Parte da programação da 1ª Festa do Laço, em Fernandes Pinheiro, os saltos de paraquedas acabaram sendo feitos na Fazenda Xanadú, apenas por esportistas, por causa das condições do tempo/Texto de Karin Franco, com reportagem de Jussara Harmuch
Pista da Fazenda Xanadú onde os paraquedistas saltaram é de terra. Foto: Jussara Harmuch |
Uma das atividades da 1ª Festa do Laço em Fernandes Pinheiro no último fim de semana foi a realização de saltos de paraquedas na Fazenda Xanadú. Paraquedistas experientes demonstraram à população como o esporte é realizado.
Inicialmente estava previsto para acontecer um salto demonstrativo durante o desfile da Festa do Laço, na manhã de domingo (04), no Parque da Prainha. O salto contaria com o lançamento da bandeira do Brasil. Porém, a ação não aconteceu devido às condições adversas do tempo, que tinha vento forte e céu fechado.
Com isso, os saltos aconteceram somente na Fazenda Xanadú após às 15h, quando as condições de tempo normalizaram, com céu aberto e menos vento. Quem saltou foram pessoas que já tinham experiência com o paraquedismo. A programação contava com a possibilidade de as pessoas comuns saltarem com o instrutor (chamado salto duplo), mas isso não aconteceu em função do mau tempo.
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Mas isso não tirou o encanto de quem assistiu ao espetáculo dos paraquedistas. Em entrevista à Najuá, o morador de Fernandes Pinheiro, João Ricardo Vaz Ferreira, relatou como foi a experiência de acompanhar os saltos. “O evento que teve aqui em Fernandes Pinheiro no final de semana aqui dos saltos de paraquedas foi sensacional. Foi um marco aqui para Fernando Pinheiro, pois traz um pouco desse mundo da aviação, que é um pouco mais distante, mais próximo da população, para matar algumas curiosidades, até mesmo sobre avião, sobre equipamentos”, disse.
João possui curso de comissário, mas não trabalha na área. Ele é apreciador da aviação e trata isso com um hobby. “Eu, que sou entusiasta de aviação, tenho curso de comissário de voo, para mim foi sensacional. Estive perto, pude acompanhar, ver os saltos que houve. Mesmo que o tempo não colaborou muito, mas o que aconteceu lá, os saltos foram sensacionais. Não foi dessa vez ainda que eu saltei de paraquedas, mas é uma das metas da minha vida ainda saltar de paraquedas”, conta.
O morador de Irati, Jacó Molinari, também esteve na Fazenda Xanadú acompanhando os saltos. Durante contato com nossa reportagem, Jacó recordou o período que Irati possuía um aeroporto na região onde está instalada atualmente a empresa Yazaki. Ele também destacou que ao ver os saltos pode constatar que a pessoa que deseja praticar esse esporte precisa conhecer a parte teórica como o momento certo de acionar o paraquedas. “É exuberante a experiência. Realmente precisa ter uma grande experiência. O saltar do avião tem que ter um tempo certo para ele acionar o paraquedas, a gente pensa soltou abre já o paraquedas. Tudo é questão de ter o tempo certo para você acionar o paraquedas e ele abrir. Você no chão via a altura que estava o paraquedas. Realmente é magnífico. A pessoa para saltar de paraquedas deve ter uma grande experiência”, afirma Jacó.
Gustavo Schuck, André Antunes e outros paraquedistas que saltaram no domingo. Foto: Divulgação |
Morador de Irati, André Luis Antunes, realizou seu 30º salto. Ele realizou um curso para conhecer os detalhes técnicos do paraquedismo. “Eu fiz o curso e agora a gente está saltando sozinho um tempo já”, conta. Sibele Antunes, que é mãe de André, também pretendia saltar de paraquedas. No entanto, o tempo não proporcionou a realização do salto duplo. Outro morador da região com experiência no paraquedismo e praticante da atividade é o empresário de Fernandes Pinheiro, Gustavo Schuck, que realizou um curso e salta com frequência. No domingo, ele participou dos dois saltos realizados na Fazenda Xanadú.
O evento foi realizado em parceria com as empresas DZ 47 e a Flyway, que se associaram para esta ação. Gustavo Rofino, da empresa DZ 47 Paraquedismo de Tijucas/SC, foi o piloto que levou os paraquedistas para o salto. Gustavo contou que para o salto acontecer é preciso ir acima das nuvens. “O lançamento é feito a 10 mil pés, acima do nível do solo. Aqui já tem 2.795. Para lançar, 10 mil, eu vou subir a 13mil pés aqui. Essa camada de nuvens está por baixo aí uns 2 mil pés”, conta.
A DZ 47 também é uma escola formadora de paraquedistas e atua também com salto duplo, levando pessoas que não tem formação de paraquedismo e querem ter a experiência de saltar. O piloto conta que os paraquedistas saltam em queda livre a partir dos 10 mil pés. “O pessoal vai saltar a 10 mil pés. A queda livre vai até os 5 mil a 4.500 mil pés, que é a altura que eles comandam os paraquedas. Eles vêm, com os paraquedas acionados, e fazem o pouso deles. Eu venho com aeronave e pouso na pista”, disse.
