As empresárias Serli Laroca, da Serli Cortinas, e Edna Aparecida Lukavy, da empresa Thallento, foram as premiadas de Irati em evento que aconteceu em Foz do Iguaçu/Texto: Karin Franco, com reportagem de Jussara Harmuch
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No evento de premiação em Foz do Iguaçu, ao centro, Serli Laroca, ladeada à esquerda pela presidente da CMEG Irati,Tirciana Strege Bini, e à direita pela vice, Jussara Harmuch |
A empresária Serli Laroca, que é responsável pela Serli Cortinas, recebeu o prêmio Mulher Empreendedora no último fim de semana, na 13ª edição do evento “Mulheres Que Têm O Dom”, em Foz de Iguaçu. A empresa comandada por ela foi inaugurada em 1993 e desde o ano passado funciona em um prédio próprio.
Edna Aparecida Lukavy, da empresa Thallento, também foi premiada, mas não pode comparecer e quem recebeu o troféu por ela foi outra empresária de Irati, Nika Oliveira. Edna havia sido indicada em 2020, mas por causa da pandemia, a premiação teve que ser adiada. Assim, neste ano, 44 mulheres empreendedoras de todo o estado foram premiadas. Elas foram indicadas em 2020 e 2021 pelas 22 Câmaras da Mulher no estado.
O prêmio é promovido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio), por meio da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios (CMEG). A Câmara da Mulher é um órgão da Fecomércio que busca valorizar o trabalho da mulher que empreende. “Ela foi criada para estimular e fomentar o empresariado feminino. Essa homenagem é uma maneira de fortalecer ainda mais as mulheres quando elas se espelham umas nas outras”, conta a vice-presidente da Câmara da Mulher Empreendedora de Irati, Jussara Harmuch, proprietária da Rádio Najuá.
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35 mulheres de Irati participaram de evento em Foz do Iguaçu, que premiou as mulheres empreendedores indicadas pelas Câmaras da Mulher de todo o Paraná. |
A premiação ainda contou com a homenagem especial a outras quatro mulheres que contribuíram para o desenvolvimento do estado. Referente à 2020, foram premiadas a vice-reitora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Graciela Ines Bolzon Muniz, e a presidente do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba, Tatiana Turra Korman. Já as premiadas de 2022 são a presidente do Conselho da Superintendência de Ação Solidária do Estado do Paraná, Luciana Saito Massa, e a vice-presidente do Conselho de Administração do Expresso Princesa dos Campos (Grupo Gulin), Sueli Gulin Calabrese.
A presidente da Câmara da Mulher Empreendedora de Irati, Tirciana Strege Bini, da Farmabin, conta que o evento reuniu cerca de 1 mil mulheres empreendedoras, sendo 35 de Irati. “É um evento anual, da Fecomércio. Normalmente feito em março, por conta do mês das mulheres. Esse ano, passamos um pouquinho mais para diante por causa da situação do Covid. Foi um evento de muito sucesso. Várias mulheres, quase 1 mil mulheres, com várias atividades, com palestra, com o show, com as nossas homenageadas. É algo muito importante para nossa cidade porque levamos 35 mulheres. Não foi fácil reunir a disponibilidade de todas, nos organizamos e fomos até lá. E aprendemos muito. Voltamos renovadas realmente desse nosso evento”, afirmou Tirciana.
O fim de semana ainda contou com uma palestra que discutiu os desafios do empreendedorismo da mulher e a disponibilidade de crédito para as empresas. Jussara destaca que um dos tópicos da conversa foi a importância de manter a contabilidade correta e do posicionamento em cargos de decisão.
Tirciana destaca que a Câmara da Mulher Empreendedora pode ajudar a empresária com qualificação e informação que ajude a manter a organização da empresa. “Falou-se muito da importância de a empresa estar organizada financeiramente na sua questão fiscal. E para isso a Câmara da Mulher tem vários cursos que estão sendo sempre colocados à disposição das pessoas que querem ir buscar a informação, para conseguir esses créditos. Às vezes, as pessoas têm um resultado, mas no fiscal é outro. Isso tem que ser congruente para buscarmos um crédito. O SENAC tem vários cursos tanto na parte de empreendedorismo, mas também principalmente na parte de financeiro para aprender a lidar”, explica.
A importância de estar em dia com as contas da empresa pode ser visto na empresa da homenageada, Serli Laroca. Ela conta que uma de suas prioridades é o pagamento de funcionários e os respectivos impostos. “Tem que pagar. Não tem o que fazer. Não adianta você se iludir e falar não vou pagar porque vai arrebentar em algum lugar. Isso é uma coisa assim que eu trago comigo desde o início”, disse.
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Serli Laroca recebeu o Prêmio Mulher Empreendedora de 2022. Foto: João Geraldo Mitz |
O prédio próprio da Serli Cortinas foi conquistado no ano passado com recursos próprios, mas a situação financeira ajudou a conseguir um empréstimo para a compra de equipamentos. “Eu consegui um dinheiro do Pronampe que o governo liberou. Me ajudou com a parte interna porque não é só o prédio. É o showroom, tudo tem que pagar, tudo que está lá tem que pagar. O Pronampe me ajudou bastante. E emprestei através da ACIAI, um valor mínimo, assim um valor pequeno, mas foi o que eu fiz esses empréstimos para pôr o que precisava dentro da loja”, conta.
