Lançamento será feito em um evento no Restaurante Martins, em Rio Azul, nesta quinta-feira, 28, a partir das 18h30min/Paulo Sava
“O submundo das drogas alcançou as cidades do interior, e veio para ficar”. Esta é a frase que está na capa do livro “O Império da Pedra”, escrito pelo policial militar Renato PK, que será lançado nesta quinta-feira, 28, em um evento no Restaurante Martins, em Rio Azul, a partir das 18h30min.
O livro traz relatos da vivência do próprio policial, que atua há quase 20 anos na Polícia Militar, e mostra os detalhes sobre o dia a dia do tráfico e do consumo de drogas. Renato está há 7 anos na região e já fechou vários pontos de drogas, especialmente em Rio Azul, onde trabalha atualmente.
Em conversa com nossa reportagem, o policial, que veio de Curitiba para o interior do estado, contou como surgiu a ideia de escrever o livro. “O livro surgiu dentro do trabalho de conscientização, de levar para as pessoas esta mensagem. Eu percebi, nestes quase 20 anos de Polícia Militar, atendendo ocorrências e sempre combatendo o tráfico de drogas, que ela não vai acabar, não vamos conseguir eliminar. Quando eu cheguei ao interior, eu pensava que a realidade era um pouco diferente das capitais, e realmente é, mas me assustei com a quantidade e a dinâmica do tráfico de drogas também aqui no interior. Eu sempre trabalhei paralelamente com conscientização, e o livro surgiu disso. Surgiu de trazer estas histórias da vida real, que ninguém conta”, frisou.
As drogas são vendidas sob a ilusão do divertimento e da recreação, mas até agora ninguém havia contado o que acontece nos bastidores com quem é viciado, segundo Renato. “Ninguém te conta os bastidores, os detalhes e o que acontece com a constância e a frequência daquele uso e os desdobramentos disso. Estas histórias vividas no submundo, como eu chamo, pois encaro desta maneira, um mundo vivido nos bastidores, são de destruição, degradação, humilhação e de morte, que é o uso da droga”, comentou.
O livro conta exclusivamente histórias do tráfico de drogas na região, segundo Renato. “Aquela coisa que as pessoas não acreditam que acontecem nas cidades pequenas, e ninguém conta sobre isto. Quem vive estas situações, quem passa por isso, não sai falando e expondo isto para as pessoas e até para os familiares, pois são difíceis, doídas e de sofrimento. O policial vê e atende isto. Muitos órgãos públicos não chegam nestas pessoas, mas a Polícia sempre chega, o policial é sempre o primeiro a chegar, é o único que está em todos os lugares, em todos os atendimentos de ocorrência. Este desdobramento, desde o início, quem acompanha é o policial, e isto sempre tocou meu coração, de ver pessoas comuns, normais, como eu e você e qualquer pessoa do dia a dia, como nossos amigos, vivendo estas tragédias, estas situações trágicas em decorrência do desconhecimento, de não ter tido contato antes com este tipo de realidade e de não saber sobre estes desdobramentos, e é isto que eu quero trazer neste livro”, destacou.
A obra foi escrita em dois anos. O trabalho mais complicado para o autor foi o processo de criação da capa, da colocação das imagens e a montagem da parte gráfica do livro, que tem na capa uma caveira com uma coroa e imagens de cigarros e entorpecentes. “A ideia foi justamente trazer este contexto: é um império, porque a droga ela é assim, traz consigo um verdadeiro império de destruição e morte. Este falso dinheiro que vem em decorrência da comercialização do entorpecente vem carregado de energias negativas e da morte mesmo, como tem a caveira, simbolizando a morte junto com a coroa e todos os outros itens utilizados pelo tráfico de drogas. A capa foi montada em cima disso, de mostrar esta realidade encontrada nas ruas”, comentou.
