Movimento foi aprovado durante assembléia realizada neste sábado, 07, em Guarapuava
Paulo Henrique Sava
Cerca de 7 mil professores e funcionários de escolas da rede pública de ensino do Paraná aprovaram em assembléia, realizada em Guarapuava, a deflagração de uma greve da categoria por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira, dia 09, data que estava marcada para o início do ano letivo no estado.
A presidente do núcleo da APP-Sindicato de Irati, Manoela Carneiro, participou do programa Sintonia Máxima, da Najuá FM, logo após o término da Assembléia. Ela relatou que os professores aprovaram a greve por unanimidade.
“Nós estamos numa série de questões nas escolas públicas do estado do Paraná, estávamos vivendo uma situação de verdadeiro caos, com verbas que não chegaram, funcionários demitidos, uma situação em que nós já não tínhamos condições de iniciar o ano letivo”, comentou.
Além disso, Manoela citou que programas e projetos das escolas foram cancelados . Manoela afirmou também que o governo deve enviar para a Assembléia Legislativa no início da próxima semana dois projetos de lei que acabam com o Plano de Carreira dos funcionários públicos.
“Todo aquele plano de carreira que nós temos, que incentiva professores e funcionários a estarem estudando, fazendo cursos e tendo seu tempo de serviço considerado, este projeto de lei acaba. Foi um golpe muito grande, não se muda lei assim, nós estamos num país democrático e não podemos aceitar que seja assim”, declarou.
De acordo com Manoela, este projeto de lei acaba com cinqüenta anos de conquistas do funcionalismo público do estado.
“Temos um retrocesso na educação, e nós, educadores, que temos o respeito com os alunos, com as escolas, não podemos aceitar isso. Nós não podemos dizer que está tudo bem com a educação se sabemos quanto prejuízo representam estas medidas que estão sendo tomadas”, comentou.
Manoela destacou ainda que houve uma reunião entre os dirigentes da APP-Sindicato e o Governo do Estado na última quinta-feira. Neste encontro, o sindicato que representa os professores apresentou as reivindicações e o descontentamento da categoria, mas não houve um entendimento com o governo.
“Em contrapartida, nós temos uma culpabilização da educação, porém os educadores não são responsáveis pelos gastos do estado do Paraná”, desabafou Manoela.
Ela convocou todos os professores das escolas estaduais da região para comparecerem na próxima segunda-feira e explicarem pessoalmente aos pais os motivos para a deflagração da greve. Manoela pediu ainda que os professores se organizem em seus municípios e façam mobilizações como as realizadas em 2014.
“Neste momento, nós estamos em greve até que se retire o projeto de lei que vai ser apresentado na Assembléia na próxima semana, até que o governo pague os salários dos professores PSS, que estão atrasados, e não vamos voltar para as escolas enquanto não se pagar o que se deve para os educadores na questão dos salários, do terço de férias e que se retire o projeto de lei que acaba com o Plano de Carreira dos educadores”, finalizou.
Em entrevista concedida a Najuá no início desta semana, Manoela comentou que uma das principais reivindicações dos professores é o repasse de verbas para manutenção das escolas, que deveria ter acontecido no fim do ano passado, mas somente foi feito no início desta semana. “As escolas precisam organizar a volta às aulas e estão com falta de dinheiro”, revela.
Manoela comenta que a dívida do governo com os trabalhadores chega a R$70milhões. Ela afirma ainda que, antes de todos estes fatos, os professores já tinham uma pauta de reivindicações desde o ano passado. Entre as solicitações, estão o atraso no pagamento dos salários dos professores PSS e das promoções e progressões, a questão do piso salarial nacional e o reajuste dos demais funcionários nas mesmas bases do piso salarial nacional dos professores.
Fotos: Paulo Henrique Sava e APP-Sindicato

Chefe do NRE de Irati fala sobre manifestações
A reportagem da Najuá procurou o chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Irati, Cleto Antônio Castagnoli. Ele falou sobre algumas das reivindicações dos professores, que foram atendidas na última terça-feira, 3, pelo governador Beto Richa. Uma delas autoriza a contratação de 10 mil professores do PSS para suprir as últimas vagas em escolas de todo o estado.
Ele destacou que, no início desta semana, foram distribuídas as aulas para os professores efetivos e para os professores aprovados no concurso realizado em 2012. Além disso, professores vindos de outros núcleos e municípios também assumiram suas aulas, através de ordens de serviço.
Cleto ressaltou também que os pedagogos que haviam assumido aulas tiveram sua situação resolvida. “Eles vão permanecer na sua escola de lotação, mesmo com excesso de pedagogos. Eles ficarão prestando serviços nas escolas que tiverem maior número de alunos e que perderam pedagogos na rodada da demanda anterior, e isto está sendo corrigido também neste momento nos nossos municípios pelos funcionários do RH”, destacou.