Criar um local para colocar os animais soltos sem ação no controle da população somente transfere o problema

Em 2011 a entidade recebeu da prefeitura por doação um terreno que mede aproximadamente 10 mil metros quadrados, localizado no Jardim Aeroporto, divisa com o depósito de lixo agrícola tóxico, para que uma sede própria fosse construída. Em 2012 a Najuá entrevistou a presidente da organização, Eleuza Fornazari, que nos disse que o local não oferece infraestrutura, o acesso é ruim e não há eletricidade e rede coletora de esgoto.
Hoje o Amigo Bicho tem uma dívida de cerca de 80 mil e não teria condições para cercar o terreno e evitar que os animais fujam.
Este é um caso que não se resolve facilmente. A verba de subvenção aprovada agora em sessão extraordinária, R$ 37,5 mil, não é suficiente, mas receber um terreno sem estrutura não vai ajudar. Aliás, um local apenas para abrigar animais não é a solução. Só servirá de depósito.
Antigamente se achava que a solução seria criar mais canis. Hoje se sabe que precisa ter controle de nascimento. Lembro de ter ouvido falar, na época do secretário da Saúde Anderson Sprada, há cerca de dois anos, da intenção de desenvolver um plano para conter o nascimento de cães sem donos. Seria um planejamento de castração de fêmeas soltas nos bairros de baixa renda.
Em 2012 e 2013 o Amigo Bicho chegou a participar de um convênio com a faculdade de União da Vitória (Uniguaçu), onde existe o curso de Veterinária e são realizadas castrações a um preço menor que os consultórios particulares. Porém, a dificuldade no transporte destes animais era um problema e a demora no repasse de uma Kombi prometida pelo governo estadual, com a interferência do então deputado, Marcelo Rangel (PP), que só chegou em junho de 2013, acabou por inviabilizar o convênio, pois o curso precisava de garantias do envio de pelo menos 15 animais por semana e não podia esperar.
Fazendo uma estimativa, se 50 fêmeas fossem castradas ao mês, considerando duas crias no ano com, em média, cinco filhotes, seriam 6 mil filhotes que deixariam de nascer. Isso, concomitante a um censo dos animais, com a colocação de chips para monitoramento. Falo em controle dos animais em regiões pobres onde as pessoas que eventualmente cuidam, não têm condições de pagar os procedimentos e também de acolher os filhotes.
A questão do local vem depois disso. Animais que sofrem trauma precisam realmente de um espaço de recuperação. Mas sem um programa de controle dos nascimentos de filhotes, os canis só terão a população aumentada e o mau cheiro e barulho pela superlotação cria descontentamentos. Deslocar estes espaços para mais longe é apenas transferir o problema.
Em resposta as colocações feitas por mim na Voz do Povão no programa Meio Dia em Notícias de hoje (04), a secretaria de Comunicação da Prefeitura comunicou que encaminhará um projeto para ser votado na Câmara, que dispõe de um local para abrigar estes animais. Vamos acompanhar, e os vereadores, em especial.
Um centro de zoonoses é sonho de muitos municípios, porém, mais importante é trabalhar com os pés no chão e envolver entidades de defesa dos animais em todo este processo para uma garantia de que os procedimentos sejam adequados.