Renato lamenta o fato de o Estado não conseguir acompanhar com a mesma velocidade o rápido crescimento da criminalidade nas cidades paranaenses. ”Vemos uma expansão muito grande do tráfico de drogas nas cidades pequenas pela falta de efetivo. Na capital, temos várias delegacias especializadas, que trabalham com crimes especializados. Mesmo para uma cidade como Irati, tem uma delegacia para todos os tipos de crime, desde virtuais, violência doméstica, não temos uma delegacia da mulher específica, apesar de ter o atendimento. Não temos estas diversas frentes subdivididas para o enfrentamento especializado aos diversos tipos de crimes. Este desequilíbrio da balança afeta muito e influencia o crescimento do tráfico de drogas”, afirmou.
O policial avalia que a região é relativamente tranquila em relação a crimes como roubos e outras ocorrências, e que os criminosos estão focando suas ações no tráfico. “Não temos grandes ocorrências de roubos, de quadrilhas enormes. Às vezes, temos no interior um furto de maior consistência, mas não temos ocorrências de violência porque os criminosos estão prosperando no tráfico. O problema do tráfico não é somente a atividade ilícita em si, mas também o mal que ele causa nas pessoas, em quem usa o entorpecente, e isso vai atingindo e se ampliando para cada vez mais pessoas”, lamentou.
Consequências das drogas – O consumo de drogas pode trazer consequências sérias para toda a família do usuário, conforme Renato. “A realidade vivida atinge as crianças, a família, respinga em todo mundo, e não fica só naquilo de que é um sobrinho de 2º grau. Não pense que não vai ter desdobramento para a sua casa, pois eles vão chegar em você. Aquela pessoa, depois de presa ou de uma tentativa de iniciar um tratamento, ou mesmo por ser familiar, vai tentar roubar as coisas da sua casa. Se você souber passar para os teus familiares ou filhos sobre como se posicionar e desenvolver autonomia para dizer não quando chegar, porque a droga vai chegar em você, é fato, vai chegar no teu filho. Seja na escola, em uma balada, hamburgueria, posto de gasolina, qualquer lugar em que você estiver, alguém, em algum momento, vai te oferecer, pois ela infelizmente está em todos os lugares. Meu objetivo, com isto, é que a pessoa se conscientize e saiba dizer não”, ressaltou.
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Palestras – Renato também está escrevendo um segundo livro e dá palestras sobre os cuidados com as drogas nas escolas. Ele falou sobre a repercussão deste trabalho. “Às vezes, quando estou passeando em algum parque e uma criança me reconhece, elas lembram e marcam porque eu trabalhei com muito carinho nestas palestras para conseguir falar a linguagem daquele público, criança ou adolescente. Não é aquela palestra chata, de lição de moral: a ideia é falar a mesma linguagem e mostrar a realidade para que eles evitem de toda maneira entra em contato com isto. O retorno das professoras e diretoras é sempre muito positivo, eu faço todas as palestras de maneira voluntária, e é uma atividade que me dá muito prazer em fazer e vamos espalhando esta mensagem”, pontuou.
Política – Renato também foi eleito vereador em Rio Azul nas eleições do dia 06 de outubro. Ele atribui a eleição ao trabalho que vem desenvolvendo em prol da segurança no município e diz que uma de suas lutas será pela reabertura da Delegacia de Rio Azul. “Eu obtive êxito na eleição, recebi convites para ser candidato e aceitei porque acredito que posso realmente fazer a diferença. A minha bandeira é o que eu vivo, a segurança pública. Eu nem tomei posse, mas já fiz um ofício para reabertura da Delegacia de Polícia Civil em Rio Azul, precisamos disto. Serão quatro anos de luta árdua contra a expansão e o desenvolvimento do tráfico de drogas na região, vamos combater com estratégia e inteligência, mas também com muita força e vigor. A minha proposta é esta e é o que a população pode esperar de mim. Estou muito contente com esta eleição e por poder fazer este trabalho”, finalizou.
Alguns exemplares do livro serão vendidos no dia do lançamento. Depois, quem quiser revender poderá entrar em contato com Renato PK nas redes sociais ou pelo WhatsApp (42) 99111-3010.