Cleber Moletta recebeu três prêmios no ano passado, dois deles por matérias na área da saúde e um por uma matéria sobre mobilidade urbana/Paulo Henrique Sava
O jornalista e radialista iratiense Cleber Moletta foi considerado como o profissional de comunicação mais premiado em 2022 pelo ranking elaborado pelo Portal dos Jornalistas. No total, ele recebeu três prêmios ao longo do ano, dois deles por reportagens produzidas na área da saúde e um por uma matéria sobre mobilidade urbana, concedido em dezembro pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
Esta foi a 12ª edição deste ranking, que colocou Moletta ao lado de profissionais de outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, como um dos mais premiados jornalistas do país. A Rádio Cultura de Guarapuava, onde o iratiense trabalha desde 2017, também foi apontada como uma das mais premiadas em 2022.
Para Cleber, receber este tipo de reconhecimento foi surpreendente. “Foi surpreendente, na verdade, mas foi muito bom ter este reconhecimento do trabalho bastante criterioso e voltado para o ouvinte, esta dedicação total no dia a dia foi reconhecida pelo Portal dos Jornalistas”, frisou.
Formação e experiência – Formado em jornalismo no ano de 2013 pela Unicentro, Cleber começou sua carreira fazendo participações no extinto programa Show de Bola 2ª edição, transmitido pela Rádio Najuá AM, até entrar na Rádio Difusora de Irati em 2008. Na emissora, ele atuou até janeiro de 2010, quando começou a faculdade de Jornalismo. Ele também passou pelos jornais Diário de Guarapuava e Extra entre os anos de 2011 e 2013. Atuou também como estagiário na Coordenadoria de Comunicação Social da Unicentro entre 2010 e 2011, foi repórter da Rádio CBN Ponta Grossa entre 2014 e 2015, trabalhou como Secretário de Comunicação da Prefeitura de Irati entre abril e dezembro de 2016 e desde 2017 está na Rádio Cultura de Guarapuava. Cléber também fez outros trabalhos para a Rádio Difusora de Guarapuava, onde atuou ao lado de Luís Vieira, comunicador que também marcou a história do rádio guarapuavano e iratiense.
Premiações – Como repórter, Cléber faz a cobertura de diversos assuntos ligados ao dia a dia da cidade, desde a área policial e de segurança pública até assuntos relacionados à política, economia e saúde. Entre as reportagens produzidas por ele, algumas foram indicadas para premiações. Uma delas, voltada para a telessaúde, foi indicada para receber um prêmio da Associação Médica do Rio Grande do Sul.
“Eu abordei a temática da telessaúde tentando mostrar para o nosso ouvinte como estes serviços, inclusive a telemedicina, que foi regulamentada no ano passado, poderia ajudar a nossa região a superar um problema de desassistência. Tem muitas especialidades e serviços médicos que não têm oferta de profissionais aqui e estes serviços poderiam ajudar a ampliar estes atendimentos. Eu fiz uma reportagem sobre isto e recebi um prêmio da Associação Médica do Rio Grande do Sul”, contou.
Outra reportagem premiada na área da saúde teve como tema a Hanseníase, doença que causa perda de sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, principalmente nas mãos, braços, pernas e pés e pode gerar incapacidades permanentes.
“Guarapuava é uma das cidades do interior do Paraná que mais teve casos de hanseníase nos últimos anos, e estas pessoas vivem hoje com algumas sequelas da doença. Então, fizemos uma reportagem explicando o que é a doença, os sintomas, quando você deve ficar alerta e procurar um profissional. Este trabalho muitos jornalistas e radialistas do interior do Brasil fazem, que é esta prestação de serviço e esclarecimento para as pessoas sobre a saúde”, comentou.
