Rodeio de Irati teve participação de aproximadamente 40 mil pessoas

25 de julho de 2025 às 20h41m

Rodeio deste ano contou com mais espaço para o comércio local e shows gratuitos. Outra novidade foi a retomada da invernada artística/Texto de Karin Franco, com entrevista de Paulo Sava e Rodrigo Zub

Público acompanhando provas de laço no CT Willy Laars. Foto: Prefeitura de Irati

Cerca de 40 mil pessoas participaram da 35ª edição do Rodeio de Irati, no CT Willy Laars, durante os dias 10 e 13 de julho. Segundo o prefeito de Irati, Emiliano Gomes, a avaliação do evento foi positiva. “Nós abrimos para que o comércio local pudesse ter oportunidade e, ao mesmo tempo, esse retorno que significativamente, para nós, enquanto gestão, foi positivo para poder equilibrar. Ou seja, fazer um rodeio mais barato, com mais assertividade e atender as pessoas. E, ao mesmo tempo, deixar contentes os comerciantes que lá expuseram os seus produtos e venderam seus produtos”, disse.

A programação de quatro dias reuniu mais de mil competidores nas provas de laço, em diversas categorias. Os competidores disputaram provas como a Vaca Parada, o Laço Piá, Laço Guri, Laço Veterano, Laço Irmão, Pai e Filho, Patrão, Capataz, Laço Prenda, entre outras. Uma das novidades do 35ª Rodeio de Irati foi a realização da primeira prova de Vaca Gorda na quinta-feira (10), fato inédito desde o início do evento no município. O retorno da invernada artística foi outro ponto alto do evento, trazendo apresentações de música, dança e poesia que reuniu CTGs da primeira, segunda e sexta regiões tradicionalistas.

Para o prefeito de Irati, um dos destaques na organização foi que o município atuou mais na gestão, diminuindo custos e abrindo mais oportunidades para o empresariado iratiense. “Nós sentimos que essa mudança de chave, no sentido de abrir esse espaço, essa oportunidade para os comerciantes locais, é algo que ficou, de fato, bastante atrativo. Tiveram comerciantes de outros locais também, sim, mas os comerciantes locais aqui tiveram mais oportunidade nesse momento. Então, é algo que realmente fideliza e marca essa mudança no 35º rodeio”, conta.

O evento contou com 63 expositores, sendo que 43 comerciantes eram de Irati e outros 20 de outras cidades. Para o secretário de Indústria e Comércio, Oscar Muchau, o modelo adotado neste ano proporcionou uma participação maior dos comerciantes locais. “Nós tivemos a felicidade de convidar e até convocar o empresariado local, porque a nossa intenção era fazer com que nós tivéssemos uma cobrança desse espaço como cota de patrocínio. Na verdade, foi uma cota de patrocínio. Para os comerciantes locais, demos 50% de desconto no valor que foi cobrado dos regionais. Não abusamos do preço dos regionais também, porque o feedback deles também foi ótimo. Então, isso nos levou a ter uma simpatia dos comerciantes, independentemente de ser locais ou regionais, muito grande”, disse.

O empresário Walter Henrique Gaedicke, da empresa WA Lanches, participou pela primeira vez do evento e avaliou a experiência como positiva. “Colocamos dois pés no acelerador com a questão de estoque. Nós nos prevenimos bem e tocamos. Foi um sucesso muito grande de vendas. Tivemos quase que 100% do que planejamos, nós conseguimos vender. Também sentimos uma preocupação muito grande da prefeitura, com atenção a todos os comerciantes”, relata.

O funcionário e mestre cervejeiro da Taverna, Alexandro Mirkovski (Kisuco), comercializou chopp artesanal durante o rodeio. De acordo com Kisuco, a participação de comerciantes iratienses ajudou a economia local, pois eles também solicitaram trabalhos de outros prestadores de serviço do município. “Eu vejo que foi positivo, não só pelo que vendemos, mas o quanto que isso movimenta. Se você coloca um grupo de fora para vir para atender o município, esse grupo já vem com uma estrutura pré-preparada. Eles montam e se viram ali mesmo. Nós, por exemplo, precisávamos de barraca. Foi alugado aqui em Irati. Precisava levar as coisas para o rodeio. Precisava de um frete. Foi de Irato. Artistas para tocar lá, inclusive até o Jovito deu uma palhinha, foram aqui de Irati. Para instalar o som, foi alguém aqui de Irati. Acabou movimentando muito mais do que só a taverna, só no nosso comércio. Isso acaba envolvendo muito mais gente”, disse.

Além da participação do comércio local, o rodeio contou com empresas de outras cidades e estados. Uma das empresas foi a Abotaria Estilo de Guria, de Blumenau (SC), especializada em venda de produtos femininos. O empresário Evandro de Athayde relatou que teve uma experiência positiva com o evento. “Um parque bem estruturado. Fomos muito bem recebidos por todo mundo. Pessoal da prefeitura, próprio povo de Irati. Quem sabe, com certeza, estaremos aqui no ano que vem, se Deus quiser. As vendas para nós foram muito boas. Nós já viemos numa vibe bem boa com os produtos diferentes. Um conceito muito bom, voltado para a mulher. Mas eu agradeço novamente, em nome da Abotaria, meu e da minha esposa. E quem sabe, se pudermos ter uma nova oportunidade, nós estaremos aqui sim”, conta.

Secretário de Cultura e Turismo, João Vitor Sviech, secretário de Indústria e Comércio, Oscar Muchau, prefeito Emiliano Gomes, funcionário e mestre cervejeiro da Taverna, Alexandro Mirkovski (Kisuco), e o empresário Walter Henrique Gaedicke fizeram uma avaliação de como foi o rodeio de Irati em entrevista à Najuá. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

A empresa Coco King, que também esteve presente durante o rodeio, realizou a venda de bebidas no local. Uma funcionária enviou um áudio para a equipe da rádio Najuá falando sobre a participação no rodeio de Irati. “Foi uma experiência maravilhosa estar presente nesse evento incrível. A movimentação de pessoas foi gigante, a energia estava contagiante, e graças a esse público maravilhoso, as nossas vendas foram ótimas. Agradecemos de coração pela oportunidade e pela organização impecável. Estava tudo muito bem preparado, com carinho e dedicação, e isso fez toda a diferença”, disse.

O empresário Delci Fritz dos Santos, de Guarapava, também relatou a experiência positiva durante a venda de pastéis. “Dizer pra vocês que foi um sucesso o evento, melhor do que isso, não é preciso. Fomos muito bem atendidos, tanto eu como todos os outros barraqueiros que estavam trabalhando lá. O que precisávamos, em questão de minutos, já estava atendido, de internet, de água. A luz não deu problema, a água também, só na quinta, mas isso não tinha começado o evento ainda, mas foi muito maravilhoso. Quero dizer pra vocês que vocês estão de parabéns e dizer para vocês que, assim que vocês forem fazer a ExpoIrati, estaremos aí, novamente, se nós formos convidados”, conta.

Emiliano afirmou que a participação de comerciantes gerou um retorno financeiro para custear as despesas do evento. “Acredito que trouxe um feedback bom financeiramente, quase atingimos a casa de R$ 100 mil, o que trouxe também uma possibilidade boa de pagarmos as despesas. Isso é importante também. Tanto o comércio local, quanto os que abriram para de fora, o sentimento é positivo. Nós acreditamos que é um modelo que deu certo, tem que continuar. Na verdade, tem que ampliar. Ficamos de reunir essa semana, a comissão de eventos, para discutirmos os detalhes, ouvir todos que participaram, o ativamento da organização. Mas, de maneira geral, só alegria”, explica.

A grande participação da população no 35º Rodeio de Irati foi incentivada pelo clima, que contou com um tempo de céu claro e sem chuvas. Além do tempo propício, a prefeitura planejou atrações para que a população pudesse prestigiar o evento. “Nós tivemos um feedback da população muito positivo, um retorno, nesse sentido, que os valores estavam mais acessíveis. O que também trouxe uma oportunidade no sentido de pensarmos num parque gratuito para frente. Foi o que conseguimos proporcionar também. Além disso, dos shows, do comércio, parque gratuito para as crianças em determinados horários. Teve um mínimo de ingressos que foram disponibilizados e atendeu também essa demanda das famílias que, de fato, as crianças, os jovens ficaram bastante agradecidos”, disse.

O secretário de Cultura e Turismo, João Vitor Sviech, contou que a ideia de proporcionar ingressos gratuitos no parque surgiu da necessidade de dar mais atenção ao comércio local e concentrar melhor o público. “O parquinho foi a cereja do bolo porque nós precisávamos de alguma forma fazer com que as pessoas ficassem um pouquinho mais próximas do comerciante local. Não bastávamos fazer apenas a praça de alimentação, a fila para o pessoal passar, como sempre passavam, passavam pelas vendas. Elas precisavam ficar paradas um pouquinho e perceber o comércio que estava ao seu redor. Nessa hora veio a ideia de trazer esse parquinho para que pudéssemos concentrar um pouco melhor o público ali em cima. Também fazer com que as famílias pudessem ter um atrativo a mais para tirar as crianças de casa e irem comemorar nessa festa, que além de ser uma festa tradicional, ela também se enquadra nas comemorações do aniversário da cidade”, conta.

Outra medida para atrair público foram os shows tradicionalistas gratuitos com César Oliveira & Rogério Melo, Bia Socek e Tchê Garotos, além de bailes como o Baile de Patrão com Som do Sul e o Baile com Portal Gaúcho, que foram realizados com entrada paga. A melhor idade contou com uma matinê com Musical Novo Horizonte, de forma gratuita.

João Vitor afirma que os shows gratuitos auxiliaram a atrair público. “Nós sempre tínhamos como tradição os bailes que eram realizados no Centro de Eventos. Esses bailes, consequentemente, eram feitos através de parcerias. Sempre eram por entrada paga. Nós pensamos na necessidade de colocar shows gratuitos para atender aquela população, que não gostaria de investir numa entrada para poder prestigiar esses bailes, e ter uma atração que também pudesse estender um pouquinho do comércio, para que o pessoal que foi fazer seu comércio, pudesse usufruir um pouquinho mais do tempo. Foi uma forma que encontramos de encorpar um pouco mais a programação da festividade”, explica.

Além de comércio e cultura, o 35º Rodeio de Irati teve espaço para associações que puderam mostrar o trabalho social realizado em Irati. “Demos também alguns espaços para associações beneficentes como a Associação de Mulheres que Lutam, ANAPCI, Provopar. Esses espaços foram proporcionados a essas associações, as quais também tiveram um grande retorno para as próprias associações, que é o fim social”, conta o secretário de Indústria e Comércio.

A prefeitura realizou uma pesquisa com os comerciantes que participaram do evento para avaliar a satisfação. De acordo com Emiliano, um dos pontos positivos foi a infraestrutura. “Esse rodeio não faltou água, nós conseguimos preparar um bolsão, em parceria com a Sanepar, conseguimos distribuir bem para quem estava utilizando. Os banheiros, também. Fizemos os banheiros gratuitos”, disse o prefeito.

Emiliano afirmou que isso foi possível porque o município assumiu a gestão do evento, que anteriormente era feito por uma empresa terceirizada. “Toda a parte organizacional, acabamos puxando para a gestão, o que demandou mais esforço e energia nossa de poder organizar. Mas como todas as secretarias, a comissão de eventos, os secretários se envolveram diretamente, nós conseguimos ter êxito de poder fazer com que o ambiente estivesse mais seguro, o ambiente estivesse mais limpo. Isso foi tudo a cuidado nosso. Nós terceirizamos alguns serviços essenciais de prestação de serviço, como tenda, a questão da iluminação, do som, coisas essenciais. Mas no restante, nós tivemos o cuidado e a cautela de fazer um rodeio inovador, nesse sentido, que atendesse a demanda da população, nós pudéssemos oferecer uma estrutura adequada, de baixo custo, ao mesmo tempo deixar o ambiente limpo, seguro e também mais iluminado”, afirma.

De acordo com Emiliano, a pesquisa com comerciantes revelou que ainda há alguns ajustes a serem feitos na próxima edição do rodeio. “Por exemplo, melhorar a questão da internet no local, ampliar espaço para o pessoal acampar, os estacionamentos também, o CT. Felizmente, eu posso dizer assim, que está ficando um espaço que necessita mais área. Isso em decorrência do alto público que tem passado por lá. Nós notamos que há uma necessidade da gestão de pensar em ampliação, em outros espaços que atendam a comunidade”, conta.

O prefeito destacou que há a possibilidade de aquisição de terrenos próximos futuramente para ampliar o CT Willy Laars. “É uma discussão que vai envolver a Câmara de Vereadores, a comunidade de maneira geral também. Vamos pensar numa expansão, nesse sentido, e quando falamos, não é apenas para o rodeio, que é o cartão de visitas da nossa cidade, mas também as outras feiras como a Expo, que está vindo aí. Nós temos que pensar isso a longo prazo. São espaços que, em algum momento, de fato, será necessário discutir sobre a aquisição de determinadas áreas. Não é uma questão apenas de valorizar o espaço. Realmente é uma necessidade e é um cartão de visita”, conta.

Emiliano ainda revelou a intenção de internacionalizar o Rodeio de Irati para atrair negócios e pessoas de outros países. “A nossa ideia é aproximar esse rodeio das regiões da América do Norte, da América do Sul, da América Central, para podermos pensar nesses públicos e tracionar esses públicos durante as festividades, os rodeios, por exemplo. Evidente que com a nossa feira Expo também nós vamos fazer igual”, disse.

