O que explica as altas temperaturas e a sensação térmica elevada dos últimos dias?

Apesar do calor intenso, o Simepar afirma que ainda não estamos em uma onda de…

17 de fevereiro de 2025 às 17h45m

Apesar do calor intenso, o Simepar afirma que ainda não estamos em uma onda de calor e explica que a sensação térmica, geralmente mais alta que a temperatura real no verão, é influenciada por diversos fatores/ Diego Gauron

Imagens: Diego Gauron

O calor intenso tem afetado grande parte do país, mas, segundo o meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) Reinaldo Kneib, o estado ainda não vive uma onda de calor. Ele esclarece os critérios para essa classificação, explica como é calculada a sensação térmica e comenta casos recentes de materiais derretendo sob o sol. Reinaldo também analisa tendências para o outono e inverno, destacando possíveis mudanças no padrão climático.

Ainda não estamos vivenciando uma onda de calor
Segundo Reinaldo, apesar das altas temperaturas em dias seguidos, o Simepar não considera que o estado do Paraná esteja enfrentando tal fenômeno. “Não consideramos que estamos vivenciando uma onda de calor no Paraná. Segundo o critério que nós utilizamos, que é baseado na Organização Meteorológica Mundial, tem que ter pelo menos cinco dias consecutivos com temperatura média, ou a temperatura máxima que a gente está no verão, por também cinco graus acima da média. Ou seja, cinco dias consecutivos e cinco graus acima da média para o momento. E a gente não está registrando isso”, explica o meteorologista.

Nesta semana, as temperaturas devem subir ainda mais, com registro de calor persistente, embora ainda também não seja possível confirmar uma nova onda de calor, de acordo com Reinaldo. No entanto, ele destaca que todo o estado está vivenciando esse período agravado pela umidade do ar, o que intensifica a sensação de abafamento.

Temperaturas elevadas são comuns para a época
De acordo com Reinaldo, essas variações são normais e fazem parte do clima do Paraná. “É natural que o Paraná e a região Sul tenham essas variações de um ano para outro. Esse ano a gente está mais próximo de um ano típico, que está chovendo de forma mais significativa. É típico de uma situação de verão. E o calor, às vezes, ele pode passar um pouquinho a cima da média”, ressalta.

Diferença de sensação térmica e temperatura real
O meteorologista explica que a temperatura real é medida por sensores meteorológicos, enquanto a sensação térmica é um cálculo que envolve diversos fatores, como temperatura do ar, umidade, vento e radiação solar.

“A temperatura real é registrada através de um sensor, de um instrumento. Quando a gente fala de temperatura máxima de 30 graus, isso foi registrado. Já a sensação térmica, o índice de calor, é uma fórmula ou várias fórmulas. Existem vários parâmetros. Nós utilizamos a temperatura e a umidade do ar, mas existem outras formas que levam à questão do vento, a radiação solar, para definir a sensação térmica, que está muito mais ligado à percepção da pessoa. Às vezes, uma pessoa pode estar sentindo mais calor que outra, então não é um número que seja igual para todos, cada pessoa sente de um jeito. É a sensibilidade ao calor”, detalha Reinaldo.

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Ele destaca que, quanto mais quente e úmido o ambiente, maior a diferença entre a temperatura real e a sensação de desconforto térmico. De acordo com Reinado, a temperatura corporal humana gira em torno de 36 graus e quando o ambiente está muito quente e úmido, ocorre o chamado abafamento, resultando em desconforto térmico, e a sensação térmica está diretamente ligada a esse fenômeno.

Sensações térmicas de 50 e 70 graus são possíveis?
Recentemente, notícias divulgaram que Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, teria registrado uma sensação térmica de 52°C, e em outras partes da região Sudeste do Brasil haveria a possibilidade de atingir 70°C. O meteorologista, no entanto, considera improvável que 70°C seja real.

“Valores em torno de 45, 50 graus Celsius, é relativamente comum, todos os anos no verão acontece, mas 70 graus não, porque aí ia ter aumentado a nebulosidade e ter formado chuva. Então dificilmente eu acredito que vamos chegar a estimar esse valor”, avalia.

Asfalto e plástico podem derreter
Imagens e relatos de asfalto e cones de plástico ‘derretendo’ sob o sol em cidades de Santa Catarina e Rio Grande do Sul também chamaram a atenção na última semana. Segundo Reinaldo, esses eventos são isolados e podem estar mais relacionados à composição dos materiais do que às temperaturas em si.

“Isso tem a ver, provavelmente, muito com a estrutura, porque, para regiões com climas quentes, tem que ser feito uma análise se esse tipo de asfalto vai aguentar a temperatura, e provavelmente o cone também foi esse caso. Talvez não tenham feito testes para ver até que temperatura e, principalmente, a quantidade de horas que o objeto sofreu esse impacto, essa radiação direta. Pode acontecer, mas é raro”, explica o meteorologista.

O calor vai aumentar nos próximos anos?
De acordo com Reinaldo, nos últimos anos, as temperaturas têm apresentado variações significativas, o que levanta a questão sobre um possível aumento progressivo do calor. “Existe alguns indicadores de uma frequência maior de ondas de calor ou períodos prolongados de calor. Os extremos podem acabar ficando mais frequentes, mas não quer dizer que todos os anos nós vamos ter esses eventos severos. Isso é importante enfatizar, que o aquecimento global, as mudanças climáticas, não são um processo tão rápido”, explica.

“O que já está ficando mais claro é que nos invernos a gente não deve ter tantos dias com temperaturas muito baixas, a frequência de geadas também está diminuindo. Em dias muito quentes no verão, vão ser mais quentes que o normal, isso ainda não é um fato concreto, mas a gente vai ter mais variações, mesmo dentro das estações”, acrescenta.

E como serão as próximas estações?
Reinaldo explica que o verão deste ano vai terminar com temperaturas elevadas e chuvas típicas da estação, principalmente no período da tarde.

“Vamos terminar o verão com cara de verão, com calor, as chuvas vão continuar pelo menos até o final do mês, as chuvas rápidas da tarde. Em março, abril, já começa a diminuir bastante a chuva, começa a ficar mais seco. A gente não espera que o outono e inverno tenham uma surpresa muito grande, de que seja um outono quente, chuvoso, ou muito seco; e o inverno está tudo indicando que vai ser normal, com mais frequências de dias frios. Não vai ser um inverno rigoroso”, conclui.

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