Ismary Llañes também alertou para a dificuldade de encontrar profissionais para atender algumas especialidades, como neuropediatria, endocrinologia e reumatologia/Paulo Sava

Em audiência pública realizada na tarde da última quinta-feira, 26, na Câmara de Irati, a secretária municipal de saúde, Ismary Llañes, afirmou que a alta demanda impede a redução da fila de espera para consultas especializadas. Ela também alertou que faltam profissionais para atendimento de algumas especialidades.

“Eu sempre falo que zerar é difícil, fila de especializada não vai zerar nunca porque sempre vai ter demanda de pacientes, de médicos, que dizem que as pessoas precisam consultar e fazerem outros procedimentos. Zerar é difícil, mas temos que ir vendo alternativas. Na pediatria, todo mundo diz que seria bom ter mais pediatras. Nós temos um credenciamento, isto é, qualquer profissional que chegar pode se credenciar para trabalhar conosco. Conseguiremos pagar estes profissionais. Não é por falta de dinheiro nem de interesse que venham estes médicos: o problema é que não temos profissionais. Estamos com credenciamento aberto de obstetrícia, de pediatria, e chegando os profissionais, conseguiremos melhorar estes atendimentos”, comentou.

Outros setores da saúde iratiense também sofrem com a falta de profissionais, como a neuropediatria, a endocrinologia e a reumatologia, segundo Ismary. “Neuropediatria, endocrinologia e reumatologia estão em situação crítica. Às vezes, você tenta melhorar, diminuir (a fila), mas não consegue porque não tem prestador. Mesmo tendo dinheiro na mão para pagar, não conseguimos comprar (o serviço) porque o mercado de trabalho não tem este funcionário, este profissional. Nós trazemos sempre um relatório detalhado da nossa realidade na produção e nos indicadores”, contou.

AME – Ismary acredita que a inauguração do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) irá atrair profissionais de diversas especialidades, o que pode amenizar a falta de médicos especialistas. A entrega da obra está prevista para dezembro. “Não sei se vão conseguir, mas para o município vai ser maravilhoso porque acho que ali vamos conseguir atrair mais profissionais para as especialidades que precisamos”, comentou.

Atendimentos – Ismary também apresentou alguns números relacionados aos atendimentos feitos pela secretaria nos últimos meses. No total, entre maio e agosto, foram feitas 48925 consultas, sendo 27795 ambulatoriais, 2121 nas áreas de ginecologia e obstetrícia, 2870 de pediatria e 16139 de urgência e emergência. Houve um aumento na quantidade de atendimentos em relação ao segundo quadrimestre de 2023, quando foram feitas 48051 consultas.

A Secretaria de Saúde também realizou 208.896 exames e 7365 atendimentos odontológicos, além de 28366 consultas e exames especializados. Nas farmácias dos postos de saúde e da Unidade Ildefonso Zanetti, foram distribuídos mais de 4 milhões de medicamentos. Já a clínica de fisioterapia fez 8538 atendimentos e tem uma lista de espera de 75 pacientes.

Taxa de mortalidade infantil – A taxa de mortalidade infantil no segundo quadrimestre de 2024 ficou em 13,6 mortes a cada 1 mil nascidos vivos. No total, desde janeiro até agosto nasceram 430 bebês; destes, seis acabaram falecendo. Segundo Ismary, o número de óbitos de bebês aumentou e a quantidade de nascimentos diminuiu em relação ao segundo quadrimestre de 2023, quando a taxa de mortalidade ficou em 4 mortes por mil nascidos vivos, com 491 nascimentos e dois óbitos. Já em 2022, a taxa ficou em 8,23, com 486 nascimentos e quatro mortes.

“O que acontece é que o número de falecidos aumentou, mas também diminuiu a quantidade de nascimentos. Se há uma equiparação entre os números de mortes e nascimentos, não faz muita diferença na taxa”, ponderou.

Ismary citou dois casos de falecimentos de bebês como exemplos. Em um deles, um recém-nascido de 24 dias morreu após sofrer uma asfixia por causa do próprio vômito. Outro bebê, que nasceu prematuro, morreu com apenas 3 dias de vida. Segundo Ismary, em algumas das seis situações registradas, as mortes das crianças poderiam ter sido evitadas se fosse dada uma atenção melhor para cada caso.

“O que acontece é que todas estas seis (mortes) entram na mesma taxa. Só que, analisando, conseguiríamos ter evitado quatro falecimentos dando uma atenção mais detalhadas, fazendo sempre o melhor. Os dois últimos não conseguiríamos evitar porque os dois últimos, um deles tinha seis dias e o outro, 11 horas de vida. Os dois tinham uma formação cardíaca complexa e não era compatível. Nos outros casos, o primeiro é uma criança de três meses com uma cardiopatia pulmonar, mas a morte era evitável, pois a doença era mais simples. O outro tinha imaturidade extrema, com idade gestacional de 23 semanas. Ele durou só uma hora”, frisou.

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Partos – Ainda na área da maternidade, no segundo quadrimestre deste ano, Irati teve 218 partos, sendo 84 normais (38,5% do total). A meta pactuada em 2019 com o Ministério da Saúde é de 39% de partos normais entre todos os realizados no município. Já o número de adolescentes grávidas (meninas com idades entre 10 e 19 anos) chegou a 20 gestantes, ou seja, 12% do total.

Mamografias e preventivos – Outra questão que causa bastante preocupação é a quantidade de mamografias e exames preventivos de câncer de colo de útero realizados entre maio e agosto. No total, foram feitos 773 preventivos e 330 mamografias, quantidades consideradas baixas pela secretária. Se forem descobertos a tempo, o câncer de mama e de colo de útero podem ser curados, de acordo com Ismary.

“Toda mulher precisa ir ao posto de saúde e perguntar. A cada dois anos, o Ministério da Saúde orienta que tem que fazer a mamografia para diagnosticar precocemente o câncer de mama. Toda mulher de 25 a 64 anos precisa realizar o preventivo, que é um exame de rastreamento em que você consegue detectar o câncer em estágio inicial e tratar. Eles são dois tipos de cânceres que, se detectados em estágios iniciais, a porcentagem de cura é grande. Daí a importância de continuarmos com a batalha para as mulheres realizarem estes exames”, comentou.

No mês de outubro, o Ministério da Saúde promove a campanha “Outubro Rosa” em todo o Brasil, com objetivo de conscientizar as mulheres a respeito da importância da realização das mamografias e do preventivo. Neste período, algumas unidades de saúde de Irati estão com horário estendido para atender as pacientes.

Casos de dengue – Ismary também ressaltou que o número de casos de dengue diminuiu no município. No segundo quadrimestre, sete pacientes foram infectados no município. Em setembro, foram três ocorrências, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA) na última terça-feira, 24. Em todos os casos, os pacientes foram contaminados dentro do município.