Novo secretário de Saúde de Irati destaca ações para a nova gestão

Empresário Nelson Antunes (Nelsinho) assume Secretaria da Saúde a partir de quarta-feira, dia 1º. Entre…

28 de dezembro de 2024 às 22h16m

Empresário Nelson Antunes (Nelsinho) assume Secretaria da Saúde a partir de quarta-feira, dia 1º. Entre as primeiras ações citadas pelo novo secretário estão a reestruturação da pasta e projetos com universidades de Irati/Texto de Karin Franco, com entrevista de Rodrigo Zub e Anderson Harmuch

Nelsinho Antunes já atuou no setor de saúde como funcionário da 4ª Regional por mais de 40 anos. Agora, o empresário terá a missão de comandar a secretaria de Saúde. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

O empresário Nelson Antunes (Nelsinho) será o novo secretário de saúde de Irati a partir de 1º de janeiro. Nelsinho já tem experiência no setor de saúde, pois atuou mais de 40 anos na 4ª Regional.

Em participação no programa “Meio Dia em Notícias” da Super Najuá, o novo secretário destacou que uma das primeiras ações é fazer uma articulação entre a prefeitura e as universidades de Irati. Nelsinho já entrou em contato com as faculdades São Vicente e Campo Real e a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). “Nós não conseguiremos avançar sem o apoio da comunidade acadêmica. Isso é importante, é fundamental para a sociedade. Até porque as três universidades têm projetos voltados à área da saúde. Isso nos interessa, terem como parceiros, como fonte de pesquisa, de informação em várias áreas. Avançamos bastante em diversas propostas. Em breve teremos novidades com as três universidades. Se Deus quiser, tudo isso tendo em vista a melhoria do atendimento à saúde da população de Irati”, disse.

Outro ponto que será trabalhado na nova gestão é a reestruturação da Secretaria de Saúde. “Nós vamos trabalhar muito forte na reestruturação de todo o serviço de atenção básica à saúde. Nós temos muitas demandas, temos demandas reprimidas. É lógico que o que está funcionando bem vai ser mantido. Nós não estamos entrando com o intuito de retaliação, mas nós pretendemos melhorar muitas ações. Por exemplo, vamos reestruturar as equipes de saúde da família para que possamos estar atendendo a população, possa estar mais próximo à população nas suas demandas de saúde”, conta.

Um dos motivos para a reestruturação é o posicionamento de Irati no ranking estadual, dentro do chamado Ranking Brasil de Atenção Primária de Qualidade, que verifica a qualidade do primeiro atendimento feito em postos de saúde. Em comparação com os 399 municípios do Paraná, Irati está na posição 309. Para o novo secretário, o município precisa mudar essa realidade. “Isso significa mais qualidade no atendimento, mais resolutividade no atendimento à população e desempenhar o papel que a Constituição e o SUS determinam ao município, que é o atendimento à atenção básica, a atenção primária de saúde. Esse tem que ser o nosso principal foco”, disse.

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O objetivo é poder reestruturar as equipes de saúde da família que fazem o atendimento nos postos. Segundo Nelsinho, há necessidade de contratação de mais funcionários. “Nós temos hoje muitos funcionários, agentes comunitários, os agentes de endemias, em outras áreas. Não é só na saúde, é no município todo. Mas falo aqui especificamente da saúde. Isso desestruturou as equipes de saúde da família. Essas equipes têm cadastro no Ministério da Saúde, têm repasse de recursos, têm as informações que eles trazem, que eles são responsáveis, na realidade, pelo primeiro atendimento e pela chegada de informações para orientar todo o atendimento do restante da equipe junto à população, e isso está hoje completamente desestruturado pela falta de profissionais”, conta.

Uma das possibilidades é realizar um concurso público para contratação de mais profissionais. De acordo com o novo secretário, isso ainda está sendo analisado e dependerá do orçamento da prefeitura. “Além de nós estarmos tentando trazer novamente o pessoal que está em desvio de função para as suas funções, nós deveremos fazer muito em breve, depende só de nós vermos a questão do limite prudencial da Prefeitura, mas a contratação de novas equipes de agentes comunitários para que possamos, inclusive, nos cadastrarmos no programa Mais Médicos, para vir mais médicos para o município, mais recursos, e também poder, que é o principal objetivo, estar cobrindo todo o município de Irati com atendimento a domicílio de toda a população”, conta.

Apesar da necessidade de melhorar a atenção primária, Nelsinho destaca que não deve deixar outras demandas da área da saúde de lado. “É lógico que estaremos atuando em outras áreas. Hoje, muitas demandas reprimidas do Governo do Estado e do Governo Federal, acabam recaindo sobre a responsabilidade do município. Nós não podemos deixar o nosso cidadão sem atendimento, mas vamos cobrar isso fortemente também, com certeza, do Governo do Estado e do Governo Federal, que eles façam a parte deles nesse processo, ou seja, através de recursos ou através dos atendimentos diretos à população, mas serão cobrados fortemente, mas nós não deixaremos em hipótese alguma a nossa população sem atendimento”, explica.

