Silvério Ianiski planta mandioca há oito anos, o que garante uma renda extra. Ele chegou a recusar pedidos, pois sua produção é pequena para fornecer grandes quantidades/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Sava
O produtor rural, Silvério Ianiski, encontrou no plantio da mandioca uma cultura para ter uma renda extra na sua propriedade na localidade do Rio Preto, no interior de Irati. Com uma produção de mais de 30 toneladas, o produtor chega a ter uma renda de cerca de R$ 100 mil com a cultura.
Silvério planta mandioca há oito anos e conta que começou de forma inesperada. “Isso foi por uma brincadeira. Plantei no quintal um pouco e passou um senhor. Ele perguntou se eu vendia a mandioca. Eu vendi a mandioca para ele. Eu achei que podia ir bem com esse negócio. No ano seguinte, plantei de novo e vendi para o mesmo senhor. E foi aumentando”, disse.
A produção foi tão positiva que já houve pedidos de fora de Irati para o fornecimento de mandioca. Uma rede de supermercado chegou a pedir 40 toneladas por semana e outro pedido de Santa Catarina procurava uma produção que fornecesse 20 toneladas de mandioca por semana. Com apenas um alqueire dedicado à cultura e com uma produção pequena, Silvério teve que recusar as ofertas. “Tive até um pedido do lado de Santa Catarina, de Videira. Só que não temos essa quantia para suprir o que eles pedem”, conta.
O produtor conta com a ajuda de seu filho, Otieles Ianiski, e mais um funcionário para ajudar na colheita e na distribuição para os clientes de Irati. Ele vende o produto por R$ 3,20 o quilo. As mandiocas são colhidas, limpas e transportadas para a cidade três vezes por semana. “Nós fazemos a limpeza, entrega no mercado. Deixa pronto dentro da caixa. Põe lá dentro do mercado e deixa lá. Eles colocam na banca e fica disponível para quem quer comprar, já está limpinha”, disse Otieles.
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Para o secretário de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar, Raimundo Gnatkowski (Mundio), a cultura da mandioca tem potencialidade na região e pode se tornar uma fonte de renda extra para muitos agricultores. “Nós sabemos que a produção da mandioca já acontece com os nossos agricultores, seja em pequena escala para consumo próprio, como para comercialização, no caso do Ianiski, que comercializa nos mercados. Nós temos também pessoas que trabalham com descascamento, descasca, embala, empacota, vende na feira, vende embalada a vácuo. Tem vários produtores dentro do município de Irati e o pessoal busca isso como uma alternativa de renda”, explica.
O secretário destaca que para atingir mercados maiores, é preciso que os agricultores se organizem em grupos, associações ou cooperativas para ter uma produção maior e apoio do Poder Público para buscar recurso. “Nós precisamos organizar esse setor de produção para que possamos começar a conversar e estruturar equipamento para eles. Hoje, o governo do Estado tem um trabalho de apoio à agroindústria, por exemplo. Se você pegar investimento, não é nem agroindústria, é investimento para esse próprio equipamento, se for feito através da mulher tem juros zero. Se for feito por associação, pode ser cooperativa, pode ser a fundo perdido. Nós ganhamos esses equipamentos. Precisa organizar o setor, ver quem é produtor de mandioca no município de Irati, sentar, ver as dificuldades que eles têm, ver o que nós podemos fazer e buscar mercado mais longe”, conta.
Uma das facilidades do plantio de mandioca é que não é necessária muita tecnologia. No entanto, Mundio alerta que assim como em outras culturas, é preciso conhecer sobre o solo da propriedade. “A mandioca não requer tanta tecnologia, mas requer um controle de pH do solo. Tem que ter uma correção, tem que ter uma análise para ela. Toda a cultura você começa com a análise do solo. Você fez a análise do solo e você vai saber o que está faltando. Está faltando correção do solo? Está faltando potássio? Está faltando o cálcio? Você começa a colocar aquilo que realmente ela precisa”, comenta o secretário.
No caso da mandioca, o agricultor também precisa prestar atenção na variedade escolhida para plantar. “Buscar a variedade correta. Hoje, nós temos variedades, além de ser branca e amarela, você tem variedades que você produz o ano todo. Tem variedades para consumo através do cozimento, tem variedade que é para fécula. Ela se divide nessas variedades de produção”, explica Mundio.
Em Irati, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) é uma ferramenta para que o agricultor busque conhecimento para a produção da cultura da mandioca. A instituição oferece cursos gratuitos e assistência técnica aos agricultores que estão em busca de cultivar mandioca e morango. “O SENAR entrou para um sistema chamado ATeG, que é assistência técnica do SENAR-Paraná e com duas culturas piloto. Uma delas é o morango e a outra é a mandioca. Vendo que existe uma grande possibilidade de renda e agregação de valor para essas duas culturas. O Paraná já vem trabalhando muito com essas culturas”, conta o professor do SENAR, Paulo Rogério Borzowski.
Um dos locais que tem uma produção mais voltada para a mandioca é o noroeste do Estado. “No Norte do Paraná, principalmente, a região mais específica do Noroeste do Paraná é o que mais cultiva a mandioca para fécula e farinha. Mas nós temos um cultivo de mandioca no nordeste do Paraná, fazendo fronteira com o estado de São Paulo, que é região próximo a Cerro Azul, Doutor Ulisses, Adrianópolis. Uma região bastante dobrada e que os agricultores vêm trabalhando com a mandioca. O SENAR entra com uma turma piloto, são duas formas piloto de assistência técnica com a cultura da mandioca. Tudo o que é necessário para o produtor ter uma produtividade boa de mandioca”, explica.