Santa Casa de Irati volta atrás e decide não paralisar atendimentos

Depois de conversa com representantes da SESA e deputados, instituição estipulou um prazo de até…

18 de abril de 2023 às 18h03m

Depois de conversa com representantes da SESA e deputados, instituição estipulou um prazo de até dois meses para que seja feito um reajuste nos procedimentos com o Estado/Paulo Henrique Sava

Funcionários se reuniram com a diretoria da Santa Casa de Irati na manhã desta terça-feira, 18. Foto: Paulo Henrique Sava

A direção da Santa Casa informou nesta terça-feira, 18, aos funcionários e colaboradores, que decidiu não paralisar os atendimentos no hospital pelo menos nos próximos 2 meses, ao contrário do que havia sido informado nos últimos dias, quando havia tomado a decisão de suspender os atendimentos. A informação foi confirmada pelo provedor da Santa Casa, Ladislao Obrzut Neto, provedor do hospital, em um encontro realizado na manhã de hoje, na rampa de acesso ao Hospital. A paralisação seria feita por conta das dificuldades financeiras enfrentadas pelo hospital, que chega a ter um déficit mensal de R$ 400 mil.

“Conversamos com os deputados Ademar Traiano, Alexandre Curi e Hussein Bakri, e na própria SESA, onde eu aceitei uma colocação feita pelo Ian (Lucena Sonda), que é o chefe de gabinete do secretário Beto Preto, no tocante a se fazer uma parada e pensar sobre o nosso movimento. Isto não quer dizer que o movimento parou: apenas estamos aceitando a colocação do Ian, que é de, em 2 meses, rever e fazer os reajustes nos procedimentos, que vão acontecer com a Santa Casa de Irati e com outras Santas Casas do Paraná”, frisou.

Reunião hoje pela manhã em Curitiba. Foto: Assessoria do deputado Hussein Bakri

A assessoria do deputado Hussein Bakri divulgou em suas redes sociais sobre a reunião que ocorreu hoje em favor da Santa Casa e da unidade do Hospital Erasto Gaertner de Irati.

A SESA também solicitará apoio aos prefeitos dos municípios da região para que haja um repasse financeiro para custeio da Santa Casa. Além disso, deve ser feita uma revisão na contratualização com a pasta, pois a diretoria acredita que o hospital está sendo penalizado quando deixa de cumprir qualquer quesito deste acordo.

“A promessa é essa, de rever em 2 meses e fazer o acerto financeiro, em termos de reajuste de pagamentos de convênios, a questão da revisão do nosso contrato e a conversa com os prefeitos para haver repasse financeiro. É um movimento muito importante, e fico feliz porque houve uma mobilização geral nossa, onde todos estão interessados que a Santa Casa permaneça como ela é: capaz, com uma capacidade técnica excelente, através dos seus colaboradores e dos profissionais que aqui trabalham. Nós sempre tivemos qualidade, mas precisamos ser bem remunerados, tanto para repasse e pagamento de salários como para mantermos compromissos com fornecedores”, afirmou Ladislao.

Na foto, o vereador Jerônimo Tasior, de Teixeira Soares (ao fundo), o provedor da Santa Casa, Ladislao Obrzut Neto, e o presidente do Conselho Deliberativo, Luiz Ângelo Fornazari. Foto: Paulo Henrique Sava

Ladislao afirmou que, se as promessas não forem cumpridas ao final do prazo de 2 meses, fará uma nova reclamação junto à SESA. O presidente do Conselho Deliberativo da Santa Casa, Luiz Ângelo Fornazari, afirmou ser necessário que a sociedade saiba sobre as dificuldades que a entidade enfrenta. Para ele, mesmo com o pedido de prazo feito pela SESA, o movimento em prol do hospital não parou.

“Esse nosso movimento não parou, muito pelo contrário: agora temos um objetivo maior, temos uma negociação feita e a nossa mobilização continua, vamos ficar de olho e ver se tudo isso vai acontecer. Não podemos parar o movimento, e é daqui que vamos continuar, vamos colocando coisas nas redes sociais, fazendo um acompanhamento e vamos capilarizar cada vez mais para toda a região como está o andamento. Em dois meses, estaremos aqui para saber o que aconteceu e, se Deus quiser, comemorarmos esta vitória de que fomos vistos pela sociedade por nossa importância para a região”, frisou.

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Servidores – A enfermeira Suzane Isabel Klasmann demonstrou preocupação com a situação financeira da Santa Casa. “Nós estamos vendo já há algum tempo a necessidade e os problemas financeiros pelos quais a instituição está passando. Não havia necessidade de chegar a uma situação dessas se houvesse uma preocupação real com a população. Pedimos junto aos estados e municípios que haja uma união, um fortalecimento e uma preocupação, porque o dano maior vai ser com relação aos colaboradores e à população de Irati e dos municípios que fazem parte da 4ª Regional de Saúde. Solicitamos única e exclusivamente a sobrevivência da Santa Casa de Irati, para que ela continue prestando serviços à comunidade”, relatou.

Hélcio Luiz Menon, que atua há 43 anos na Santa Casa, afirma que os problemas financeiros vêm acometendo a Santa Casa há muito tempo. “Isto que está acontecendo não é de hoje, mas vem de muitos anos, e sempre há promessas. Entram e saem prefeitos e vereadores, todos usam a saúde como ponto para eles, mas na hora que é necessário, desaparecem todos. Ninguém faz uma colaboração ou vem ver como está a situação, e aqui, como estamos regionalizados, atendemos muita gente. O povo coitado é quem paga, que sempre vem aqui nas filas e fica esperando por um atendimento, mas nunca sai atendido. Eu espero que não sejam 2 meses só de promessas para levar daqui a 2 meses de novo: que eles atendam a nossa população e o nosso hospital. Isso aqui não é uma brincadeira, pois estamos lidando com vidas humanas”, frisou.

Paloma Barauce, funcionária do setor de Recursos Humanos da Santa Casa, espera que as revisões prometidas pela SESA não fiquem só no papel. “Não é de hoje que o Hospital está dizendo que não está em uma situação financeira boa: mensalmente tem dívidas que não são pagas. A Copel, por exemplo, geralmente fica para trás porque não tem dinheiro para pagar. Os próprios funcionários, que sempre são pagos em dia, neste mês específico tivemos que fazer o pagamento de 50% do valor, pois não tínhamos o valor integral. A nossa situação está crítica, e esperamos que a população colabore, perceba que realmente não está fácil. O pessoal comenta da demora nas filas, mas precisamos de um incentivo. A nossa situação está bem complicada”, pontuou.

O vereador Jerônimo Tasior, de Teixeira Soares, também reclamou da defasagem da tabela do SUS nos últimos anos. “Há uma defasagem muito grande do SUS, da tabela de pagamentos. Tudo subiu, triplicando de preços, e o valor das AIHs (Autorizações de Internações Hospitalares) não foi recompensado. Então, não há o que suporte. Políticos gostam de construir obras, mas não é isso que salva vidas, mas sim o ser humano, o profissional, que salva a vida das pessoas. Por isto, pedimos apoio aos nossos governantes e deputados, e contem com meu apoio como vereador, mas eu gostaria muito que os prefeitos da AMCESPAR se unissem, pois este é um interesse da região e não de um município ou de outro. Eu gostaria de pedir aos nossos prefeitos que se unissem e cobrassem das nossas autoridades estaduais e federais para que haja mais investimentos nesta instituição”, finalizou.

Vereador Jerônimo Tasior, de Teixeira Soares. Foto: Paulo Henrique Sava
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