Piloto Gustavo Rofino atua no Estado de Santa Catarina. Foto: Jussara Harmuch |
Felipe Prado é instrutor da empresa Flyway Paraquedismo, onde atua na parte de formação de paraquedistas e também do salto duplo. Ele conta que o salto de paraquedas é regulamentado no País, sendo um esporte que precisa obedecer a diversas normas. “O paraquedismo é um esporte muito normatizado. Nós temos uma Confederação Brasileira de paraquedismo, temos uma Federação Paranaense, no caso, eu pertenço a Federação Catarinense, sou o RTA da Federação Catarinense. E exige sim, vários aspectos têm que ser analisados antes da gente subir na aeronave”, conta.
Felipe Prado é instrutor da empresa Flyway Paraquedismo. Foto: Jussara Harmuch |
Antes de saltar, os paraquedistas analisam as condições e revisam os equipamentos. Um dos aspectos que precisam de atenção é a dobragem correta do paraquedas. Para isso, há um responsável que checa a segurança do paraquedas e as condições do material. É o caso de Vitor Sohn (Vitinho), que foi um dos paraquedistas que participou do salto. “Fazemos a parte de checagem de equipamentos. Os paraquedistas saltam, eles trazem os paraquedas abertos, eu dobro o paraquedas. Faço toda a parte dessa checagem para eles subirem de volta”, disse.
Vitor cuida da segurança dos equipamentos desde os 14 anos, quando começou a cuidar da dobragem do paraquedas. Atualmente, ele já salta e auxilia os alunos que querem aprender o esporte.
Ele conta que antes de saltar de paraquedas, os alunos precisam passar por um curso teórico para cuidar da segurança. “Quando o aluno vai saltar, ele faz todo o curso teórico, o treinamento. Ele aprende tudo sobre segurança do equipamento, aprender a checar o equipamento, se comportar no avião, se comportar na queda livre e se comportar na navegação. O salto só acaba quando ele joga o paraquedas aqui para eu dobrar”, explica.
A checagem dos equipamentos antes de um salto passa por diversas etapas. “A gente começa sempre pelo disparador automático que vai em todos os equipamentos, que é obrigatório o salto com ele. Ele dispara o paraquedas reserva, caso ele o paraquedista não abrir, ficar lá curtindo o salto lá, esquecer de abrir. Então, ele dispara”, conta Vitor.
Gustavo Schuck ao lado de Vitor Sohn, que é responsável em verificar as condições dos paraquedas. Foto: Jussara Harmuch |
O disparador automático é uma segurança ao paraquedista, caso o paraquedas principal, que fica na parte de baixo da sacola, não seja aberto. Ele dispara automaticamente o paraquedas reserva quando o paraquedista está entre 980 pés a 750 pés do chão. “A gente sempre checa os pinos do reserva e do principal. Checamos o pilotinho dele, onde abre o paraquedas principal, que a gente joga no vento e ele pega o atrito do ar e abre o paraquedas. A gente checa as três argolas, que é onde fica preso os tirantes do paraquedas principal. Checamos o SL, que também é um dispositivo de segurança que ele ajuda na abertura do reserva quando o paraquedas principal é desconectado. Esses são o desconector do paraquedas principal e o acionador do paraquedas reserva”, explica Vitor.
Caso dê um problema no paraquedas principal, o disparador automático pode não funcionar e o paraquedista deve acionar o paraquedas reserva de forma manual. “Caso aconteceu de você ver, identificou um problema no paraquedas, não consigo pousar com ele, nós desconectamos o paraquedas puxando essa bananinha vermelha e aí abre paraquedas reserva. É o procedimento padrão”, disse.
No salto, é o paraquedista que comanda o caminho por meio de uma cordinha que está atrelada ao paraquedas. O paraquedista comanda o paraquedas de acordo com a direção do vento que está no momento. “O piloto lança a gente num ponto do salto, que é onde sabemos que o vento está ajudando para trazer a gente, que chama PS. Saímos lá, vai abrir o paraquedas e vai fazer todos o circuito de pouso para pousar no local”, conta Vitor.
A região conta com paraquedistas, como a moradora de Imbituva, Marina Thomaz Sequinel. Ela pratica o esporte há nove anos e é associada à Flyway Paraquedismo de Santa Catarina, pertencente ao Aeroclube de Concórdia/SC. Ela comentou como o paraquedista controla a direção. “Ele tem dois botox. Se puxar os dois, ele freia. Diminui a razão da queda e vai mais devagar. Se puxar o direito, vai para a direita. Se puxar o esquerdo, vai para a esquerda. Se puxar os dois e segurar um pouquinho, ele diminui bastante a velocidade”, explica.
Jacó Molinari, o piloto Gustavo e outras pessoas que estavam na Fazenda Xanadú disseram que a administração municipal de Fernandes Pinheiro já manifestou interesse em construir um aeroporto com a pista pavimentada no local para incentivar o paraquedismo e também a aviação na região. Atualmente, a pista da Fazenda Xanadú é de terra.
André Antunes (centro) saltou pela 30ª vez. Ele está ao lado dos pais Nelsinho Antunes e Cibele Antunes. Foto: Jussara Harmuch |
Em entrevista à Najuá, o piloto Gustavo Rofino enfatizou que os saltos ocorrem acima dos 10 mil pés. Foto: Rodrigo Zub |