Pinho de Baixo passa a contar com museu da comunidade

Casa Dei Nonni foi inaugurada no último sábado, 05. No local, é possível conhecer um…

14 de março de 2016 às 10h04m

Casa Dei Nonni foi inaugurada no último sábado, 05. No local, é possível conhecer um pouco da história da comunidade

Paulo Henrique Sava

Desde o final da última semana, as pessoas que visitam a comunidade do Pinho de Baixo, em Irati, contam com mais um atrativo: a Casa Dei Nonni. Inaugurado no último sábado, 05, o museu conta parte da história da comunidade, formada basicamente pela etnia italiana. Fotos e objetos pertencentes às famílias da comunidade estão expostos no local.

A agricultora Rosa Romilde Zanlorensi, responsável pelo museu, conta que os moradores da comunidade levaram as peças até a casa.  Ela comenta que a idéia da instalação do museu partiu de Edson Moro Rios, um dos coordenadores do coral Chiaro Di Luna, formado por moradores da comunidade. “Foi ele quem iniciou tudo, para nos ensinar a cantar em italiano, rezar e falar, que ainda não conseguimos, mas conseguimos entender bastante coisa de italiano”, comentou.

Doação da casa

Romilde conta que  a casa, doada por Alzira Dembiski Bueno, foi transportada do centro de Irati, das proximidades da rotatória das ruas Dr. Munhoz da Rocha, Marechal Deodoro e Benjamin Constant, até a comunidade. “Nós estávamos lutando há vários anos, porque não tinha meios de a gente construir sem dinheiro. Com a Festa da Polenta e outros eventos, a gente conseguiu um pouco de dinheiro para construir”, afirmou.

Segundo Romilde, após a construção, foi realizada uma reunião com todos os moradores. Na ocasião, foi solicitado que cada família levasse um objeto que pudesse ficar em exposição no museu. A moradora ressalta que os objetos contam um pouco da história da comunidade. “Tem descendentes que pessoas, como os meus bisavós, que vieram da Itália, e nós somos descendentes deles”, declara. 

Romilde, que reside no Pinho de Baixo há 65 anos, diz que tem uma ligação muito grande com a história da comunidade. “A gente conhece todas as famílias, o nome de cada pessoa que existe na casa”, destacou. Ela conta ainda que tem diversos objetos seus  em exposição, a exemplo de um vestidinho e de uma sombrinha, que Romilde usava nos tempos de criança. 

Importância do museu

Para Romilde, o museu é importante para que os visitantes também conheçam um pouco da história da comunidade e das famílias que vivem na região. Ela relata que alguns pertences de sua família estão expostos no local, como panelas de ferro, móveis do final do século XIX, eletrodomésticos, máquina de costura, entre outros. 

Além da exposição de objetos antigos, o local oferece ainda aos visitantes um passeio de charrete e uma trilha pela mata próxima. Os passeios serão oferecidos nos finais de semana e em horários previamente agendados para excursões. Ela afirma que tudo foi organizado para que as pessoas tenham total conforto durante a visitação do local. “É só por baixo da mata, é bem fresquinho, se tiver sol. A carroça passeia na beira das lavouras, não sai pela estrada porque é muito perigoso por causa do movimento, então assim é tranquilo”, comentou.

De acordo com Romilde, será cobrado um ingresso no valor simbólico de R$2,00 para que a população possa visitar e ajudar na manutenção do museu. No local, também estão sendo vendidos produtos típicos da região, como vinhos, pães, biscoitos, entre outros.

Início

Edson Moro Rios, um dos responsáveis pela construção da Casa Dei Nonni, comenta que o próprio coral Chiaro di Luna deu início ao resgate da cultura italiana na comunidade do Pinho de Baixo. Ele ressalta que a instalação do museu foi importante para concluir todo o processo de resgate da cultura e da valorização do local e das belezas que a comunidade apresenta. Rios conta como se deu o processo de doação da casa e posterior construção do museu. 

“Na época, eu conheci a dona Alzira, e neste tempo eles estavam em negociação para a construção da rotatória da Rua Marechal Deodoro com a Munhoz da Rocha e a Benjamin Constant, e eu pedi a ela que, como ela iria deixar a casa e vender somente o terreno, e que ela poderia ser demolida e transformada em uma caixaria, utilizada em materiais de construção. A casa é de um valor histórico, que na maioria das vezes a gente nota que é demolido, e a proposta é preservar este patrimônio. Foi aí que conseguimos, pegamos a casa, que foi desmontada às pressas, foi transladada para o Pinho e lá foi montada. Daí, cedemos um espaço para a memória da cultura italiana e da dona Alzira”, frisou.

