Motim começou na segunda (13) e terminou nesta quarta-feira (15).
Agentes e detentos foram reféns na Penitenciária Industrial de Guarapuava.
Do G1 PR
O secretário de Segurança Pública (Sesp) do Paraná, Leon Grupenmacher, disse nesta quarta-feira (15) que a rebelião na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG), foi atípica. “A causa ainda nos é estranha. Não há superlotação. Há ressocialização. Eles têm aula e trabalham”. Durante o motim, que durou 48 horas, 13 agentes penitenciários e diversos detentos foram feitos reféns, de acordo com a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) do Paraná. Autoridades da área de Segurança Pública concederam uma entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira sobre o ocorrido.
Ao todo, 19 presos ficaram feridos, a maioria com ferimentos leves, conforme a Polícia Militar (PM). O Sindicato Dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) informou que seis agentes foram feridos, sem gravidade.
A rebelião teve início no fim da manhã de segunda-feira (13) e terminou por volta das 11h30 desta quarta, depois que 29 presos foram transferidos para outras unidades do interior do Paraná, que não serão divulgadas. Outros dois foram para uma penitenciária de Santa Catarina. Segundo o diretor do Departamento de Execução Penal do Estado do Paraná (Depen), Cezinando Paredes, a rebelião começou quando alguns detentos estavam indo para um canteiro de trabalho e renderam agentes e outros presos.
De acordo com a Sesp, a fábrica, onde os presos trabalhavam dentro do presídio, o ambulatório e a parte odontológica ficaram destruídos. Já as galerias tiveram poucos estragos.
Episódio exige atenção
Para a promotora de Justiça da Vara de Execuções Penais (VEP) Marcia Francine Broietti, a rebelião em Guarapuava exige atenção por parte da administração pública. “Não é o primeiro episódio em Guarapuava. Temos uma estrutura carente de investimentos. Não podemos só pensar nos momentos de crise. É um problema em todo o Paraná, no país. O dinheiro que vamos perder reconstruindo tudo poderia ser investido em melhorias”, disse.
Além disso, durante a coletiva, a juíza da Vara de Execuções Penais (VEP) de Guarapuava disse que o motim foi uma surpresa, já que os processos e benefícios dos detentos estão em ordem. Esta é a primeira vez que ocorre uma rebelião na PIG, desde que foi inaugurada, há 15 anos. A penitenciária abriga 240 detentos e trabalha com um modelo em que os detentos podem estudar e trabalhar no local.
Para o delegado-chefe da divisão de investigação da Polícia Civil, Luiz Alberto Cartaxo, a rebelião ocorreu por causa de um pequeno grupo. “Nós temos na PIG, um perfil de preso que quer cumprir a pena rápido e quer ficar perto da família. Por um pensamento de uma minoria, tivemos a rebelião”, complementou.
‘Muito medo’
Um agente penitenciário que foi feito refém e preferiu não se identificar, contou ao G1 como foram os momentos em que ficou com os rebelados. “Senti muito medo. Só pensei na minha família, no meu filho de um mês”, relatou.
Ele disse que, no início da rebelião, tentou se trancar em algum compartimento, mas os presos conseguiram capturá-lo. “Eles amarraram meus braços e minhas pernas, me arrastaram e me jogaram em uma cela. Depois, tacaram cola em mim e em mais dois colegas”, lembrou.
O rapaz trabalha há 12 anos como agente penitenciário e diz nunca ter passado por uma situação parecida. Ele afirma que não pensou se vai parar com a profissão, mas não descarta a possibilidade. “Até antes da rebelião estava valendo a pena trabalhar como agente, mas agora eu não sei. Preciso pensar”, afirma. Segundo ele, os agentes penitenciários vão receber apoio psicológico para tentar superar o trauma.
A rebelião na PIG
O motim começou na manhã de segunda-feira com treze agentes penitenciários como reféns, além de dezenas de presos. Rebelados subiram nos telhados com os reféns e quebraram vidros da penitenciária. Poucas horas depois, um dos agentes foi liberado. No fim da tarde de segunda, cinco detentos também ficaram feridos e saíram da penitenciária.
No segundo dia de rebelião, outros dois agentes penitenciários foram libertados pelos presos. Nesse mesmo dia, os rebelados entregaram uma lista de reivindicações aos negociadores, como melhorias nas condições da PIG, a troca da direção da penitenciária e progressão de regime de alguns presos para o semi-aberto.
Além disso, os presos também geraram um tumulto ao exigir que policiais colocassem as famílias, que aguardavam em frente à penitenciária, na sombra.
Um grupo policiais militares manteve contato direto com os presos durante os dias de rebelião na tentativa de se chegar a um acordo. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Comando de Operações Especiais (COE), o diretor do Depen, uma promotora pública e um defensor público deram apoio durante as negociações.
De acordo com a Seju, dez presos que participaram da rebelião em Cascavel, em agosto, que resultou na morte de cinco detentos, foram transferidos para a Penitenciária Industrial de Guarapuava. A Seju ainda não sabe informar se, entre os rebelados de Guarapuava, estão os transferidos de Cascavel.
21 rebeliões em 10 meses
O ano de 2014 tem sido marcado por diversas rebeliões no Paraná. Em 10 meses, presos se rebelaram 21 vezes em várias cadeias e penitenciárias do estado. O período mais violento foi entre agosto e setembro. Em menos de um mês, cinco motins foram registrados. No fim de agosto, detentos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do estado, fizeram um motim que durou 45 horas e deixou cinco pessoas mortas e muita destruição na unidade. O espaço não estava superlotado antes da rebelião, mas foi preciso transferir mais de 800 presos, devido à destruição das celas e corredores.
