Santa Casa de Irati suspenderá consultas e cirurgias eletivas na terça-feira

Procedimentos marcados serão transferidos para outra data em virtude da mobilização, que quer mostrar situação…

15 de abril de 2022 às 23h49m

Procedimentos marcados serão transferidos para outra data em virtude da mobilização, que quer mostrar situação financeira da Santa Casa que possui um déficit de R$ 450 mil por mês/Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava e Rodrigo Zub

Imagem de corredor da Santa Casa de Irati registrava no ano de 2020. Foto: Rádio Najuá/Arquivo

A Santa Casa de Irati irá suspender consultas e cirurgias eletivas na terça-feira (19) como um ato da campanha “Chega de Silêncio”. Pacientes com consultas e cirurgias eletivas marcadas terão os procedimentos transferidos para outra data. A campanha tem o objetivo de mobilizar a região mostrando as dificuldades financeiras das Santas Casas no Brasil.

De acordo com dados da Santa Casa de Irati, o hospital possui um déficit mensal de R$ 450 mil. Isso ocorre porque as receitas operacionais giram em torno de R$ 2 milhões e 130 mil e as despesas somam R$ 2 milhões e 620 mil, trazendo o saldo negativo de R$ 450 mil.

Os dados foram apresentados em uma reunião com prefeitos da região na terça-feira (12), na Amcespar. Na reunião, o diretor administrativo da Santa Casa de Irati, Sidnei Barankievicz, explicou que se for aprovado o reajuste de 15% como pedido pelo sindicato e o piso para enfermagem que está sendo discutido no Congresso Nacional, esse déficit mensal poderá chegar a R$ 1 milhão.

Segundo representantes da Santa Casa, o prejuízo mensal do hospital ocorre pela falta de reajuste da chamada Tabela SUS, que é uma tabela com preços de referência usada por governos para o pagamento de procedimentos feito pelo SUS. O presidente da Amcespar, o prefeito de Inácio Martins, Junior Benato, destaca que há procedimentos com preços abaixo do mercado. “Hoje tem cirurgias que tem o custo de R$ 400. É um absurdo que são feitos ali na Santa Casa! Vários procedimentos que há mais de dez anos não têm a sua atualização das tabelas. Foi nos apresentado todos os custos e os recursos que a Santa Casa recebe tanto do consórcio, quanto do Governo do Estado e o Governo Federal está muito aquém de suprir simplesmente a necessidade do custeio desses serviços”, afirma Benato.

Outro agravante é a desatualização do convênio firmado com o Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS/Amcespar). O acordo prevê a realização de 30 cirurgias e 400 consultas eletivas, sendo que atualmente são realizadas aproximadamente 55 cirurgias e mais de 600 consultas por mês. A presidente do CIS/Amcespar, a prefeita de Fernandes Pinheiro, Cleonice Schuck, garantiu na reunião que o acordo deverá ser revisto e atualizado.

O presidente da Amcespar destaca que é difícil para os municípios investir mais recursos devido à baixa arrecadação. Além disso, os municípios já investem o valor preconizado na Constituição Federal, que também prevê um investimento mínimo em saúde pública do Governo Federal e Estadual. “Nós não poderíamos colocar mais dinheiro sem ter mais oferta de serviços, mas como é que vai ser essa capacidade de oferta de serviços, sem a contratação de mais profissionais que iria impactarem mais gastos? Nós precisamos achar uma conta”, disse.

Para Benato, o momento é de pressionar os governos federal e estadual para conseguir mais investimentos. “Nós precisamos, neste momento, fazer uma pressão, tanto no Governo do Estado, quanto no Governo Federal, que atualizem essas tabelas do SUS, que vai ali consultas na faixa de R$ 40 a R$ 60 são pagos para os médicos. Os médicos não querem mais receber Tabelas SUS. Eles têm as suas clínicas, mas ainda estão atendendo na Rede SUS. Isso está agravando o problema da Santa Casa”, explica.

Outra solução discutida entre os prefeitos é que exames da região possam ser concentrados na Santa Casa de Irati. O presidente da Amcespar destaca que o assunto será discutido no Governo Estadual, mas é preciso também estar atento se a Santa Casa possui infraestrutura para realizar os exames requeridos. “Isso que agora vamos nos reunir com o secretário de Saúde do Estado do Paraná, porque tem algumas situações que são preconizadas para outras referências. Por exemplo, quem tem um sistema de saúde que envolve a 4ª Regional é o município de Curitiba, sobre o sistema e saúde. Quando precisa de algum encaminhamento nos sistemas de saúde dos nossos municípios, entra no sistema de Curitiba e ele distribui essas consultas para outras localidades. Nós queremos que o Governo do Estado, através do novo secretário, que seja concentrado. Para que o nosso recurso, ao invés de ir para outros lugares, seja concentrado na Santa Casa”, disse.

Os prefeitos também decidiram pressionar pelo reajuste da Tabela do SUS durante a XXIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, que acontece em Brasília entre os dias 25 e 28 de abril. Os prefeitos buscarão seus representantes políticos em esferas superiores para pedir recursos para custeio da Santa Casa de Irati. “Eu pedi para que os nossos prefeitos na Marcha, que agora está na época das emendas de transferências especiais. É muito mais flexível as transferências para os municípios, até para aplicação do recurso dentro do município, mas que seja concentrado para a entidade Santa Casa. Ao invés de pedir o recurso para o meu município, eu estou direcionando o recurso, que o parlamentar atenda diretamente a Santa Casa. É possível dentro dessa entidade, apontada pelo parlamentar, que o Governo Federal aporte recursos financeiros”, destaca Benato.

A Amcespar irá formalizar o pedido. “Inclusive vou formalizar um documento para cada parlamentar que tem o seu município, todos os municípios da nossa região que tem a característica de ser atendida pelo parlamentar, independente de qual sigla partidária ou qual parlamentar for, todos receberão um ofício da Amcespar para que canalize o recurso financeiro pelo menos para diminuir essa dívida existente há muitos anos dentro da Santa Casa”, explica.

Para o presidente da Amcespar, os recursos federais são imprescindíveis, pois ajudarão a Santa Casa a não aumentar a dívida que está estimada em mais de R$ 10 milhões. “Não é uma bola de neve, mas está se empurrando com a barriga. Foi feito, inclusive, empréstimos financeiros em instituição financeira como Caixa Econômica e outros bancos, para pagar dívidas da Santa Casa. Essa dívida continua rolando, que são pagos mensalmente”, conta.

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