Prefeito de São Jerônimo da Serra é alvo de Comissão Processante

Vereadores vão investigar participação de prefeito em fraudes de licitações.Abertura foi aprovada na Câmara Municipal…

25 de setembro de 2014 às 11h45m

Vereadores vão investigar participação de prefeito em fraudes de licitações.
Abertura foi aprovada na Câmara Municipal na sessão de terça-feira (23).

Luciane Cordeiro Do G1 PR


Os vereadores de São Jerônimo da Serra, no norte do Paraná, aprovaram por unanimidade a abertura de uma Comissão Processante (CP) contra o prefeito Adir dos Santos Leite (PSDB) durante sessão realizada na noite de terça-feira (23), na Câmara Municipal. A CP vai investigar se o prefeito participou de um esquema de fraude de licitações e desvio de recursos municipais, descoberto pelo Ministério Público (MP-PR). Diante da denúncia, Leite pediu o afastamento do cargo no dia 16 de agosto e deve ficar longe da funções por mais 30 dias. Com o afastamento, o vice-prefeito João Ricardo de Mello (PPS) assumiu o Executivo.

A abertura da CP ocorre após o MP-PR denunciar o prefeito e mais 39 pessoas pelo crime de desvio de recursos públicos. Além disso, os acusados ainda devem responder pela participação em mais 73 outros crimes, como corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, fraude à licitação e organização criminosa. O esquema foi descoberto pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que deflagou a Operação Sucupira no dia 6 de agosto deste ano. Conforme a promotoria, a prefeitura contratava, por meio de licitação, empresas para a construção de calçamentos e estradas na área urbana e rural de São Jerônimo da Serra, mas as obras eram executadas com equipamentos e funcionários municipais.

A CP será presidida pelo vereador Alcidio Gabriel (PPL) e terá Sidney Navarro Junior (PT) como relator, além de José da Silva (PTB) como membro. Gabriel e Navarro Junior eram suplentes dos vereadores Isaque Pereira Martins (PPS) e Amarildo Alves Bueno (PR) – presos pelo Gaeco na Operação Sucupira. Eles foram empossados no dia 16 de setembro pela Câmara dos Vereadores.

De acordo com o presidente do Legislativo Municipal, Alfredo Luiz Bernardo (PP), a comissão foi constituída através de sorteio com os integrantes da Casa.  “A comissão vai investigar se houve uma infração política administrativa pelo prefeito. Se o crime for comprovado, os vereadores decidirão se cassam ou não o mandato de Leite”, detalha Bernardo. A Comissão Processante tem 90 dias para entregar o relatório final das investigações.

Ao G1 o advogado de Adir Leite (PSDB), Mauricio Carneiro, disse que a votação pela abertura da CP foi irregular, pois durante a sessão os vereadores impediram a manifestação da defesa. “Não tive o direito de defender o meu cliente porque o presidente da Câmara impediu que eu me manifestasse. Isso mostra que Leite não terá o exercício da ampla defesa e que os vereadores já concluíram que o meu cliente é culpado”, diz Carneiro.


Entenda o caso

No dia 6 de agosto, o Gaeco deflagrou a Operação Sucupira para combater o crime de desvio de recursos públicos na prefeitura de São Jerônimo da Serra. Na época, Leite, os dois filhos dele e mais 16 pessoas foram presas. O prefeito não tinha a prisão decretada, mas foi detido após assumir a posse de três armas ilegais que estavam na casa dele. Adir Leite foi liberado ainda no dia 6 após pagar fiança.

Depois da operação, a promotoria denunciou o prefeito e mais 39 pessoas por terem participado ativamente no esquema. Foram feitas duas denúncias, na primeira foram denunciados três vereadores, esposa e dois filhos do chefe do Executivo, chefe de gabinete e de relações institucionais, o responsável, à época, pela tesouraria e pelas finanças, servidores municipais, empresários e agentes públicos. Já no início de setembro, o MP-PR denunciou o prefeito ao Tribunal de Justiça do Paraná. As denúncias foram separadas porque Leite tem foro privilegiado.

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