Gestão estrutura equipe para orientar visitantes e melhorar o acesso, enquanto Bombeiros alertam para os altos riscos de afogamento no local/Marina Bendhack com entrevista de Paulo Henrique Sava e Juarez Oliveira

Resumo
- O Corpo de Bombeiros destaca a importância da socioeducação da população para evitar acidentes na cachoeira;
- O retorno da escritura do terreno da Cachoeira do Pinho de Baixo à Prefeitura ainda está em fase de finalização dos trâmites;
- Já estão sendo realizadas ações para melhorar a segurança no local, como a melhoria do acesso à cachoeira e o estudo da área pela Prefeitura.
Recentemente a Prefeitura de Irati recebeu de volta da União o terreno onde está localizada a Cachoeira do Pinho de Baixo. O processo ainda está em fase de finalização dos trâmites e em breve a cachoeira deve ser melhor estruturada para receber turistas, especialmente no que diz respeito às questões de segurança. Neste ano, duas mortes ocorreram no local. A mais recente foi a morte do jovem de 18 anos, Maycon Eduardo Bufolski, que se afogou após cair no poço da cachoeira.
Com isso, foi estruturado pela Prefeitura uma comissão, que pretende agir com placas, avisos, alertas, redes sociais e socioeducação em geral para melhorar a segurança na cachoeira.
O diretor de Turismo de Irati, Adriano Godoy, o secretário de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo, Danilo Fillus, a comandante do Corpo de Bombeiros de Irati, Capitã Carla Adriana Spak Sobol, e o tenente Murilo Maltaca falaram, em entrevista à Najuá, sobre o projeto de obras e as questões de segurança na cachoeira.
A capitã Carla Adriana Spak Sobol reforça que a melhor maneira de proteger a população dos afogamentos é prevenir, com a socioeducação.
“As pessoas não conhece a profundidade da cachoeira. Ela tem um poço, de 8 metros, os bombeiros, no mergulho plotou mais de 10 metros. A pessoa que não tem esse conhecimento, acaba se colocando em risco. A prefeitura montou esse grupo de obras para melhorar a segurança da cachoeira. Convidaram o corpo de bombeiros para fazer parte desse grupo, então a gente está em conversas para colocar algumas situações para orientação da população”, explica Carla.
O tenente Murilo Maltaca reitera que a Cachoeira do Pinho é um local com grande risco de afogamento. Além disso, para chegar na cachoeira, são 1.200 metros de caminhada, tornando a operação complicada para o Corpo de Bombeiros.
“É um local que a gente não sabe a profundidade quando você vê de fora, somente mergulhando. Existem muitas pedras lá embaixo, galhos ao redor. Até algum mergulhador pode se enroscar numa galhada, ficar preso numa situação desse tipo. Aqui eu reforço os riscos que o local apresenta, talvez a gente orientar a população que frequenta o local, é justamente isso”, alerta o tenente.
A capitã Carla esclarece que o Corpo de Bombeiros não possui efetivo suficiente para instituir um posto de guarda vidas no local, por isso, destaca que o ponto principal é prevenir e orientar nas questões de segurança.
“Geralmente, quanto mais alta a cachoeira, ela vai formar uma corrente de água de retorno e de água dentro desse poço. Então, eu sei nadar, mas será que eu tenho preparo físico numa situação como essa? Esse não é o local de a gente testar o nosso nado mais profissional, melhor é ficar ali mesmo com água, no umbigo, nas canelas”, frisa.
Já sobre o trabalho de socioeducação, o tenente Murilo Maltaca repassa orientações gerais para praias, cachoeiras e lagoas.
“Não mergulhar em locais desconhecidos, não saltar de pedras, de pontes, lugares mais altos, que a gente não conhece o fundo; a ingestão de bebidas alcoólicas nesses locais também é um ponto crítico; o cuidado com as crianças, então sempre estar de olho nessas situações; o cuidado com boias também, algumas boias nos trazem uma falsa sensação de segurança, então o mais ideal, o mais indicado é um colete salva-vidas”, reitera o tenente.
Ele também comenta sobre a maneira mais segura de ajudar uma vítima de afogamento. “A gente não recomenda que a pessoa entre na água e tente retirar aquela vítima para ela não se tornar outra vítima. Orientamos alcançar algum material, seja uma boia, um galho, jogar uma corda, para que possa puxar aquela vítima que está afogando, e ao mesmo tempo, acionar o corpo de bombeiros o mais rápido possível, para que a gente consiga deslocar até o local e dar continuidade no resgate, nos primeiros socorros daquela vítima” , orienta Murilo.
Regularização do terreno e ações de segurança pela Prefeitura
Depois de agendar uma reunião com a superintendência da união (SPU) e descobrir que o terreno da Cachoeira do Pinho estava em uma autarquia chamada Embepar, a Prefeitura recebeu a devolução deste para o município de Irati. Agora, resta a parte burocrática da escritura para o terreno pertencer oficialmente à cidade. A gestão acredita que até o mês de dezembro o trâmite deve estar concluído.
“O terreno passou para o município de Irati, mas ainda existe essa parte burocrática, essa parte documental, que nós estamos em contato com a Superintendência da União, para que seja assinado, e se Deus quiser, até o mês de dezembro, a gente vai passar a ter a escritura de toda essa área”, diz o diretor de turismo, Adriano Godoy.
Em vez da proibição da entrada na área da cachoeira, como foi sugerido por muitos iratienses, a Prefeitura optou por realizar um estudo do local e desenvolver a estruturação da segurança.
“É uma área de natureza preservada, praticamente intocada, são 150 mil metros de área. Estamos em fase de estudo da área, mas ainda é cedo para a gente falar sobre isso. A parte paliativa está sendo feita com as pontes, com as placas, já está sendo feito o levantamento, questão de segurança, porque proibir talvez não seja o caminho, mas a gente fazer essa conscientização das pessoas”, afirma Adriano.
A fase atual do projeto é de estudo inicial, mas tem potencial para gerar retorno ao município. “Além dos turistas que vamos receber lá, o local vai gerar ICMS ecológico para o município. Quando ela estiver instituída, essa unidade de conservação, a gente vai saber tudo o que a gente pode e deve fazer nela, qual área de preservação, qual área de exploração”, explica o diretor de turismo.
O secretário de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo, Danilo Fillus, comenta que já está sendo feito um projeto para melhorar a infraestrutura, principalmente no que tange às questões de segurança.
“Um dos pontos que já foi trabalhado foi uma questão da ponte, que até então não tinha na primeira passagem, só existia um tronco de uma árvore, agora a gente já conseguiu ajustar uma ponte para melhorar esse acesso. Então, são medidas paliativas e também protetivas que a gente está começando a fazer”, finaliza o secretário de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo.