Em entrevista no programa “Fim de Expediente” que vai ao ar na Super Najuá, o candidato do PT ao governo estadual falou sobre propostas e relembrou período que foi governador do Paraná/Texto de Karin Franco, com reportagem de Cristina Pavelski e Guilherme Loss
Roberto Requião foi governador durante três mandatos e também já desempenhou o cargo de senador. Foto: Facebook/Divulgação |
Roberto Requião (PT) é um dos candidatos a governador do Paraná. Em entrevista no programa “Fim de Expediente”, que é apresentado por Guilherme Loss e Cristina Pavelski, que vai ao ar na Super Najuá, ele relembrou experiências anteriores quando fora governador do Paraná nos anos de 1991 a 1994 e de 2003 a 2010. Ele destacou as principais obras realizadas em Irati naquele período. “Eu construí a estação de tratamento de água e esgoto que atendeu 120 mil pessoas. Pavimentei 20 km de ruas, asfaltadas, dupliquei a Alameda Virgílio Moreira, fiz a ligação e recuperação da estrada entre Irati e Inácio Martins, ampliação e parceria de compras e equipamentos com a Santa Casa e construí o teatro Denise Stoklos, que depois que eu saí não terminou, e está, infelizmente, inacreditável parado até hoje porque nós não tivemos mais governo depois de mim”.
O candidato ao governo estadual declarou que deve demitir a atual diretoria se for eleito. “Eu assumo o governo do Estado e ponho na rua todos os presidentes e diretores da Copel e da Sanepar. Coloco essas empresas, como fiz no meu governo lá atrás, a serviço do povo para que o interior se desenvolva, para que indústria possam se instalar, contratar empregados e pagar bem. Nós estamos sendo roubados”, afirma.
Roberto Requião teve um longo histórico na política paranaense filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sendo inclusive um dos fundadores do partido no estado. No ano passado, ele saiu do partido e acabou, posteriormente, se filiando no Partido dos Trabalhadores (PT), onde concorre ao Executivo estadual. Na entrevista, o ex-governador e ex-senador explicou porque saiu do partido. “Eu não saí do MDB. Foi o MDB que saiu de mim. Imagina você que o MDB, votando com o Beto Richa, a favor do roubo das tarifas da água e da luz, votando a favor do pedágio, voltar com mais 15 praças, num roubo desgraçado que já foi anunciado e denunciado pelas instituições nacionais que regulam isso. O MDB passou a jogar contra o Brasil, a favor da venda da Petrobrás, a favor da venda da Eletrobrás, do aumento do preço dos combustíveis. O MDB do Paraná é a favor da isenção fiscal, da não cobrança de impostos no valor de R$ 17 bilhões das grandes empresas. E isto, secretamente. Você sabe que tudo que é secreto, não é sério. Então, o MDB saiu de mim”, disse.
Requião também comentou sobre a reforma trabalhista e disse que ela tirou direitos dos trabalhadores. Ele defende que é preciso valorizar o trabalhador. “Nós temos que marcar, por uma atitude muito clara, a favor das nossas empresas, dos nossos trabalhadores, do progresso civilizatórios da nossa gente. Eu sou nacionalista. Uma empresa tem que ganhar mais dinheiro, não é tirando direito de trabalhador. Se você paga cada vez menos, companheiro, chega um momento que não tem ninguém para comprar nada. E a economia para. O trabalhador tem que ter um salário decente para viver melhor com a sua família, para educar os seus filhos, para ter acesso à saúde, para ter acesso à segurança pública, porque senão a economia para, não tem ninguém para comprar. Eu me dediquei sempre como industrial a melhorar a minha possibilidade de lucro, com técnicas modernas, com produtos indispensáveis para a vida da sociedade”, conta.
O ex-governador destaca que é possível diminuir imposto de empresas, mas é preciso garantir um salário digno aos trabalhadores. “Quando eu fui governador, eu baixei o imposto. Mas garanti um salário regional bom para os trabalhadores. Eu tirei o imposto das pequenas empresas, de 18% para 2,5%. O que você pode imaginar melhor do que isso? Quero repetir essas coisas”, explica.
Em relação aos professores e profissionais da saúde, Requião disse que é preciso valorizar o funcionalismo público e que o estado tem condições de valorizá-lo. “O estado do Paraná está dando R$ 17 bilhões de isenção fiscal, secretamente. Não dizem para quem, nem porque, para grandes empresas, provavelmente as multinacionais. Com R$ 4,5 bilhões, o estado pode pagar a diferença de correção, não é aumento de salário, é a perda salarial dos professores, dos médicos, dos enfermeiros, dos policiais e de todos os funcionários públicos nos últimos oito anos. Eu quebro esse sigilo, ajusto esses impostos e dou condição desse pessoal poder viver bem. Uma servente de escola hoje ganha R$ 1.400. Não está conseguindo. É menos que o salário-mínimo regional do Paraná, que é de R$ 1.800. Nós temos que corrigir isso para todos. Eu consegui, numa parceria com os professores, produzir o melhor ensino do Brasil”, conta.
Na educação, Requião relembrou o que realizou em governos anteriores. “Eu fiz a formação continuada dos professores, eu pus internet em todas as 2.200 escolas do estado, televisões nas salas de aula, imprimi o livro didático e distribui gratuitamente. Mexi na estrutura salarial para pagar um salário digno a quem trabalhava pelo povo. Mas você podia dizer que eu fui duro com os funcionários públicos, não dei moleza não, porque a finalidade disso tudo é que eles estivessem a dignidade respeitada, mas respeitasse, com a qualidade de ensino, a dignidade do povo brasileiro e dos nossos filhos do Paraná”, explica.
Sobre os pedágios, o candidato do PT criticou o atual governador e candidato à reeleição, Ratinho Junior (PSD), por não fazer a nova licitação antes da eleição. “O rato não fez a licitação porque ele sabia que a maracutaia das concessionárias, que é o maior roubo da história do Brasil. Você sabe que na Assembleia Legislativa, meu filho, o Requião Filho, o deputado Professor Lemos, verificaram com uma assessoria técnica que nos roubaram mais de R$ 10 bilhões pagando um aumento de pedágio, em função de estradas que não tinham sido construídas, de viadutos que não foram construídos. Agora, você vê o que o rato devia estar fazendo. Ele era o governador. O DER era dele quando autorizou isso. A agência reguladora é ligada e nomeada pelo governo do Estado. Não tem ninguém com inquérito, nem preso. Eles deixaram para depois. Não vai haver pedágio antes da eleição, não vão fazer a licitação, deixaram para março, para fingir que eles não farão um roubo, mas vão fazer, está acertado já”, disse.