Entre os 10 finalistas selecionados na premiação do Programa Empreendedor Rural (PER), dois projetos foram orientados pela iratiense Caren Kelli Jenczmionki, instrutura do SENAR-PR. Os projetos ficaram com o primeiro e o segundo lugares na premiação. “O sentimento é de realização. Trabalhamos o ano todo, o pessoal de Irati até acha que eu não moro mais em Irati, de tanto que eu viajo, mas o nosso trabalho é recompensado nesse final de ano com essa premiação”, conta Caren. Os autores dos melhores projetos foram premiados com uma viagem técnica, nacional ou internacional. 

O primeiro lugar, Gustavo Freyhardt, de União da Vitória, foi orientado por Caren. Ele foi premiado com o projeto “Investimento em benfeitorias da leiteira visando o bem-estar animal e qualidade de vida da família”. O segundo lugar, Hezion Eduardo Naiverth, de Paula Freitas, desenvolveu o projeto “Otimização da produção de alimentos através do investimento em um sistema móvel de irrigação e benfeitorias”.

O projeto de Gustavo inclui a aplicação de novas tecnologias na sua propriedade, uma leiteria, e algumas benfeitorias, como um sombrete, para o descanso das vacas do rebanho, e a automação das teteiras, no processo de ordenha.

Hezion, que ficou em segundo lugar, resolveu desenvolver em sua propriedade, onde também planta melancias, um projeto com hortaliças. Ele aplicou um tanque para armazenagem de água e um sistema de irrigação. “O sistema de irrigação é daqui de Irati. Ele pesquisou em toda a região e conseguiu comprar aqui em Irati”, conta.

Segundo Caren, a banca de avaliadores não leva tanto em conta a capacidade de inovação do projeto, e sim a pesquisa desenvolvida pelo aluno quanto à aplicabilidade e eficiência. O aluno faz um diagnóstico de sua propriedade e desenvolve um estudo de mercado de acordo com o diagnóstico. “Esse estudo de mercado é o que posso comprar, onde, quando, de quem, quanto vou gostar e, depois, como vou vender esse produto. No caso do Hezion, a finalização do produto: verduras”, diz.

A banca avalia, principalmente, a eficiência e eficácia do projeto, ou seja, a chance de ele realmente dar certo. Caren opina que a falta de planejamento pesa na hora de aplicar uma ideia nova na propriedade. “O Programa visa sempre fazer com que o produtor tenha um respaldo e consiga ter uma maior chance de acerto”, complementa.

Pelo 14º ano consecutivo, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-PR), em parceria com o Sebrae-PR e a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), desenvolveram o Programa Empreendedor Rural (PER). Na edição deste ano, foram produzidos 88 projetos em 54 turmas, dos quais 10 foram selecionados para uma banca composta por técnicos do Sistema FAEP/SENAR-PR, Fetaep e Sebrae, professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e da Universidade Federal do Paraná (USP).

Os três melhores colocados foram conhecidos no início de dezembro, durante evento realizado no Expotrade, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), o maior centro de convenções e eventos do Sul do Brasil. Além de uma intensa programação e da premiação, o evento contou com uma palestra do professor e pesquisador da Embrapa, Zander Navarro, sobre os desafios da atividade agropecuária.

A instrutora do SENAR-PR explica que os projetos desenvolvidos no Programa Empreendedor Rural (PER) podem ser de melhoria da propriedade rural, compra de novos maquinários, novas atividades. “O projeto é desenvolvido pelo aluno e para o aluno, para implementação na propriedade rural”, explica.

Quatro dos orientandos de Caren decidiram inscrever os projetos desenvolvidos em aula para concorrer na premiação do Programa Empreendedor Rural e dois foram selecionados entre os 10 finalistas, numa lista de 88 projetos inscritos, de todo o Paraná.

O PER surgiu no Paraná em 2003 e, quatro anos mais tarde, em 2007, foi estendido para outras regiões do país. Hoje, é aplicado em 23 estados e no Distrito Federal. “Quando foi criado, o programa quis trazer gestão para a propriedade rural. Todo produtor sabe produzir, mas nem todo produtor sabe ganhar dinheiro ou se organizar dentro de uma gestão. Vemos uma demanda muito grande de pessoas do meio rural indo embora para a cidade. O Programa Empreendedor Rural vem trazer informações como sucessão familiar – como deixar seus filhos na propriedade rural; assuntos como gestão, legislação, cadeias do agronegócio. Tudo o que envolve um produtor rural e a área da agricultura ou pecuária”, detalha a instrutora do SENAR-PR.

Em Irati fica a sede regional do SENAR-PR e produtores de municípios de toda a região podem se inscrever no Programa Empreendedor Rural (PER): Rebouças, Rio Azul, Mallet, São Mateus do Sul, São João do Triunfo, Paulo Frontin, Paula Freitas, União da Vitória, General Carneiro, Bituruna, Imbituva, Ivaí, Prudentópolis.

Os produtores devem procurar o Sindicato Patronal de sua cidade, o EMATER ou ligar diretamente para a Regional do SENAR-PR em Irati, que fica na Rua 19 de Dezembro, 154 – Centro. Telefones (42) 3422-5301 e 99904-0505, com Jocilani de Oliveira ou Eduardo Mercado.

“Precisa ter, no mínimo, 15 pessoas participantes, acima de 18 anos ou a partir de 16 anos, acompanhados dos pais. Esses 15 participantes podem, por exemplo, levar o curso para sua propriedade rural”, explica.

Caren destaca que os recursos para o programa vêm da Nota de Produtor Rural. “Quando ele emite Nota Fiscal, está contribuindo para pagar o SENAR-PR. Então, 0,2% do que ele paga nesse Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural) vai para o SENAR-PR. Se o produtor não está usando esse dinheiro de maneira adequada, outros produtores estão”, salienta.

O programa consiste em 17 encontros de oito horas-aula cada, que podem ser semanais ou quinzenais, dentro da própria comunidade ou no Sindicato da região. “O produtor só precisa ir com determinação e vontade para fazer”, diz a instrutora do SENAR-PR.