Homenageadas:
A história de empreendedorismo de Serli Laroca iniciou em 1993, com um espaço para a confecção de uniformes escolares. “A minha trajetória não foi nada fácil. Venho de uma família simples, uma família sem muitos benefícios financeiros. O que aconteceu é que me atrevi em 1993 de abrir um espaço, onde iniciei com os uniformes escolares. Que não deu certo porque eu já havia trabalhado numa empresa chamada Romaniuk Decorações, que era um espaço de cortinas. Quando eu abri a empresa, eu não quis abrir de cortinas e acabei abrindo um espaço de uniformes, o que não deu certo”, relata.
Foi uma cliente que deu a ideia para fazer cortinas. “Em seguida, eu percebi o dom que eu tinha para decoração. O dom que eu tinha para cortina. O primeiro foi a Dona Otília porque ela era minha cliente, já do Romaniuk Decorações. Ela disse: ‘Eu preciso de cortinas para a minha fazenda. Eu não tenho cortinas’. Eu falei: ‘Eu não tenho o tecido de cortinas’. ‘Faça desse tecido de uniformes mesmo’. E quando eu fiz aquelas cortinas, eu senti, a gente sente quando é para o dom de fazer aquilo. Foi o que aconteceu. Eu senti assim, puxa isso é bom”, conta.
A empresária decidiu mudar o ramo da empresa e investir em cortinas. “Eu comecei indo para Curitiba buscando tecidos em sacolas, a pé. Eu ia a pé até a rodoviária, pegava o ônibus com dinheiro só para comprar uma coxinha na viagem. Trazia as sacolas com tecidos. Não podia trazer tudo de uma vez até o meu espaço e deixava na rodoviária. No outro dia, eu voltava a pé para buscar os tecidos”, explica.
A decisão de iniciar em uniformes e não por cortinas foi por causa da antiga empresa que trabalhou. “Eu não quis abrir decorações, não quis abrir cortinas, por respeito à empresa que eu trabalhei e que ainda existia. Quando a empresa fechou, a Romaniuk Decorações fechou, foi que eu comecei a fazer cortina. Porque eu não achava justo fazer cortina num espaço que já tinha alguém fazendo cortina”, disse.
Com o negócio aberto, Serli começou com o tempo a procurar alguns fornecedores, já com mostruários. O começo foi difícil. “Quando eu iniciei, eu trabalhava até uma da manhã, por exemplo, meia-noite e costurava as cortinas, deixava só para o acabamento para uma outra funcionária fazer no outro dia porque eu só tinha uma funcionária. Ela não vencia fazer o trabalho. Eu trabalhava até uma hora, às vezes, até meia-noite. Dormia um pouco e depois eu levantava 5 horas, eu costurava até chegar a funcionar às 8 horas da manhã. Durante o dia eu fazia os atendimentos nas casas. Eu não tinha carro, muitas vezes eu ia de ônibus e não tinha vergonha de pedir para o cliente, pedir para o cliente: ‘Venha me buscar porque eu não tenho carro para ir tirar as medidas na sua casa’”, conta.
Estruturar o negócio também foi um desafio. “Comprei algumas máquinas financiadas, inclusive os fios das cortinas também, costurava tudo fiado. Ali começamos esse trabalho. Depois lá pra frente em 2004, eu já tinha um nome. Formamos uma parceria com a Giana e com a Sandrinha. Abrimos um espaço como parceiras, não como sócias, na frente ali onde é o Italiano, na Casa 15. Ficamos ali por muito tempo e eu desenvolvi mais o meu trabalho, cada vez mais”, relata.
Com o tempo, a empresa começou a formar parcerias com arquitetos e conquistar mais fornecedores que ajudaram com os produtos. Atualmente, a empresa possui seis funcionários e três terceirizados. “Hoje com a graça de Deus, trabalho, honestidade e compromisso, temos um espaço próprio, um espaço que terminamos o ano passado”, conta.
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Edna Aparecida Lukavy, proprietária da loja Thallento, foi indicada em 2020 para receber o prêmio Mulher Empreendedora. |
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Nascida em uma família humilde, Edna Aparecida Lukavy aprendeu que o espírito do comércio corria em suas veias desde cedo. Com 21 anos e uma Monark rosa, vendia roupas pela cidade. Nessa mesma época, a demissão de seu marido, João Lukavy Neto, serviu como alavanca para o empreendedorismo do casal. O que começou com uma pequena loja em 1991, graças ao Thallento (nome do empreendimento) de Edna, hoje já são três lojas espalhadas em Irati, empregando 15 pessoas.
A presidente da Câmara da Mulher Empreendedora de Irati destaca que é importante que mulheres possam conhecer mais histórias sobre o empreendedorismo feminino. “Busque informação, busque outras mulheres, troque informação. Network é muito importante. Esteja no meio, não se isole. Busque a informação de verdade, hoje a internet está aí, as mulheres estão aí, nós estamos. Tanta gente preparada para ajudar. Então, não fique sozinha. Acredita no seu potencial, busque trabalhar direitinho, pague suas coisas direitinho, que as coisas vão dar certo. A oração é muito importante no meio de tudo isso e Deus sempre premia aquelas pessoas que são do bem”, disse.
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Tirciana Strege Bini, Serli Laroca e Jussara Harmuch comentaram sobre evento realizado em Foz do Iguaçu durante participação no programa Meio Dia em Notícias. Foto: João Geraldo Mitz |