Pré-projeto custou aproximadamente R$ 600 mil e será apresentado ao governo estadual, que sinalizou a intenção de liberar R$ 25 milhões para obra/Texto de Edilson Kernicki, com entrevista de Juarez Oliveira e Rodrigo Zub
O Governo do Estado deve investir cerca de R$ 25 milhões na construção do Aeródromo Regional, no terreno doado pela família Kasprzak, na fazenda Xanadú, em Fernandes Pinheiro, nas imediações do limite com o município de Irati. O pré-projeto da obra custou aproximadamente R$ 600 mil e deverá ser apresentado ao governo estadual em breve.
O recurso repassado para construção do aeroporto deve custear a pavimentação da pista, a sinalização de segurança e a construção de um hangar. Segundo o presidente da Amcespar, o prefeito de Irati, Jorge Derbli (PSD), a burocracia atrasou o desenvolvimento do projeto, que demanda a obtenção de documentos como o desmembramento do terreno, que costuma demorar.
Conforme Derbli, a prefeita de Fernandes Pinheiro Cleonice Schuck (PSD) tem trabalhado em torno do projeto e todos os prefeitos da região contribuíram com valores para a elaboração do pré-projeto do aeródromo, que já está na fase final e deve ser apresentado nos próximos dias ao Governo do Estado.
Ainda segundo o presidente da Amcespar, Cleonice já estabeleceu contato com lideranças ligadas ao PSD e ao Governo, como o próprio governador Ratinho Junior; os deputados estaduais Alexandre Curi, Artagão Júnior e Hussein Bakri, líder do Governo na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP) e o secretário de Estado de Infraestrutura e Logística Sandro Alex. “Já está meio que combinado e prometido um recurso, em torno de R$ 25 milhões para a execução desse aeroporto, que vai trazer um desenvolvimento para a região”, revela.
Para a construção do Aeródromo Regional, a família Kasprzak condicionou ao Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Regional (Conder) a mesma oferta já rejeitada pela Câmara Municipal de Fernandes Pinheiro, em junho do ano passado, de acordo com Derbli.
“A família Kasprzak cedeu 12 alqueires da sua fazenda, onde já existe um aeroporto, mas não é pavimentado. A mesma forma, as mesmas condições que foram para Fernandes Pinheiro, nós, em comum acordo com os prefeitos, resolvemos receber pelo Conder, porque esse aeroporto não é só de Fernandes Pinheiro, nem de Irati, é um aeroporto da Amcespar [Associação dos Municípios do Centro-Sul do Paraná] e do Consórcio, que vai atender a todos os municípios”, afirma o prefeito de Irati.
Derbli comenta que participou, há poucos dias, de uma videoconferência com algumas empresas que tinham a possibilidade de se instalar em Irati e, de forma unânime, todas questionavam se Irati possui um aeroporto. Segundo o presidente da Amcespar, é de praxe que as empresas com intenção de expandir suas atividades queiram se inteirar das condições logísticas primeiro. “Temos aeroporto em Ponta Grossa, mas é em Ponta Grossa. Então, esse aeroporto que nós ganhamos o terreno, tem também uma cláusula que nós temos um prazo para executar o projeto do aeroporto, senão o terreno retorna para a família. Eles fizeram essa cláusula, que está dentro dos parâmetros do contrato”, argumenta.
O presidente da Amcespar avalia que a região subestima a demanda logística que o aeródromo pode proporcionar. “Muita gente acha ‘Ah, quantos aviões descem aqui?’. Hoje, nenhum. Mas vão descer muitos. Vai vir muita gente. Vai ser usado. Então, nós precisamos de um aeroporto. Nós tínhamos já, no passado, aqui em Irati, há muitos anos, já existia um aeroporto. Quando foi feito o Condomínio Industrial na Vila São João, decidiu-se que ia fazer um aeroporto e, infelizmente, não aconteceu até hoje, por questões de terreno e topografia, vários problemas que houve. Mas esse aeroporto, como é bem próximo aqui, na fazenda Xanadú, em Fernandes Pinheiro [próximo do limite com Irati] vai atender a nossa necessidade”, defende.
