Policial aposentado explica como é feita a caça legal de javalis

Animais são abatidos como forma de controlar a fauna invasora e proteger lavouras e animais…

23 de maio de 2024 às 23h26m

Animais são abatidos como forma de controlar a fauna invasora e proteger lavouras e animais atacados pelos javalis/Marina Bendhack com entrevista de Tadeu Stefaniak

Caça do javali foi autorizada como forma de proteger as lavouras e rebanhos da ação desses animais. Foto: Júlio Cesar de Oliveira

Em entrevista à Najuá, o policial aposentado Júlio Cesar de Oliveira, que possui 28 anos de carreira na área de segurança, passando pelas Polícias Militar, Ambiental e Rodoviária Estadual, falou sobre a prática legal de abate de javalis no Brasil para o controle desta praga ambiental.

Oliveira conta que a caça desse animal ainda é proibida, mas a partir do decreto n⁰ 11.615, de 21 de julho de 2023, foi autorizada a caça excepcional desse animal, que possui como finalidade exclusiva o controle de fauna invasora em locais onde o abate se mostre imprescindível para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora desses animais. “Então hoje nós vivemos com a globalização, a maioria dos produtores rurais têm agricultura de precisão então o custo de um hectare pra produzir é muito alto e um javali consegue fazer uma destruição considerável numa lavoura. Então você veja, o adubo é caro, a semente é cara, o insumo é caro, o óleo diesel é caro, o tempo do produtor é mais caro ainda, né? Então ele é uma praga e uma das piores pragas porque ele se locomove, ele consegue andar quilômetros durante a noite atrás de comida”, contou o policial aposentado.

Julio Cesar, em entrevista à Najuá. Foto: Najuá

Com a legalização dessa prática, criaram-se grupos de pessoas sérias e profissionais na caça excepcional de javalis, conhecidos como “javalizeiros”. O grupo de javalizeiros que Júlio Cesar Oliveira participa é chamado de “Onça Parda” e formado por oito pessoas. Além dele, participam duas pessoas de Rebouças, duas de Ponta Grossa e três de Irati.

Para realizar esse tipo de prática legal, Oliveira esclarece que é preciso ter a autorização do Ibama, chamada de Cadastro Técnico Federal (CTF). A partir desse cadastro, se faz necessário emitir um certificado de regularidade, que vence a cada 90 dias. Além dessa documentação, é necessário possuir a autorização do proprietário. “Antigamente você entrava com o [Cadastro Ambiental Rural] CAR e fazia o pedido junto ao [Sistema de Informação de Manejo de Fauna] SIMAF, de autorização de controle de fauna exótica invasora. Hoje além desse documento, o que melhorou e muito, foi que o proprietário tem que pedir uma autorização de acesso a todos os limites da sua propriedade. Além disso ele tem que assinar .gov ou reconhecer a sua assinatura, tem que ser reconhecida firma em cartório”, diz Oliveira.

Referente ao manejo de javali com o auxílio de arma de fogo, é preciso ter a arma legalizada com o Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF) em dia; carteira de identidade e Certificado de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC), expedido pelo exército, especificando que é para o controle de javali. Júlio Oliveira recomenda procurar um despachante de confiança para orientação adequada de como proceder 100% dentro da legalidade.

Quer receber notícias pelo WhatsApp?

Na Floresta Nacional de Irati (Flona) e em outras propriedades da região, não há invasão de javali. Por não possuir áreas florestais muito grandes, o animal não se prolifera. Para se proliferar e se tornar uma praga, o animal precisa de um lugar para se esconder, procriar e fugir dos manejadores humanos, tendo em vista que ele não tem um predador natural. As regiões de Teixeira Soares, Imbituva, Ponta Grossa, General Carneiro, Bituruna e Palmas possuem grande quantidade de javalis, conta Oliveira.

O javali é um animal selvagem que foi introduzido no Brasil na década de 1960. O animal foi trazido primeiramente para o Rio Grande do Sul e Uruguai e consegue procriar de quatro a cinco filhotes. Como era inviável economicamente na época a criação do javali, pois o animal demorava muito a ficar pronto para o abate, alguns produtores rurais soltaram na natureza. Solto na natureza, o javali cruzou com o porco doméstico e com a mistura dessas duas espécies, se fez o Javaporco, que procria em torno de oito a dez filhotes, mas com a rusticidade do javali.

Confira mais fotos da caça dos javalis abaixo. Imagens: Júlio Cesar de Oliveira

Em relação às doenças que esse animal pode propagar, Oliveira relata que já foram feitas diversas coletas de sangue e encaminhadas ao órgão competente para análise. Até o momento, não houve nenhum resultado positivo de qualquer verminose.

A venda de carne de javali é proibida, sendo legal apenas o consumo próprio. Para conservar e comer a carne de modo a não sofrer o risco de qualquer contaminação, Oliveira recomenda realizar o descongelamento. Depois de oito a dez dias, a pessoa pode cozinhar o produto.

O transporte do animal vivo também é proibido. Para a criação de animais exóticos é preciso ter autorização do Ibama. No caso do javali, não é autorizada sua criação, por ser uma praga e destruir nascentes e áreas de preservação.

Para eventuais dúvidas ou caso sua fazenda esteja com problemas de invasão de javalis, Júlio Oliveira se coloca à disposição, no número (42) 9-9916-4308.

Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.