A realização do 35º Rodeio Crioulo de Integração contou com recursos da Secretaria de Turismo do Estado do Paraná (SETU) de aproximadamente R$ 200 mil, com contrapartida de 10% da Prefeitura de Irati. O dinheiro foi investido em questões de infraestrutura. “Nós conseguimos um patrocínio de cerca de R$ 200 mil para ajudar no pagamento das necessidades como, por exemplo, tenda, som, banheiro químico. Tudo isso contemplou, de certa forma, o equilíbrio das contas de podermos fazer uma gestão efetiva do rodeio, matar no peito. Fazer o rodeio nesse formato, com a contribuição do Estado”, explica.
Além do apoio da SETU, o 35ª Rodeio de Irati foi promovido pela Prefeitura de Irati, em parceria com o Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar) e os dez Centros de Tradições Gaúchas da cidade.

Aniversário de Irati

O 35º Rodeio fez parte das comemorações de aniversário de Irati, que completou 118 anos de emancipação política. No evento, a prefeitura de Irati anunciou a construção da Casa da Cultura Tradicionalista Gaúcha, dentro do CT Willy Laars. Serão investidos entre R$ 300 mil e R$ 400 mil para construção do espaço com recursos do governo estadual, por meio de indicação do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi.

O local terá um espaço para preservar a memória das famílias que ajudaram a construir o tradicionalismo iratiense, abrigando acervos históricos, troféus e atividades culturais. Uma maquete da futura casa foi elaborada pelo artista local Marcos Pedroso, o “Passarinho”, e exibida no rodeio. “Nós vamos receber uma verba própria para isso, que é específico dessa questão cultural, pensando nos tradicionalistas, nas famílias que anteciparam, fizeram parte na contribuição da história do CTG, que participaram no Laço. De maneira geral, que tiveram a sua história dentro do tradicionalismo de Irati”, conta.

A programação ainda contou com o lançamento do projeto “Irati – Rios de Mel”. Inspirado pelo programa Poliniza Paraná, o projeto propõe a instalação de colmeias de abelhas nativas sem ferrão para recuperar espécies ameaçadas e promover consciência ambiental. “Lançamos o projeto Rios de Mel, onde vamos construir cinco jardins de mel, incentivando apicultura, melinicultura. Todo esse nicho que precisa ser resgatado e fortalecer também esses produtores do mel de Irati”, conta.

O nome do projeto é um resgate do significado original do nome Irati, que em tupi-guarani significa “Rios de Mel”.

ExpoIrati

Com o término do 35º Rodeio de Irati, a prefeitura de Irati volta às atenções para a ExpoIrati que acontece no segundo semestre desse ano. A data oficial ainda não foi divulgada.

Emiliano revelou que a edição deste ano deverá ter uma nova configuração. “Nós estamos analisando, desde o formato, a posição dos setores, educação, comércio. Estamos pensando de uma maneira inteligente onde as pessoas que frequentam tenham a oportunidade de experienciar tudo e de forma estratégica. Por isso que, desde então, nós estamos discutindo a Expo Educa, que é uma feira de educação, que antecede um pouquinho a Expo, um ou dois dias antes”, conta.

A Expo Educa deve reunir colégios e universidades do município. “Nós já montamos uma comissão da Expo Educa, que está participando as universidades. O nosso ecossistema de inovação. Inclusive, esses dias eu apresentei para o pessoal do SEBRAE, e na ocasião o ecossistema de inovação estava presente, que são as instituições de ensino, para podermos pensar nessa nova metodologia. As próprias instituições estão desenhando a Expo Educa para fomentarmos a questão da educação no nosso município, o contato da população com a educação, os projetos serão premiados, vai ter competições de melhores projetos. Nós vamos englobar tudo isso dentro da Expo Educa, e dentro da Expo, de maneira geral. Evidente que mais ideias e novos formatos, nós não queremos abrir agora, porque nós estamos em planejamento”, disse.

A experiência positiva com o 35º Rodeio de Irati também deve fazer com que algumas ações sejam repetidas. De acordo com o secretário de Cultura e Turismo, o município quer buscar recursos para auxiliar na realização do evento. “Nós temos agora como compromisso buscar o máximo possível de recursos externos para poder viabilizar os eventos aqui no nosso município. Devido à situação financeira que nos encontramos, por enquanto, nós vemos que esse é o caminho que possamos trabalhar com menos impacto para as finanças aqui da nossa gestão”, explica.

João Vitor também ressaltou a importância da parceria com o comércio local. “Eu estava vendo um estudo, recentemente, que para cada real investido em cultura ou evento, retorna-se de R$ 6 a R$ 9 para o comércio local. A cada real investido, volta de R$ 6 a R$ 9. Por quê? Porque vai além dos aspectos do comércio que está acontecendo só ao redor do evento. Ele envolve farmácias, supermercados, envolve em algum tipo de evento, envolve hotelaria. É muito maior do que imaginamos”, afirma.

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