No dia 7 de setembro, foi a vez da Cadeia Pública de Guarapuava, quando 14 detentos renderam três agentes penitenciários. Eles exigiam a transferência de alguns dos presos, já que o local estava com superlotação. O pedido foi atendido e o motim se encerrou após nove horas.
Ainda houve a rebelião na Penitenciária de Cruzeiro do Oeste (Peco), no noroeste paranaense, no dia 10 de setembro. A unidade recebeu 124 detentos da Penitenciária de Cascavel, após o motim do fim de agosto. Mesmo assim, não havia superlotação. Segundo a Seju, o presídio pode receber até 1.108 presos, mas abriga 844.
Nos dias 16 e 17 de setembro, presos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, realizaram uma rebelião por mais de 24 horas. Os presos renderam os funcionários enquanto eles serviam o café da manhã e dominaram duas galerias do presídio. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns. Uma das reivindicações dos presos era de que fosse construído um muro para que os presos faccionados, que pertencem a facções criminosas, ficassem separados dos demais.
A Seju informou que a construção do muro era inviável, mas disse que reforçou a grade que separa os blocos. Os presos também receberam 50 colchões para repor os que tinham sido queimados na última rebelião, no dia 12 de setembro.
Um agente penitenciário que foi feito refém e preferiu não se identificar, contou ao G1 como foram os momentos em que ficou com os rebelados. “Senti muito medo. Só pensei na minha família, no meu filho de um mês”, relatou.
Ele disse que, no início da rebelião, tentou se trancar em algum compartimento, mas os presos conseguiram capturá-lo. “Eles amarraram meus braços e minhas pernas, me arrastaram e me jogaram em uma cela. Depois, tacaram cola em mim e em mais dois colegas”, lembrou.
O rapaz trabalha há 12 anos como agente penitenciário e diz nunca ter passado por uma situação parecida. Ele afirma que não pensou se vai parar com a profissão, mas não descarta a possibilidade. “Até antes da rebelião estava valendo a pena trabalhar como agente, mas agora eu não sei. Preciso pensar”, afirma. Segundo ele, os agentes penitenciários vão receber apoio psicológico para tentar superar o trauma.
A rebelião na PIG
O motim começou na manhã de segunda-feira com treze agentes penitenciários como reféns, além de dezenas de presos. Rebelados subiram nos telhados com os reféns e quebraram vidros da penitenciária. Poucas horas depois, um dos agentes foi liberado. No fim da tarde de segunda, cinco detentos também ficaram feridos e saíram da penitenciária.
No segundo dia de rebelião, outros dois agentes penitenciários foram libertados pelos presos. Nesse mesmo dia, os rebelados entregaram uma lista de reivindicações aos negociadores, como melhorias nas condições da PIG, a troca da direção da penitenciária e progressão de regime de alguns presos para o semi-aberto.
Além disso, os presos também geraram um tumulto ao exigir que policiais colocassem as famílias, que aguardavam em frente à penitenciária, na sombra.
Um grupo policiais militares manteve contato direto com os presos durante os dias de rebelião na tentativa de se chegar a um acordo. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Comando de Operações Especiais (COE), o diretor do Depen, uma promotora pública e um defensor público deram apoio durante as negociações.
De acordo com a Seju, dez presos que participaram da rebelião em Cascavel, em agosto, que resultou na morte de cinco detentos, foram transferidos para a Penitenciária Industrial de Guarapuava. A Seju ainda não sabe informar se, entre os rebelados de Guarapuava, estão os transferidos de Cascavel.
21 rebeliões em 10 meses
O ano de 2014 tem sido marcado por diversas rebeliões no Paraná. Em 10 meses, presos se rebelaram 21 vezes em várias cadeias e penitenciárias do estado. O período mais violento foi entre agosto e setembro. Em menos de um mês, cinco motins foram registrados. No fim de agosto, detentos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do estado, fizeram um motim que durou 45 horas e deixou cinco pessoas mortas e muita destruição na unidade. O espaço não estava superlotado antes da rebelião, mas foi preciso transferir mais de 800 presos, devido à destruição das celas e corredores.
No dia 7 de setembro, foi a vez da Cadeia Pública de Guarapuava, quando 14 detentos renderam três agentes penitenciários. Eles exigiam a transferência de alguns dos presos, já que o local estava com superlotação. O pedido foi atendido e o motim se encerrou após nove horas.
Ainda houve a rebelião na Penitenciária de Cruzeiro do Oeste (Peco), no noroeste paranaense, no dia 10 de setembro. A unidade recebeu 124 detentos da Penitenciária de Cascavel, após o motim do fim de agosto. Mesmo assim, não havia superlotação. Segundo a Seju, o presídio pode receber até 1.108 presos, mas abriga 844.
Nos dias 16 e 17 de setembro, presos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, realizaram uma rebelião por mais de 24 horas. Os presos renderam os funcionários enquanto eles serviam o café da manhã e dominaram duas galerias do presídio. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns. Uma das reivindicações dos presos era de que fosse construído um muro para que os presos faccionados, que pertencem a facções criminosas, ficassem separados dos demais.
A Seju informou que a construção do muro era inviável, mas disse que reforçou a grade que separa os blocos. Os presos também receberam 50 colchões para repor os que tinham sido queimados na última rebelião, no dia 12 de setembro.