Uma das demandas da população é a centralização dos atendimentos à saúde da mulher. Nelsinho conta que em alguns casos, a descentralização é algo exigido nos protocolos de atendimentos. “Nós temos que ver que tem alguns processos, tem alguns procedimentos que dependem de protocolos que são gerados através disso tudo. Se algumas atividades são descentralizadas, são porque foram protocolos que vieram do Ministério da Saúde ou do Governo do Estado, que foram muito bem analisados e pensados por equipes profissionais. Vou te dar um exemplo prático aqui, bem superficial, mas prático. Vamos supor que uma mulher esteja no programa de hipertensão. Se nós centralizarmos todas as atividades voltadas à mulher numa única unidade, e ela mora lá no Riozinho, e isso for aqui na unidade central, ela vai ter que vir buscar o medicamento dela no centro. Ela vai ter que vir medir a pressão dela no centro. Vai ter que se deslocar para o centro para fazer o acompanhamento da pressão. Não é tão simples assim. Cada caso é um caso”, conta.

O novo secretário de saúde explica que é preciso ainda analisar o processo de centralização dos atendimentos. “Vamos estar conversando, vamos ver as possibilidades, até porque hoje temos uma noção superficial de como está distribuído todos esses serviços nas várias unidades de saúde do município. Nós estamos trabalhando numa reestruturação do atendimento ambulatorial. Devemos ter em janeiro, algumas novidades quanto às equipes que estão atendendo nas atuais unidades, inclusive quanto a horários. Estamos trabalhando isso, mas é tudo em questão de estudos. Nós dependemos de saber realmente qual é o nosso quadro funcional, como é que nós podemos reestruturar as equipes para prestar o melhor atendimento. E tudo isso está sendo estudado e todas, volto a dizer, todas essas ideias e essas sugestões são muito bem-vindas e serão todas analisadas”, explica.

Nelsinho destaca que uma opção é criar novos protocolos. “Nós temos hoje protocolos que nós vamos ter que criar, inclusive novos, porque, por exemplo, a questão do autismo que hoje é muito falada e tem aumentado muito os casos. Hoje até estivemos na Unicentro discutindo com as professoras Juliana e Michele, da área de psicologia e de fonoaudiologia, discutindo possíveis parcerias no atendimento desse segmento da sociedade, desses casos que vão precisar de uma atenção muito especial no município a partir do ano que vem”, disse.

Ainda dentro do projeto de reestruturação da saúde primária, a nova gestão quer auxiliar no treinamento do atendimento à população. “Outra questão que nós vamos trabalhar muito é na qualificação do pessoal do primeiro atendimento à população. A porta de entrada do sistema, o acolhimento da pessoa que chega no sistema, porque a pessoa que chega, não vai passear na Secretaria de Saúde, quem chega na saúde já chega com algum tipo de sofrimento. Você chegar com um filho no colo, com dor, chorando de dor, chegar e não for bem atendido, não for bem acolhido, é lógico que a pessoa está a um passo de explodir, vai explodir. Esse pessoal tem que estar preparado”, explica.

A intenção é poder fornecer uma qualificação e realizar um atendimento com os funcionários da Secretaria de Saúde. “Nós conversamos com o SENAC. Nós vamos fazer a qualificação de todos os atendentes nossos, que nessa questão da recepção das pessoas que se dirigirem às unidades de saúde. Estamos preparando também um grande projeto de atenção à saúde dos funcionários porque nós temos que entender que do outro lado, o funcionário acaba de uma forma ou de outra absorvendo esse impacto, essa dor do próximo que chega ali, por mais que não demonstre na hora. Nós temos um nível muito grande de adoecimento de funcionários, principalmente na área de saúde e de educação. Estávamos discutindo isso também na Unicentro, de fazermos um projeto nesse sentido, para que possamos, a partir do acolhimento da pessoa, ela chegar a uma unidade de saúde, ela ser bem recepcionada de uma maneira cariosa, de uma maneira afetiva, que possa se explicar quais são os procedimentos de uma maneira mais lógica, dar um acolhimento melhor para essa pessoa, para que ela não chegue explodindo no posto de saúde. Esse é o primeiro passo”, conta.

Uma das promessas de campanha do prefeito eleito Emiliano Gomes foi a construção de um novo Pronto Atendimento no centro de Irati. Nelsinho conta que o governo estadual sinalizou a possibilidade de liberar recursos para a obra. No entanto, o processo ainda precisa de análise. “Nós dependemos de terreno, já temos uma promessa do secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, dos recursos para a construção e equipamento dessa nova unidade. Nós temos que fazer uma reavaliação da questão do quadro funcional da Prefeitura, que demandará de novas contratações. Nós já temos uma demanda de funcionários, uma carência de funcionários muito grande”, disse.

Segundo o novo secretário, é preciso realizar a reestruturação do quadro de funcionários para que os projetos sejam bem executados. “Para que possamos estar realmente montando as equipes e ter a certeza que vamos construir um novo centro de atendimento, mas que ele tenha os profissionais necessários para o atendimento, os equipamentos necessários. Até porque não é só o fato de o pronto-atendimento estar num local escondido. Ele não foi projetado para atender a demanda da população que tem hoje. Nós temos algumas intercorrências nesse atendimento que tem que ser levado em conta. Hoje, boa parte da demanda que deveria ser atendida de consultas normais nas unidades básicas de saúde, acabam sendo direcionadas para o pronto-atendimento, o que também torna inviável, em certos momentos, o atendimento, porque é muita demanda para poucos técnicos e a própria estrutura física não atende a essa demanda”, explica.

