“Em um primeiro momento, ela [Sanepar] vai cuidar da operação de aterros. Mas desde já tem o foco na busca de novas tecnologias. Precisamos acabar com a era de enterrar lixo. Vivemos a era da reciclagem, da compostagem, da transformação do lixo em energia elétrica, em fertilizante”, explica Ghignone, presidente da estatal.
Fernando Jasper/Gazeta do Povo
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) planeja reforçar sua presença em um segmento no qual atua de maneira tímida, mas que considera promissor: a gestão de resíduos sólidos, por meio da operação de aterros sanitários e reaproveitamento de lixo.
Na gestão de resíduos, a meta de criar um robusto banco de projetos passou a constar do planejamento estratégico da Sanepar. Além de contar com o trabalho de seus técnicos, a companhia pretende lançar em breve uma chamada pública de “perspectiva de negócios”. A intenção, segundo o presidente da companhia, Fernando Ghighone, é atrair “pessoas que tenham grandes ideias ou grandes projetos no setor de saneamento”. “Estamos apostando na criatividade, na competência empresarial, na capacidade de nossos cientistas. Quem tiver uma ideia, que traga para a gente, vamos conversar”, diz.
Dessa chamada, segundo o executivo, podem surgir bons projetos para a área de destinação final de resíduos sólidos, para a qual a companhia está olhando com mais atenção. A Sanepar faz desde 2002 a coleta de lixo e a operação do aterro sanitário em Cianorte e, desde 2010, é a responsável pelo aterro de Apucarana. E criou neste ano uma gerência específica para essa atividade.
“Em um primeiro momento, ela vai cuidar da operação de aterros. Mas desde já tem o foco na busca de novas tecnologias. Precisamos acabar com a era de enterrar lixo. Vivemos a era da reciclagem, da compostagem, da transformação do lixo em energia elétrica, em fertilizante”, explica Ghignone. Como a Sanepar tem pouca experiência nessa área, está buscando conhecer as tecnologias disponíveis. “Temos conversado com profissionais da Alemanha, da França, da Coreia do Sul. E nessa chamada pública que vamos lançar pode aparecer muita coisa interessante.”
Coleta e tratamento de esgoto
Na área de coleta e tratamento de esgoto, a Sanepar tem a meta de elevar de 62% para 72% o índice de atendimento em sua área de atuação. “Hoje atendemos 62% da população, mas apenas 40% dos municípios. É um déficit que resgataremos, em parte. O projeto é chegar a 60% deles até 2014”, diz o presidente da estatal. Ele promete empenho para levar a companhia aos 55 municípios paranaenses onde ainda não opera.
Pouco mais de R$ 1,7 bilhão do investimento projetado para os próximos anos já está “garantido”, nas palavras do Executivo. Esse volume, a ser investido até 2013, é composto por 30% de recursos próprios, 45% de fontes externas e uma fração de 25% a ser definida: pode ser capital próprio, financiamentos de bancos públicos e agências internacionais ou mesmo do mercado de capitais. Uma das fontes externas é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e seu braço de participações, a BNDESPar, que comprarão o lote de R$ 395 milhões em debêntures (títulos de dívida privada) que a Sanepar vai emitir, com resgate entre 10 e 13 anos.
Ghignone também conta com recursos federais, a fundo perdido, para o atendimento a pequenos municípios, onde a cobrança de tarifa não cobre o investimento – a empresa pleiteia perto de R$ 250 milhões para 2012.
Tarifa ainda está defasada
O reajuste de 16% na tarifa, que entrou em vigor em abril, já ajudou a Sanepar a elevar seu lucro, mas ainda não foi suficiente para cobrir a defasagem acumulada após seis anos de “congelamento”. Segundo a atual direção da empresa, em 1º de janeiro o déficit tarifário era de 33% – ou seja, a tarifa cobrada do consumidor era inferior ao “custo real” de atendê-lo.