentado pelo Executivo para o reajuste salarial do funcionalismo. O SISMI queria um reajuste de 7%, porém a Prefeitura apresentou um percentual de 4,77%, que corresponde à reposição da inflação de 2024.

A diretoria do Sindicato enviou um ofício à Prefeitura de Irati em janeiro solicitando uma reunião para negociar o reajuste salarial dos servidores. Como resposta, a Secretária de Administração, Rozenilda Paiva, emitiu um ofício ao Sindicato dizendo que o índice de gastos com pessoal ao final de 2025 está em 48,57%, sendo que o limite de alerta do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) é de 48,60%.
“Em que pese o interesse da Administração em fazer uma proposta acima da inflação, significando aumento real, há que se considerar a impositividade do limite prudencial, que não pode ser descumprido, o que impede qualquer proposição em sentido diverso”, diz um trecho do ofício.

Em nota enviada à imprensa, a diretoria do Sindicato lembrou do texto da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000). “A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) estabelece, em seu artigo 20, inciso III, alíneas “a” e “b”, o teto de 54% da receita corrente líquida para os gastos com pessoal nos municípios. A LRF determina que o Tribunal de Contas emita alerta quando o município ultrapassa o teto de 54% da receita e também nos casos em que há a extrapolação de 95% e de 90% daquele limite. Portanto ainda temos limite, visto que na reunião foi comunicado que o limite prudencial está em 47,4%. Este índice poderia ser melhor”, frisou o SISMI.

A Diretoria do SISMI afirmou que os servidores se sentiram “enganados” e que não houve espaço para a discussão do índice. “Como já esperado, todos se mostraram decepcionados com a Administração visto que não houve espaço para negociação referente ao índice, nos sentimos enganados, visto que em campanha eleitoral foi enfatizado a valorização do servidor público, bem como, assinado a carta compromisso com este tema”, frisou o sindicato.

A diretoria lembra ainda que, durante a campanha eleitoral, Emiliano prometeu valorizar o servidor público. Porém, para o Sindicato, conceder a reposição da inflação não é suficiente para que os servidores se sintam valorizados. “A reposição do índice já previsto em lei não é valorização, não houve uma negociação, apenas houve um comunicado da administração, ainda que a administração esteja dentro da legalidade, foge muito das promessas de políticas de valorização dos servidores”, afirmou o SISMI em outro trecho da nota.

A diretoria do Sindicato reclama também que não teve acesso à planilha de custos com os servidores, feita pela administração municipal, não sendo possível confirmar a situação informada pela Prefeitura.

Na última sessão da Câmara, os vereadores Hélio de Mello (PL), José Renato Kffuri (PSDB), Selmo Vieira (Podemos), Sybil Dietrich (PP) e Cezar Batatinha (União Brasil) lembraram que a Lei Municipal número 5.008 de 2023, alterou a data-base do funcionalismo municipal, que antes era em abril, para janeiro. Os vereadores apresentaram indicação sugerindo que seja apresentado um Projeto de Lei prevendo a concessão de reposição salarial sobre os vencimentos dos funcionários públicos municipais, prevista no artigo 37, inciso 10 da Constituição Federal. Além disso, eles sugeriram que sejam realizados estudos para verificar e suprir eventuais defasagens nos vencimentos de cada categoria.

Reposição salarial aos professores

Em relação ao piso salarial pago aos professores da rede municipal, o Sindicato informou que os docentes permanecem insatisfeitos com os salários recebidos. De acordo com a diretoria do SISMI, o Executivo estaria descumprindo o Plano de Educação. O documento estabelece, em seu artigo 3º, que a carreira do magistério público municipal deve ter como princípios básicos “Remuneração condigna, com vencimento inicial da carreira, para a formação em nível médio na modalidade normal, nunca inferior ao valor correspondente ao Piso Salarial Profissional Nacional, nos termos da legislação federal”.

“Existe uma defasagem na tabela dos professores com o complemento que vem sendo pago apenas para quem está em início de carreira, desconsiderando todo estudo e trabalho desenvolvido pelos demais professores ao longo dos tempos. Nossa palavra neste momento é indignação, decepção e descontentamento com a administração”, pontuou o sindicato, em nota.

Maria Rosângela Likes, presidente do SISMI. Foto: SISMI

O Sindicato enviou ofício no dia 13 de janeiro para a Prefeitura, solicitando um reajuste de 6,27% nos salários dos professores, que passaria de R$ 4.580,57 para R$ 4.877,77. Uma reunião com o Executivo foi realizada no início de fevereiro, na qual estavam presentes os secretários de Administração, Rozenilda Paiva, e de Fazenda, Eduardo Clazer. Segundo a presidente do SISMI, Maria Rosângela Likes, não houve qualquer tipo de negociação com a prefeitura sobre o percentual de reajuste, que ficou na reposição inflacionária.

“Para nossa surpresa, não tivemos negociação, a proposta da prefeitura foi de 4,77%, não havendo possibilidade nenhuma de outro fator, número que não fosse este. Ficamos por duas horas questionando e argumentando, e a todo momento eles falavam que tinham feito os cálculos do impacto e que era somente aquilo. Solicitamos os cálculos dos impactos que dariam na folha, e eles não nos repassaram. Inclusive, o secretário Eduardo falou que, para uma negociação, ele poderia oferecer um percentual abaixo, de 2,5% a 3 %, e negociar até chegar em 4,77%. Deixamos bem claro que a lei não permite e obriga que, no mínimo, deve ser pago o INPC, que no caso seria os 4,77%”, frisou.

Rosângela lembra que, nos últimos quatro anos, durante a gestão do prefeito Jorge Derbli, o Sindicato sempre obtinha um pouco mais que o índice inflacionário como reajuste. “Era pouco, mas ainda tinha um ganho real, porém neste ano, infelizmente, será o 4,77%. Nos sentimos decepcionados, uma vez que, em campanha eleitoral, sempre foi falado em valorização do servidor, e que (Emiliano) estaria sempre junto, proporcionando esta valorização. Acredito que uma data-base com qualidade e com um valor expressivo seria um dos modos de valorização do funcionário”, pontuou.

Em ofício, Rozenilda disse que o município vai respeitar o piso nacional dos trabalhadores da educação. “O município de Irati irá respeitar o piso nacional dos profissionais da educação, incluindo complemento salarial aos servidores que eventualmente recebem valores inferiores ao referido piso”, diz outro trecho do documento.

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