Sete presos estão desaparecidos após rebelião, diz Secretaria de Justiça

Motim durou 45 horas e acabou às 3h30 desta terça (26), em Cascavel.Presos podem estar…

27 de agosto de 2014 às 12h21m

Motim durou 45 horas e acabou às 3h30 desta terça (26), em Cascavel.
Presos podem estar mortos ou terem conseguido fugir, segundo a Seju.

Franciele John DO G1 PR, em Cascavel


A Secretaria da Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Seju) confirmou que sete presos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do Paraná, estão desaparecidos. O número foi divulgado na tarde desta terça-feira (26), após um levantamento feito pela Seju. A unidade foi palco de uma rebelião de presos, que durou 45 horas e só terminou na madrugada desta terça-feira.

Conforme o balanço divulgado pela Seju, cinco detentos foram mortos e 25 ficaram feridos. Desses, seis ainda continuam internados no Hospital Universitário (HU). Os dois agentes penitenciários, que eram mantidos reféns desde o início do motim, foram libertados. Eles precisaram de atendimento médico, mas já foram liberados.

Ainda de acordo com a secretaria, os presos que estão desaparecidos podem estar mortos ou terem conseguido fugir. Nesta terça-feira, equipes começaram a fazer uma perícia na unidade para tentar encontrar outros corpos, além de checar toda a estrutura da penitenciária. Os rebelados causaram danos em 80% da unidade, segundo o Depen. Das 24 alas da unidade, pelo menos 20 ficaram destruídas.

Após as transferências que ocorreram desde o domingo, 222 presos ainda ficaram na unidade. São presos com bom comportamento e que estão quase no fim da pena. Outros 797 detentos foram transferidos para penitenciárias do estado.

O Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) confirmou que dois dos detentos mortos pelos rebelados foram decapitados. Outros dois morreram após serem atirados de cima do telhado da unidade e o quinto morto foi carbonizado. Todos os corpos estão no Instituto Médico-Legal (IML) de Cascavel e ainda não foram identificados.


Negociação


As negociações para o fim da rebelião foram interrompidas às 20h de domingo e retomadas apenas às 7h55 da segunda-feira (25). A comissão foi formada pela secretária de Justiça do Paraná, Maria Tereza Uillie Gomes, pelo diretor do Depen, Cezinando Paredes, pelo comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Cícero Tenório, e pelo Juiz Paulo Damas.

Segundo o Depen, entre as exigências dos rebelados estavam o relaxamento nas visitas, mais diálogo com a direção da unidade e refeições melhores.


Rebelião

De acordo com o advogado dos agentes penitenciários, Jairo Ferreira, a rebelião teve início no momento em que o café da manhã era entregue aos detentos. O trinco de uma das grades estava serrado, o que permitiu aos presos puxarem o agente para dentro e iniciarem a rebelião. Ainda segundo o advogado, apenas dez agentes estavam de plantão no presídio que é ocupado por mais de mil presos.

Os detentos invadiram o telhado da penitenciária, queimaram colchões e hastearam a bandeira de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios no país.

Familiares dos presos fecharam a BR-277 por três vezes desde o domingo, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). As duas pistas da rodovia ficaram bloqueadas no km 579, próximo ao trevo de acesso à penitenciária. Filas de veículos se formaram nos dois sentidos.


Destruição


Pelos corredores da prisão o que se observa é a destruição causada pelos presos. Para sair da primeira cela, durante a madrugada, os presos serraram uma das trancas e, em seguida, abriram as demais celas. Quando os agentes penitenciários chegaram ao local, pela manhã, foram surpreendidos pelo grupo.

A sala da chefia de segurança e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foram depredadas. Os presos quebraram equipamentos eletrônicos, atearam fogo a colchões e outros materiais inflamáveis. Os vidros de janelas quebradas foram usados como armas, além de facões e barras de ferro que foram improvisados como armamentos.

Para chegar ao teto do presídio, eles quebraram vigas de concreto e entortaram barras de ferro. Em cima da unidade, dois dos detentos mortos foram jogados de uma altura de 15 metros.

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