Paralisação da obra do Centro Cultural será tema de protesto em Irati

Manifesto acontece nesta sexta-feira, 16, às 18h30, em frente ao Centro Cultural, que deveria ter…

15 de outubro de 2015 às 12h18m

Manifesto acontece nesta sexta-feira, 16, às 18h30, em frente ao Centro Cultural, que deveria ter sido concluído há cinco anos
Edilson Kernicki, com reportagem de Marli Traple e Rose de Castro

Uma gestão inteira do governo estadual se passou – e quase mais dez meses do segundo mandato – e nenhuma das promessas de retomada da construção do Centro Cultural Denise Stoklos, parada desde outubro de 2010, foi cumprida. Por esse motivo, entidades iratienses irão realizar um manifesto contra a inércia nas obras do espaço que deveria receber atividades artísticas e culturais com capacidade de público de 500 pessoas. O protesto irá ocorrer nesta sexta-feira, 16, às 18h30, em frente ao prédio inacabado.

© Arquivo Najuá

Obra do Centro Cultural deveria ter sido concluída em 2010
A presidente da Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná (ALACS), Luiza Nelma Fillus, participou da programação Show da Tarde, da rádio Najuá AM 990, para convidar a população de Irati para participar do manifesto. “É um patrimônio em meia viagem, que está pela metade. Um investimento de dinheiro público, que nós não estamos usufruindo”, lamenta.

A manifestação será realizada através de intervenções culturais espontâneas e breves, uma vez que serão feitas no lado de fora do local. A ideia é ressaltar a importância de existir um local adequado para as representações artísticas e culturais na cidade de Irati, através de performances de grupos teatrais, de música, malabares, contação de histórias, fanfarra, entre outros.

Conforme Luiza, Irati, uma cidade notadamente voltada à cultura, é carente de um espaço que permita abrigar eventos culturais de grande porte e para um público expressivo. “Os espaços que temos são privados, o que tem custos; são de igrejas, que têm seus custos, sua diretoria, sua programação. Espaço público nós não temos”, ressalta a presidente da ALACS.

“Este espaço [do Centro Cultural, com obras paradas], que está em meia viagem, pela metade, está feio, está horrível. Por isso convocamos as pessoas que comungam com nossos ideais, para que lute para que nesse espaço continue a construção, senão fica cada vez pior e cada vez mais comprometida sua estrutura”, observa Luiza.

© Paulo Henrique Sava/Arquivo Najuá

Segundo previsão orçamentária seriam necessários quase R$ 10 milhões para conclusão da obra do Centro Cultural
Ela destacou ainda o potencial de fomento à cultura no estado que deve ser proporcionado, logo que concretizada a tão aguardada conclusão das obras do Centro Cultural Denise Stoklos, com a abertura do curso de Artes Cênicas, pleiteado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro) há alguns anos. Será um curso de quatro anos de duração, que poderá atender até 160 alunos (40 por turma) e potencializar relações com grupos teatrais de todo o Paraná e de fora dele.

“O teatro tem o nome da Denise Stoklos, mas o teatro é para Irati e para a região. É como um presente para nós de Irati; conseguido pelo nome [da artista fundadora do Teatro Essencial] e pelo reconhecimento ao trabalho dela. Só que está abandonado; e pode ser um Centro Cultural”, salienta.

Luiza falou, ainda, do planejamento que a Unicentro tem, a longo prazo, de criar novos cursos que contemplem as artes. Inicialmente, deve ocorrer a instalação do curso de Artes Cênicas, mas já se prevê, no futuro, porém sem determinar prazos, também a criação dos cursos de Música e de Cinema.

Logo que paralisada a obra, deu-se início a uma negociação, que se estendeu por meses, com a Prefeitura de Irati, para que cedesse o terreno onde fica o Centro Cultural, ao Estado. O terreno, que foi desapropriado por falta de pagamentos de impostos municipais, passou ao domínio definitivo da Prefeitura de Irati em junho de 2012, antes de doá-lo à Unicentro. “Queremos que essa negociação do teatro seja reativada. Não podemos ficar vendo ele se decompor cada vez mais e ficarmos alheios. Queremos saúde, educação, melhorias nas estradas rurais, segurança. Mas também queremos cultura. Será que Irati não merece, em 108 anos de história, ter um espaço público com 500 lugares para que nossas crianças, jovens e adultos possam assistir um show, uma palestra?”, questiona.

Luiza destaca que, se não fosse a iniciativa da esfera privada, como é o caso do presidente do Centro Cultural Clube do Comércio, Virgílio Trevisan, que abriu o clube para atividades culturais, elas não estariam ocorrendo na cidade por falta de lugar.

Situação da obra

As obras do Centro Cultural Denise Stoklos, que tinham entrega prevista inicialmente para dezembro de 2010, estão paradas desde outubro daquele ano, enquanto o Paraná era governado por Orlando Pessuti, que substituiu Roberto Requião, que se licenciou do cargo para disputar uma cadeira no Senado. A construção foi iniciada em 2007 e considerada como um presente à cidade, pela ocasião de seu centenário.

Em maio de 2010 já tinham sido liberados 50% dos recursos para a construção do Centro Cultural, inicialmente orçado em R$ 13 milhões. Um mês depois, já se trabalhava com a hipótese de atraso na obra, em função de falhas no projeto inicial, fortes chuvas e da troca de secretário de Desenvolvimento Urbano.
Em março de 2011, uma comitiva do governo estadual esteve na cidade avaliando a obra. Na época, o então novo governador Beto Richa, tinha decretado período de moratória por 90 dias. Todas as obras no Estado estavam paralisadas.

Ao longo de todo aquele ano, muito se falou a respeito da possibilidade de que as obras fossem retomadas até o início de 2012. Até então, a obra era de responsabilidade da Secretaria Estadual da Cultura.

Porém, em 2012, uma das soluções vistas para viabilizar a conclusão do Centro Cultural foi repassar o terreno e a obra para a Unicentro, num acordo firmado com as secretarias estaduais de Cultura, de Desenvolvimento Urbano, de Planejamento e de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Um ano depois, a internet viralizou uma piada a respeito da paralisação das obras do Centro Cultural, que acabaram sendo apelidadas de “Oca Gigante”, por servir de abrigo aos índios que visitam a cidade e ali permaneciam produzindo balaios de vime.  O local acabou se tornando estratégico para o abrigo dos povos indígenas que passavam pela cidade por ficar ao lado da rodoviária provisória.

Em setembro de 2013, o ex-secretário estadual de Cultura, Paulino Viapiana, estipulou nova data para a conclusão da obra e prometeu que ficaria pronta até o final de 2014. O projeto foi revisado pela Paraná Edificações, que indicou que os R$ 6,5 milhões que a Unicentro dispunha para terminar a construção não eram suficientes. A revisão acabou reorçando a obra em R$ 9,7 milhões.

Em agosto do ano passado, o atual secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, afirmou que a liberação de recursos ainda dependia de finalização do projeto para a continuidade da obra.   

Até a paralisação, há cinco anos, 47% dos trabalhos previstos já tinham sido executados, o que consumiu em torno de R$ 920 mil. Em março do ano passado, o reitor da Unicentro, Aldo Bona, disse que o ParanaCidade avaliou que seriam necessários R$ 6 milhões para concluir a obra. A instituição tinha conseguido R$ 6,5 milhões. Porém, uma nova avaliação da Paraná Edificações concluiu que os R$ 6 milhões seriam suficientes apenas para o acabamento da obra. Outros R$ 3 milhões são necessários para equipar o espaço com mobiliário.
 

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