Cleber também produziu uma reportagem sobre mobilidade urbana, premiada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que promove anualmente o Prêmio CNT de Jornalismo, uma das principais premiações do Brasil. “Este prêmio foi concedido em dezembro do ano passado, a entrega foi em Brasília, eles (CNT) me convidaram e custearam a viagem para receber a premiação”, frisou.
Importância do rádio – Cleber chama a atenção para a importância do trabalho informativo do rádio na sociedade. “O rádio não custa nada, seja pela internet ou pelo aparelho tradicional, você liga o rádio e tem informação produzida por profissionais bem qualificados, que apuram a informação, checam e buscam o melhor conteúdo e o oferecem gratuitamente ao ouvinte. É um conteúdo que faz a diferença: a prestação de serviço de excelente qualidade oferecida pelo rádio, que é o meio que traz a informação mais confiável e mais próxima do ouvinte”, frisou.
Uma pesquisa divulgada em 2021 pela Associação das Emissoras de Rádio do Paraná (AERP) mostrou que, para 65% da população pesquisada nos Estados Unidos, o rádio continua sendo o meio mais confiável para se obter informação de qualidade. Para Cléber, isso mostra a confiança que a população tem no trabalho feito pelos profissionais da área.
“Você observa qual o nível de confiança, quando se pergunta às pessoas sobre o programa de rádio e o radialista. São níveis elevadíssimos, e não têm este mesmo nível de confiança para conteúdo da internet, que às vezes se valem da desinformação para gerar polêmica, destruir e confundir muito mais do que para levar informação. O rádio tem o compromisso de levar informação e eu acredito que a comunidade reconhece isso e dá esta confiança ao rádio, que é um meio que está mais vivo do que nunca. Eu me orgulho muito de dizer que sou jornalista e trabalho em rádio, que é o meio mais próximo do cidadão nas pequenas cidades do Brasil”, afirmou.
Coberturas marcantes – Entre as coberturas que mais marcaram sua carreira até agora, o jornalista destacou a desocupação de um território em Pinhão, o júri popular do ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (condenado a 7 anos de prisão pelas mortes de Gilmar Rafael de Souza Yared e Murilo de Almeida em Curitiba no ano de 2009) e a morte da advogada Tatiane Spitzner, em 2028, assassinada pelo marido, Luís Felipe Manvailler, condenado a mais de 30 anos de prisão pelo crime. Para Moletta, este tipo de cobertura causa comoção na sociedade e no profissional que está acompanhando as situações.
“Não tem como ser diferente, toda a sociedade fica comovida e o jornalista também, sem dúvida nenhuma, e às vezes até mais próximo do acontecimento para poder relatar ao ouvinte, não tem como não sentir a dor das pessoas. É claro que o profissionalismo tem que falar mais alto, até porque temos a responsabilidade ética de, com muita serenidade, trazer a informação para o ouvinte, mas é difícil. Às vezes, ficamos marcados e machucados com estas histórias”, declarou.
Redes sociais – O jornalista criticou o fato de, em situações delicadas, algumas pessoas divulgarem informações e imagens descontextualizadas nas redes sociais. “Às vezes, na internet, é uma fotozinha, um videozinho descontextualizado e cheio de informações equivocadas que acabam gerando muita desinformação. É justamente no rádio que fazemos este trabalho com calma e serenidade de apurar, checar e passar com objetividade a informação para o ouvinte. É por este trabalho, nos acontecimentos mais emblemáticos e marcantes e em todos os outros, que o jornalista tem que ser valorizado. Ele tem muito critério e responsabilidade com aquilo que está fazendo: se comete um erro, depois terá que se retratar com o seu ouvinte e perder a confiança dele. Por isso, temos que valorizar todos os profissionais que estão na linha de frente da notícia”, destacou.
Quer receber notícias locais pelo WhatsApp?
