Padre iratiense decidiu ser missionário depois de visitar a África

Fábio Sejanoski atua há três anos na cidade de Canutama-AM, que integra a Prelazia de…

03 de janeiro de 2025 às 18h27m

Fábio Sejanoski atua há três anos na cidade de Canutama-AM, que integra a Prelazia de Lábrea. Ele está visitando sua família em Irati, onde celebrou missa no Morro da Santa na virada do ano/Paulo Sava, com entrevista de Ademar Bettes

O padre iratiense Fábio Sejanoski, que atua como missionário da Diocese de Ponta Grossa no município de Canutama, no Amazonas, está em Irati, onde visita a sua família e celebrou missa no Morro da Santa na última terça-feira, 31.

Em entrevista à Najuá, o padre, que foi ordenado em 2009 e já passou pelas paróquias São Miguel (Irati), Nossa Senhora do Pilar (Ponta Grossa) e Menino Jesus (Reserva) e pela Pastoral Vocacional diocesana, contou que o desejo de ser missionário surgiu após visitar Guiné-Bissau, na África, junto com o atual bispo emérito Dom Sergio Arthur Braschi. Ele se inspirou em um casal de missionários de Ponta Grossa, Pedro e Salete Lang, que atuava em um campo de missão aberto pela Regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) naquele país.

“Eles foram para lá, foram os primeiros missionários que foram para a África, então eles moravam comigo e foram para lá. Alguns anos depois, a Diocese de Ponta Grossa, através do agora bispo emérito, Dom Sergio, foi visitá-los, e eu falei para ele me levar junto para a África, para eu conhecer. Eu fiz uma experiência de 10 dias na África, na missão de Guiné-Bissau. Este momento despertou em mim o desejo, a vontade de ser algo a mais do que eu estava sendo como padre na Paróquia e me deu aquela vontade, aquele coração que bateu forte pela missão”, contou.

Na volta a Ponta Grossa, o padre foi transferido para Reserva, onde permaneceu por cinco anos. Porém, Fábio tinha o desejo de ir para a região norte desde os tempos de seminário. A oportunidade surgiu quando o Padre José Nilson Santos (atual pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Irati) retornou da missão na Amazônia. Em conversa com José Nilson, Fábio viu a grandiosidade da missão para a qual estava se candidatando.

‘Deu aquele frio na barriga, mas eu falei com o Padre Nilson, que disse que estava retornando em março e que se eu quisesse ir, faria uma ótima experiência porque era um campo maravilhoso para se viver e trabalhar. Aí eu fui, este despertar que começou com o casal missionário que morava comigo na (Paróquia Nossa Senhora do) Pilar, em Ponta Grossa, o diácono Pedro e a Salete, depois foi se fortalecendo no contato com eles, com os padres Nilson e Osvaldo e eu fui parar na Amazônia, onde já estou completando três anos”, enfatizou.

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Comunidades – O sacerdote descreveu o cenário das comunidades onde atua como missionário na Amazônia. “Eu digo que, onde eu estou, existe o contraste. Eu moro na cidade de Canutama, onde só chega de barco, então é uma cidade meio que isolada. Ela está no Rio Purus, que passa acima de Porto Velho (capital de Rondônia) e vai em direção a Manaus, como se fosse mais ou menos do sul, subindo para norte e leste também. Ali só chega de barco, então existe a dificuldade, mas existem recursos também. Lá nós temos, por exemplo, na cidade, famílias muito tranquilas, bem-estáveis, assim como temos também na beira do rio um índice de simplicidade e não de uma pobreza em si”, frisou.

Redução da mortalidade infantil – Um dos índices que apresentou redução durante o período em que Padre Fábio está atuando na região de Canutama foi o de mortalidade infantil. Ele atribui este fato ao trabalho realizado pela Pastoral da Criança na cidade e conta que não encontrou até agora uma realidade de pobreza extrema, com desnutrição e mortes de crianças, por exemplo. A grande disponibilidade de recursos naturais que possibilitam a caça e a pesca é uma das responsáveis por este cenário, segundo o padre.

“Ela beira à miséria, mas não chega a ser extrema. Eu digo isto porque, lá na Amazônia, existem muitos recursos naturais. Existe um peixe, você está com um grande rio na sua frente que, por mais seca que possa acontecer, tem peixes sempre. Você tem uma caça, vai e consegue caçar uma ave, um bicho, alguma coisa, uma paca, uma queixada, consegue. Muitos criam seus porquinhos, frangos e galinha solta. Comida mesmo, do extremo, não falta, mas a gente percebe a simplicidade e uma grande pobreza, não chega ao extremo, mas é isso também. Eu trabalho neste contraste: na cidade, uma vida quase que tranquila, normal, mas quando pega o rio e vai visitando as comunidades da beira, aí fica um pouco mais delicado”, destacou.

Vocação – Para Fábio, a vocação ao sacerdócio ou à missão é mais que uma simples vontade humana: trata-se de um chamado divino.

“Eu não vou dizer que era um desejo meu ser missionário, mas um desejo de Deus, ou que fosse um desejo meu ser padre, mas sim de Deus. Ele sempre vai chamando, e temos que estar com o coração aberto para viver. Deus, a cada dia, está batendo na porta, no coração, para vivermos tudo aquilo que precisamos, nossa vocação de família, de padre, de missionário, Deus está chamando. Nós temos que ter o coração aberto para entender, escutar este chamado de Deus e para que ele vá nos dando força todos os dias”, frisou.

Seminários – Irati tem como referência para os jovens que desejam ser padres o Seminário Mãe de Deus. Além dele, a Diocese conta também com outros três seminários: São José, em Castro, São João Maria Vianney, em Ponta Grossa, Seminário Propedêutico Mãe da Divina Graça, em Carambeí, e com o Instituto de Filosofia e Teologia Matter Ecclesiae, em Ponta Grossa. Fábio orienta que, antes de decidir pelo caminho do sacerdócio, os rapazes procurem os padres das suas paróquias para receberem orientações sobre como ingressar na instituição. Ele também pede muita oração da comunidade pela missão.

“A missão lá não é fácil, é muito calor, tem muito mosquito, e a gente acaba se acostumando, mas tem muito mosquito, porém o povo é muito simples. Pelo fato de Canutama ser uma cidade na qual se chaga apenas pelo rio, o abastecimento é precário. Às vezes você vai no mercado e encontra coisinhas básicas para comprar e às vezes não tem a básica, só vai chegar na semana que vem, e temos que conviver com isto. Mas é um povo muito alegre e querido e digo que estou fazendo uma experiência maravilhosa de missão, e rezem por ela”, pediu Fábio.

O padre também apresentou um trecho de uma das canções executadas durante as missas na Amazônia, que fala sobre a missão. Veja abaixo:

Quem quiser acessar a canção completa pode acessar o Instagram do Padre Fábio Sejanoski ou o portal da Najuá. O contato do sacerdote é (92) 98615-2131.

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