Secretário de Estado da Cultura visita obra do Centro Cultural de Irati

João Luiz Fiani disse que veio a pedido do governador Beto Richa, em missão oficial,…

26 de fevereiro de 2016 às 10h49m

João Luiz Fiani disse que veio a pedido do governador Beto Richa, em missão oficial, para averiguar a situação

Edilson Kernicki, com reportagem de Marli Traple

O secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani, visitou nesta quinta-feira (25) a construção do Centro Cultural Denise Stoklos. A obra está paralisada desde o final do mandato do ex-governador Orlando Pessuti, em 2010. O secretário afirma que veio a Irati “em missão oficial”, a pedido do governador Beto Richa (PSDB), mas não anunciou nenhuma novidade concreta em relação a prazos ou procedimentos relacionados à continuidade da construção que, aliás, é de responsabilidade da pasta de Ciência e Tecnologia. 

Fiani, que é também ator e diretor, afirmou na ocasião à reportagem da Najuá que, mais do que um sonho da classe artística local, a conclusão dessa obra é sonhada pelos artistas de todo o Paraná. “Como amigo de Denise Stoklos, tenho o maior interesse e sempre torci por esse espaço, para que ele seja inaugurado o mais rápido possível”, comentou Fiani. Desde outubro, um grupo de pessoas relacionadas à cultura e simpatizantes iniciou um movimento que visa pressionar o governo estadual a retomar as obras o mais breve possível. Foi realizado um manifesto em frente ao local onde vinha sendo construído o Centro Cultural e, alguns dias depois, o Conselho Municipal de Cultura e autoridades tiveram uma reunião com o secretário estadual de Cultura, em Curitiba.

Fiani ressaltou que, apesar de ser um dispositivo cultural, a obra não integra a pasta que ele representa, desde que o local foi passado para a Unicentro. A partir de então, o Centro Cultural Denise Stoklos passou a ser responsabilidade e interesse da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI). “Tomei a frente porque sou ator e diretor de teatro. O governador [Beto Richa] gosta muito de teatro e falou ‘Fiani, vá a Irati, veja o que está acontecendo e me coloque a par da situação para ver onde que podemos realmente agir’. Estou aqui numa missão oficial, a pedido do nosso governador, para que resolvamos isso da melhor maneira possível”, comenta.

Planejado para ser o segundo maior teatro do Paraná, hoje em dia o tamanho do Centro Cultural Denise Stoklos é visto pelo governo como um problema. “O teatro ficou muito grande e o custo é muito alto. Todo mundo sabe, todo mundo é consciente da situação atual do país, e vamos tentar viabilizar, talvez com pequenas alterações no projeto inicial para que ele seja finalizado o mais rápido possível”, justifica o secretário de Cultura.

Fiani disse ainda já ter conversado com João Carlos Gomes, secretário de Ciência e Tecnologia, responsável pela obra. Gomes teria afirmado sua preocupação em resolver o quanto antes as pendências para que a construção prossiga. “Nosso objetivo é realmente tirar esse espaço desse estado [obra paralisada] e fazer ele funcionar como merece”, conclui.


Circula Paraná

A visita de Fiani a Irati teve outros objetivos, como a divulgação do novo programa “Circula Paraná”, de apoio a projetos culturais aprovados com fundamento no artigo 18 da Lei Federal 8313/1991 – a Lei Rouanet. Para que obtenham incentivos fiscais de empresas públicas e/ou empresas de economia mista, os projetos devem objetivar a circulação de produtos culturais e para a realização de mostras, festas e festivais de arte e cultura, além de estarem previstos para ocorrer em 2016. O secretário de Cultura considera que Irati e a região são bastante profícuos nesse aspecto.

Fiani também esteve na Casa do Iapar, o chamado Palácio de Pinho, prédio tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. “Vou conversar com o pessoal do IAPAR e ver se conseguimos transformar aquele num espaço cultural, num museu. Acho que aquele local tem uma vocação cultural muito grande, que temos que fazer funcionar logo também”, adiantou.

Relembre histórico da paralisação das obras do Centro Cultural

Com entrega prevista para dezembro de 2010, as obras do Centro Cultural Denise Stoklos estão paradas desde outubro daquele ano, quando Orlando Pessuti governava o estado, em substituição a Roberto Requião, que se licenciara do cargo meses antes para concorrer nas eleições para o Senado. A construção começou a ser erguida em 2007 e foi considerada como um presente ao município, que comemorava seu centenário.

Em maio de 2010, o Estado já tinha liberado metade dos recursos para a obra, inicialmente orçada em R$ 13 milhões. Um mês depois, já se cogitavam atrasos na entrega, por falhas no projeto inicial, as fortes chuvas e a troca de secretário de Desenvolvimento Urbano. Quando foi paralisada, 47% dos trabalhos já tinham sido executados e metade do orçamento inicial – ou seja, R$ 6,5 milhões – já tinham sido liberados. No entanto, foram aplicados apenas cerca de R$ 920 mil na construção.

Já em março de 2011, uma comitiva do governo estadual veio até Irati avaliar as condições da obra. Na ocasião, o então novo governador estadual Beto Richa tinha decretado período de moratória por 90 dias. Além do Centro Cultural, todas as demais obras do Estado estavam paralisadas.

Durante todo o ano muito se prometeu sobre uma eventual retomada das obras até o início de 2012, quando uma nova página dessa história começou a ser escrita: um acordo entre a Unicentro e as Secretarias Estaduais de Cultura, de Desenvolvimento Urbano e de Ciência e Tecnologia repassaram tanto o terreno quanto a obra para as mãos da universidade. Ainda havia pendências documentais quanto à posse do terreno, que foi doado pela Prefeitura ao Estado.

Um ano depois, a construção acabou virando meme de Facebook: uma piada sobre a paralisação das obras “viralizou” na internet. O local foi apelidado de “Oca Gigante” ou “A maior fábrica de balaios do mundo”, por servir de abrigo aos indígenas de passagem pela cidade e ali eles permaneciam fabricando seu artesanato em vime. O local de abrigo se tornou estratégico para os índios que vêm a Irati, pois, na época, a Rodoviária provisória ficava ao lado da construção.
Em setembro de 2013, o ex-secretário estadual de Cultura, Paulino Viapiana, estipulou uma nova data para a inauguração do Centro Cultural: até o final de 2014. A Paraná Edificações revisou o projeto e indicou que os R$ 6,5 milhões que a Unicentro dispunha para terminar a construção eram insuficientes. Segundo a revisão do projeto, agora seriam necessários R$ 9,7 milhões.

A última notícia do governo estadual em relação à obra é de agosto de 2014, quando o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, disse que a liberação de recursos ainda dependia da finalização do projeto.

A inauguração do Centro Cultural Denise Stoklos é vista com anseio pela Unicentro, que pretende usar o espaço para abrigar, no futuro, um curso de graduação em Artes Cênicas.

Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.