Fotos: Paulo Henrique Sava

Doação do espaço

O espaço para construção do museu foi doado pela agricultora Rosa Romilde Zanlorensi, para a Associação Cultural Ítalo-brasileira Chiaro Di Luna. Rios confirma que a proposta da associação era de criar um centro de visitação, de venda de produtos artesanais, para mostrar um pouco da cultura local e resgatar o patrimônio histórico da comunidade, além de perpetuar a história da comunidade e a memória de Alzira Dembiski Bueno, que foi professora, musicista e poetisa. 

De acordo com Rios, o madeiramento para construção da casa foi cortado e beneficiado há mais de 100 anos em uma serraria, pertencente ao pai de Alzira e localizada na comunidade de São Miguel. 

“A gente se sente realizado por construir uma coisa que é um marco, e vimos a comunidade aceitando muito bem, atuando e participando. É importante ressaltar que é o esforço da comunidade  que isto tudo vem, oriundo dos recursos das festas promovidas. Não é barato você fazer todo um processo destes, mas todos nós trabalhamos voluntariamente, desde a limpeza até a a arrumação do jardim, todo este trabalho é voluntário”, comentou.

De acordo com Rios, na Casa Dei Nonni, os visitantes terão a oportunidade de relembrar momentos que viveram na casa de seus próprios avós. “Tem espaço das fotos, uma cama de um patriarca muito antigo da localidade, é bonito você ver isso. Tem trabalhos que a gente conseguiu resgatar, de materiais que foram feitos pelas bisavós. De repente, um material que às vezes estava escondido, as pessoas dizem que iriam queimar uma coisa centenária, porque era muito velho. Tudo isto é fruto de um trabalho que o pessoal fez”, comentou.

Doações

Rios afirma que o grupo está recebendo muitas doações de objetos que podem contar uma história. “A cama tem uma história, a cômoda tem uma história, o armário tem uma história, as toalhas de brolhas que eram do enxoval da ‘nonna’, vestidos de noiva, batas de batizado, objetos que são de pessoas dali. Lá também tem duas xícaras que eram presentes de casamento dos avós. São objetos mais simples, mas que sempre contam uma história”, destaca.

De acordo com Rios, além do contexto histórico, o meio ambiente também torna-se um atrativo para os visitantes do local. “Você tem contato com a natureza, é um ambiente muito gostoso, nós estamos também tentando identificar todas as espécies de árvores que são nativas, de uma forma educativa, e também terá o passeio de carroça em um dos pontos de onde você tem um panorama de toda a colônia, além de um espaço debaixo de um bosque, onde você pode ler um livro, e tem outras coisas que estão sendo propostas”, frisou.

Café da Nonna

No futuro, Rios destacou que será oferecido o “Café da Nonna”. As pessoas que quiserem poderão agendar suas visitas para o café. Também poderá ser servido o almoço, que deverá ser também previamente agendado e realizado provisoriamente em alguma residência da comunidade. Além disso, outra atração que poderá ser oferecida futuramente seria a visita guiada às cachoeiras existentes na usina e no moinho da localidade. 

O museu permanece aberto para o público em geral aos sábados, domingos e feriados, das 13h30min às 18h30min. Grupos maiores podem agendar as visitas durante a semana. “O lançamento foi maravilhoso porque a gente sentiu que a comunidade se envolveu, foi bastante receptiva e está aceitando muito bem, e isto é muito bom. Nós estamos aí para tentar ver se conseguimos melhorar cada vez mais este serviço, ressaltando, valorizando e criando praticamente uma rota turística no município. Temos os vinicultores, tem os produtos locais, o grupo que já existe há 11 anos, tem a Festa da Polenta, o Grupo Folclórico, de tudo um pouco a gente coloca ali”, frisou.

Para Rios, é muito prazeroso receber os visitantes no museu e demonstrar que existe carinho pelo local. Ele destacou que cuidar deste patrimônio é uma questão de cultura. “É como eu disse: a pessoa às vezes acaba jogando fora um objeto que conta uma história, como uma foto que se perdeu. Neste momento, quando estamos fazendo isto, estamos tentando resgatar e mostrar, mas ao mesmo tempo estamos fazendo história”, finalizou. 

As visitas para o Café da Nonna podem ser agendadas pelo telefone (42) 3435-1140.
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