Secretaria de Comunicação – Sobre sua experiência como secretário de comunicação de Irati entre abril e dezembro de 2016, ainda na gestão de Odilon Burgath, Cléber diz ter sentido orgulho pela oportunidade que teve de prestar o serviço de informação à comunidade iratiense. Para ele, este foi um trabalho muito desafiador. “Eu admiro muito quem trabalha nesta área de assessoria, especialmente nas prefeituras, porque as demandas são muito complexas e o trabalho do administrador da gestão pública é muito difícil. São muitos problemas, faltam recursos e condições de dar melhores respostas para a população. Você precisa ter muita habilidade e experiência profissional para trabalhar nesta área. Eu confesso que aprendi muito trabalhando na Prefeitura de Irati nos 7 meses em que estive aí”, pontuou.
Docência e intercâmbio – Moletta também atuou como professor no curso de Comunicação do Centro Universitário Campo Real durante 3 anos. Antes disso, em 2013, enquanto estudante de jornalismo, ele fez um intercâmbio estudantil na Argentina. Ele conta como foi esta experiência internacional. “Foi transformadora. Eu era estudante de graduação e surgiu uma oportunidade de dois estudantes do curso de comunicação da Unicentro viajarem para a Argentina para a Universidade Nacional de Jujuy, que fica em São Salvador de Jujuy, no extremo noroeste da Argentina, na divisa com Bolívia e Chile. Foi uma experiência muito boa porque, apesar de a Argentina estar muito próxima, é outro mundo. Você acaba convivendo com pessoas de uma cultura muito diferente, com hábitos diferentes, um jornalismo muito diferente. Eu pude conhecer as rádios de lá, eu já estudava este meio e pude aprender um pouco com eles sobre a forma de fazer comunicação na Argentina”, destacou.
Opiniões diferentes – Na opinião de Cleber, quem trabalha com comunicação precisa constantemente ouvir opiniões diferentes e estar aberto a dialogar com outras pessoas. “Quem trabalha nesta área da comunicação precisa constantemente ouvir pessoas que pensam diferente de você, mesmo não concordando com o que elas falam e pensam, mas você precisa estar aberto a dialogar com elas, que têm algo a dizer e você tem que ter esta relação e contato. Quem está no jornalismo, na comunicação, precisa estar aberto às experiências dos outros, que podem ser diferentes das suas. Tem que ser aberto e democrático”, afirmou.
A abertura para novos conhecimentos também é imprescindível para o jornalista, uma vez que o dia a dia do profissional desta área, algumas vezes, é imprevisível. “Você vai melhorando ou pelo menos buscando esta melhoria. Quando achamos que já sabemos tudo e não precisamos aprender com mais ninguém, o nosso trabalho acaba perdendo o sentido. A cada dia, temos que buscar pessoas e coisas novas, estar sempre abertos para as descobertas que o dia a dia nos traz. O jornalismo, neste aspecto, é uma profissão imbatível porque você chega de manhã na redação e não sabe exatamente o que vai acontecer, com quais pessoas vai falar, que tipo de acontecimento, se é uma coisa muito boa ou uma tragédia. Então, esta abertura para o novo é uma marca do jornalismo e torna a profissão ainda mais apaixonante”, declarou.
Livro – Em 2017, Cléber escreveu o livro “Assessoria de imprensa e midiatização: uma análise da produção de notícias em entidades de defesa dos direitos humanos, pela Editora Multifoco, que traz uma reflexão sobre assessoria de imprensa e direitos humanos.
“É uma abordagem de como o jornalismo nas instituições que trabalham os direitos humanos pode contribuir para este debate na sociedade, que é mal compreendido. O tema às vezes remete à proteção de bandidos, e não tem nada disso. O direito ao trabalho, ao lazer, à saúde, são direitos humanos de todos nós, e neste sentido o jornalismo tem muito a contribuir. Então, este livro traz uma reflexão um pouco nesta linha. Ele foi publicado em 2017 e é fruto de um trabalho conjunto com o professor Marcelo Bronoski, de Ponta Grossa, que me orientou no mestrado”, finalizou.