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Inicialmente, quando o projeto foi aprovado pelo Conder, houve a anuência de todos os municípios em contribuir financeiramente. Com isso, o projeto era estimado em torno de R$ 1 milhão. Porém, o valor ficou em torno de R$ 600 mil, sendo que Irati e Fernandes Pinheiro deram as maiores contribuições. “O projeto ficou na faixa dos R$ 600 mil, houve uma contribuição, em maior parte, da Prefeitura de Irati e de Fernandes Pinheiro, que são os mais próximos aqui, teoricamente, que vão utilizar mais. Os outros municípios contribuíram todos com uma pequena parcela desse projeto. Mas quando sair a licitação, aprovada pelo Governo, no projeto final, com todas aquelas normas da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), será custeado, dentro do valor, o projeto final e a execução. Então, o Governo vai liberar um dinheiro que vai complementar esse pré-projeto nosso e também vai fazer a execução, a construção da pista, do hangar onde fica o avião e essa questão da sinalização. Tem um monte de normas técnicas, que eu não tenho conhecimento, mas sabemos que tem que haver muita segurança, uma cerca de alambrado em torno, para não entrar nenhum animal daquela área”, detalha o presidente do Conder.
Prazo da obra: Um dos argumentos dos vereadores de Fernandes Pinheiro para rejeitar o projeto e arquivá-lo era o de que o prazo estabelecimento para a entrega da obra era muito curto. O acordo previsto na doação do terreno era o de que, descumprido o prazo, a área deveria ser devolvida. Segundo Derbli, os trâmites estão dentro do cronograma estabelecido. “O prazo realmente é curto. Mas é justamente disso que estamos correndo atrás e pressionando o Governo, porque tem que liberar agora, já, tem que sair antes da eleição e estar com tudo aprovado, com contrato e licitação, para dar tempo de fazer. Talvez não consiga dentro do prazo, mas as obras estando andando, digamos que esteja com 70%, 80% de chegar ao prazo final, tenho a certeza de que a família [Kasprzak] vai dar mais uma carência de prazo de mais alguns meses para concluir”, acredita Derbli.
O presidente da Amcespar avalia que se o prazo dado pela família doadora do terreno fosse longo, de dez anos, por exemplo, era provável de a obra ser postergada a ponto de o terreno se manter ocioso, passar um mandato ou dois inteiros e não sair. “O negócio tem que apurar, tem que apertar o parafuso, tem que ‘torcer o rabo da porca’ para corrermos atrás e é isso que está acontecendo”, diz.
Derbli, que acumula o cargo de presidente da Amcespar, destaca que, exclusivamente nesse projeto, é a prefeita de Fernandes Pinheiro quem tem tomado a frente, a fim de cumprir os prazos pré-estabelecidos. “Ela é uma batalhadora. Dou meus parabéns a ela, pois tem que ser assim mesmo. Ela está fazendo um excelente trabalho. Estamos correndo contra o tempo, todos da Amcespar, mas a Cleonice à frente e os demais dando essa cobertura, esse apoio, para que, tão logo nós tenhamos essa reunião em Curitiba, se defina o valor [da obra]. Uma vez que o Governo libere, aí é questão de se fazer o edital, a empresa ganhar, a ordem de serviço e os contratos e tudo o mais [saírem]. Temos pressa, porque temos prazo. Não entro na questão dos vereadores de Fernandes Pinheiro terem aprovado ou não. Cada um faz o que acha que sua cabeça deve fazer, não entro na questão se eles estão certos ou errados. Mas nós, do Conder, queremos que aconteça. Por isso, chamamos [a responsabilidade] para nós e temos prazo e temos que correr agora, o quanto antes, para que aconteça”, conclui.
Projeto rejeitado em Fernandes Pinheiro: Vale lembrar que, em junho de 2023, a Câmara de Fernandes Pinheiro rejeitou e arquivou um projeto de lei, que tramitava em regime de urgência, que autorizava o município a aceitar doação um terreno da família Kasprzak para a execução da obra. O motivo da controvérsia era uma condição definida pelos proprietários do terreno: um prazo de um ano e meio para concluir a obra, ou o terreno deveria ser devolvido. Vereadores que se opuseram ao projeto defendiam que em vez de ganho, a doação poderia resultar em prejuízo ao município, pois o investimento seria perdido. Além disso, argumentavam que a proposta era contrária aos interesses da população. Dos nove vereadores, três votaram a favor, três votaram contra, um se absteve e um não compareceu à sessão. Na ocasião, coube ao presidente da Câmara de Fernandes Pinheiro, Amauri Pabis (MDB), o “voto de Minerva”. No desempate, ele votou contra a proposta.
Cleonice Schuck, na época, lamentou que os vereadores não tivessem compreendido a proposta. Para ela, faltou abertura da parte da oposição para discutir o Projeto de Lei 010/2023, que tratava da doação do terreno para a construção do aeródromo, e disse que os vereadores não buscaram fazer apontamentos e obter mais informações sobre o projeto antes de rejeitá-lo. Para o município, segundo ela, caberiam apenas os custos da escritura do terreno. A garantia dos recursos do Governo do Estado para a construção do aeródromo dependia da disponibilidade do local para a execução da obra.