Seminário não possuirá mais regime de internato para jovens seminaristas. Em entrevista à Najuá, o reitor do Seminário, padre Hélio Guimarães explicou os motivos da mudança/Texto de Karin Franco, com reportagem de Herivelton Lourenço

O Seminário Menor Mãe de Deus não terá mais internos adolescentes neste ano. A partir de agora, os jovens que manifestarem o desejo de ser padre serão acompanhados em suas próprias comunidades, permanecendo com a família até a conclusão do Ensino Médio. Eles participarão de encontros regulares nos fins de semana, enquanto completam seus estudos.

O reitor do Seminário, padre Hélio Guimarães, explica que a decisão ocorre por diversos motivos. “Não tem como nós exigirmos uma decisão para vida toda de um menino de 14, 15 anos. É muito difícil isso nos nossos tempos. Um seminário menor vai ganhando suas diferenças. Outra coisa, as famílias hoje são muito menores. É muito mais comum as famílias de filho único do que famílias de três, quatro filhos. O menino que sente no coração o desejo de ser padre, vem fazer os encontros vocacionais do seminário, detém o desejo de entrar para o seminário, mas quando ele vem para o seminário ali com 14 a 15 anos é um rombo na família porque é o filho único. Às vezes, a família toda vive em função desse menino e, de repente, ele já vai para o seminário. Então, ainda é cedo”, analisa o padre.

O Seminário já abrigou meninos do 5º ano do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, mas ultimamente acolhia, principalmente, adolescentes que tinham o desejo de serem padres. “O Seminário Menor Mãe de Deus já há um bom tempo acolhe mais para o Ensino Médio. Vamos fazendo acompanhamento vocacional a partir dos 12 anos, com encontros de fim de semana, mas quando o adolescente completa 13 anos para 14 anos, quando está indo para o primeiro ano do Ensino Médio, nós acolhemos nos Seminário Menor Mãe de Deus”, explica o reitor do Seminário.

Os adolescentes faziam o Ensino Médio no Colégio Antonio Xavier da Silveira e tinham formação para sacerdócio no Seminário Menor Mãe de Deus.  “Depois, terminando o Ensino Médio, eles tomavam a decisão junto com a sua família. Vou continuar no seminário? Passavam para o Seminário Propedêutico em Carambeí, juntar-se aos outros jovens que estavam entrando diretamente no Propedêutico”, conta.

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Agora sem o regime de internos no seminário, os adolescentes passarão a concluir os estudos em suas localidades e apenas participam de encontros regulares. “Um acompanhamento vocacional desses meninos, de maneira que eles participem de encontros no seminário, a cada dois meses ou, mensalmente, e vão cultivando ali a vocação nesses encontros de final de semana. Durante a semana, eles permanecem com os pais, permanecem com a família, ainda continuam estudando lá no colégio onde estudam na sua cidade e começam a se envolver na sua paróquia. Muitos são coroinhas, são acólitos, participam da liturgia, da música, do grupo de jovens, do grupo de adolescentes, então eles precisam criar esse envolvimento na paróquia, para sentir a vocação com a comunidade e, é claro, depois com 17 anos, 18 anos, se ele realmente sente esse desejo de ser padre, ele vai sendo preparado para entrar no Seminário Propedêutico diretamente, no Propedêutico”, explica.

O padre conta que ainda há poucos seminários com regimes de internato no País e que a decisão de transformar o Seminário em um Centro Vocacional é uma experiência que a entidade está fazendo esse ano. “O Seminário Menor Mãe de Deus não terá seminaristas no regime de internato, mas poderá acompanhar um número muito maior de adolescentes nos encontros de final de semana e alguns encontros mais extensos nas férias de julho, em alguns feriados. Então, o Seminário Menor Mãe de Deus vai continuar o seu trabalho durante este ano. Eu continuo como reitor do Seminário Menor Mãe de Deus, mas acompanhando os meninos nas suas cidades, nas suas famílias, nas suas paróquias e regularmente trazendo os meninos para o seminário, para esses encontros, para essas experiências, para manter acesa a chama da vocação”, disse o padre Hélio.

Ele também conta que a transformação em Centro Vocacional auxiliará a estar mais próximo da comunidade. “Durante a semana, eu vou ter mais possibilidade de visitar a família dos vocacionados, de ir aonde eles se encontram. Vou fazer isso nas outras cidades da nossa diocese. Em alguns finais da semana que me sobrarem, também vou realizar missas vocacionais nas paróquias, nas comunidades, fora aqui de Irati e em outros lugares, para ajudar a despertar esse desejo de ser padre, de seguir a vocação”, conta.

Quem possui alguma criança que manifeste a intenção de ser padre, o primeiro passo é envolvê-la nas atividades da igreja e da comunidade. “O primeiro passo é ajudar a cultivar esta vocação. Às vezes, o menino com seis, sete anos, já começa a manifestar o desejo de ser padre. São sinais de que tem um amor especial pela igreja. É porque o que é o sacerdócio? O sacerdócio é a entrega total de vida, pela igreja, e pela igreja, no sentido, não só os padres e o clero, mas o povo de Deus e as pessoas a quem a igreja ajuda. Isso já vai sendo despertado no coração na infância, depois na adolescência”, conta.

A família também deve entrar em contato com a sua paróquia para conversar sobre o encaminhamento da criança para os encontros regulares de formação. Em Irati, os encontros regulares funcionarão por idade, sendo um grupo até 12 anos, depois um grupo de 12 a 15 anos, um grupo de 16 e 17 anos e outro grupo para jovens acima de 18 anos. Cada encontro acontecerá em um fim de semana do mês.

Nos encontros, os jovens e crianças terão diversas atividades. “Nesses encontros, eles têm a oportunidade de participar de momentos de oração, momentos de formação, do estudo da Bíblia, do estudo da doutrina da igreja, o momento de esporte. O Seminário Mãe de Deus tem um espaço extraordinário para o esporte. Tem um campo de futebol, tem a quadra, tem a parte das mesas de sinuca, tem a parte do pátio onde fazemos gincana e outras provas. Momentos de esporte e momentos de aprendizado sobre o cuidado, o cuidado de si mesmo, o cuidado da casa. São coisas assim que acontecem nesses encontros”, explica.

Também há a possibilidade de se tornar padre após a vida adulta. “Nós temos em Carambeí, o Seminário Propedêutico, que é para aqueles que sentem o chamado já perto dos 18 anos ou depois dos 18 anos, que vão fazer essa etapa do Propedêutica. Esses já têm o Ensino Médio completo, já tem essa etapa do estudo. Então, começa direto no Seminário de Carambeí, no Seminário Propedêutico. A maioria dos padres que nós temos hoje fizeram essa experiência”, disse.

No caso de pessoas mais velhas também há essa possibilidade no Paraná. “Para aqueles que já concluíram o Ensino Médio, até já fizeram alguma faculdade, já exercem alguma profissão e sentem ainda que Deus tem um chamado para o sacerdócio, que é a vocação adulta que chamamos. Nós temos em Curitiba um seminário, que é o Instituto IDE, que é para a formação de adultos para o seminário. Eles não vão fazer aqueles oito anos de seminário normal, que normalmente todos fazem, mas vão fazer a faculdade de Filosofia pelo modo EAD, vão participar de encontros de fim de semana e de feriados em Curitiba. No decorrer, desses seis anos de formação que eles têm lá, nos últimos dois anos que eles vão viver de uma maneira interna”, conta o padre Hélio.

Ele destaca que a vocação sacerdotal não é apenas uma escolha de profissão, mas um chamado. “Não é simplesmente como se fosse uma profissão. Ser padre é sentir um chamado de Deus, é perceber que tem algo que está tocando para que a pessoa siga esse caminho. Isso acontece com os adolescentes, acontece já quando criança ou acontece mais tarde na vida”, disse.

Há casos em que o chamado ocorre após o sacramento do matrimônio. No caso de homens viúvos, é possível que se tornem padres já que com a morte, a aliança do sacramento do matrimônio já não existe. “Nós temos alguns casos da pessoa que foi casada na igreja, de repente, faleceu a esposa. Este homem, já com filhos e netos, iniciou um caminho de preparação para sacerdócio e foi ordenado padre. Nós temos o caso do padre Noé, que é do interior de Fernandes Pinheiro, na época pertencia a Teixeira Soares. O padre Noé Borges que faleceu no ano passado. O padre Noé era viúvo e depois tornou-se padre, tornou-se sacerdote. Tínhamos uma outra situação em Castro também já com a idade mais avançada, o padre Juarez, em Castro. Já era avô, mas era viúvo há um bom tempo. Fez a formação para o sacerdócio e tornou-se padre. Também já é falecido”, disse.

O Seminário Mãe de Deus está localizado no bairro Camacuã. É possível entrar em contato e acompanhar as atividades pelas redes sociais, na página do Facebook @maededeusirati ou no Instagram, no perfil @menormaededeus.