Nelsinho destaca que a intenção é construir o Pronto Atendimento em um novo espaço, ou seja, de não aproveitar a estrutura de outra unidade. “Esses recursos, que estão garantidos, são para a construção de uma unidade nova, totalmente nova. Já vem o projeto padrão do Governo do Estado. Nós estivemos, recentemente, em Curitiba, num evento com o governador e eles anunciaram, também no Governo do Estado a partir do ano que vem, uma UPA com uma exigência de gastos no custeio um pouco menor que a do Governo Federal, porque a UPA do Governo Federal, o custeio dela é muito alto. O contrato que você assina com o Governo Federal é muito alto o custeio, as exigências para ela funcionar. O Governo do Estado anunciou isso semana passada. O Ratinho anunciou num evento em Curitiba. Nós devemos, nos primeiros dias do ano, estar indo para analisar essa UPA e vermos qual é a viabilidade dessa UPA ou pronto-atendimento. O que se encaixa melhor às nossas necessidades, às demandas de Irati, para que possamos estar firmando isso”, conta.

As consultas especializadas e os exames realizados em Irati também devem ser revistos. Uma das tratativas que está sendo realizada é conversar com prestadores de serviço do município para evitar que as pessoas tenham que ir para outra cidade. “Chega a ser um absurdo tanto de veículos, ônibus e vans, que vão para fora, para Curitiba, para Campo Largo, para Ponta Grossa, todos os dias. Inclusive, temos trabalhado, temos conversado muito com os prestadores de serviço para ver a possibilidade, o que conseguimos trazer de atendimento da nossa população aqui dentro da cidade. Nós não vamos medir esforços para que isso aconteça porque é muita gente, é muita viagem, é muito cansativo para o paciente. Chega a ser, em certas ocasiões, até meio desumano, mas é o sistema que nós temos hoje e nós temos que inverter esse fluxo o quanto antes”, explica.

Nelsinho conta que sua intenção é reduzir o tempo de espera para marcação de consultas e exames. “Esse processo vai ser todo reestruturado. Nós vamos fazer algumas mudanças. Vamos fazer triagem nas filas, porque tem muitas filas que estão aguardando consultas, exames e cirurgias, e que essas pessoas, às vezes, pela demora, já deram alguma forma [de fazer], e isso acaba trancando o sistema. Nós queremos ver se reduzimos essas filas. Acabar é praticamente impossível, mas vamos fazer um trabalho muito forte na redução dessas filas, principalmente, de consultas e exames. Nós queremos trazer para uma data limite, não vou dizer prazo, mas o mínimo de tempo possível de espera do pessoal para realizar esses exames e essas consultas”, conta.

Uma das opções é tentar regionalizar os atendimentos da saúde para conseguir fazer os procedimentos no município. Segundo Nelsinho, as universidades devem auxiliar nesses projetos. “Existem alguns projetos que estão em andamento de regionalização de alguns atendimentos, e nós vamos ser parceiros desses prestadores de serviço. Existem alguns projetos que estão em andamento, que além de atender a 4ª Regional, poderão estar atendendo outras regionais de saúde. Nós vamos inverter esse fluxo. Hoje nós mandamos o paciente para fora, nós vamos receber no município. Isso é muito bom porque entra muito trabalho da comunidade acadêmica de estar conosco porque eles vão ter que dar suporte para esses projetos, vão ter que dar o conhecimento para os profissionais e encampar esses projetos. A parceria nesses projetos é fundamental a comunidade acadêmica estar envolvida. Existem várias formas de você trabalhar isso e nós estamos trabalhando em todas as vertentes”, disse.

O Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS/AMCESPAR) também é uma das formas que o município possui para conseguir realizar consultas eletivas e cirurgias. De acordo com o novo secretário, o consórcio é fundamental para atender uma demanda que seria do Governo do Estado. “O Consórcio agrega uma série de facilidades para os municípios. É um grande parceiro como, por exemplo, ele facilita para nós a compra de insumos, porque eles têm uma licitação que eles fazem, de maneira legal, que podemos usar a licitação deles, por exemplo, para comprar luvas para a saúde, podemos comprar insumos. Eles nos dão suporte na parte jurídica, na parte contábil, eles nos ajudam muito na área da saúde. O consórcio é fundamental. Sem contar que tem uma demanda que, na realidade, seria a função do Governo do Estado e que hoje o município acaba arcando com essas consequências. Acaba arcando com essas despesas, como com cirurgias, consultas eletivas, que seria de responsabilidade e financiamento do Governo do Estado, acaba sobrando para o município e o consórcio facilita a atuação e muito nessa área”, explica.

Para Nelsinho, o orçamento de Irati para o próximo ano prevê pouco investimento no consórcio. O novo secretário quer reverter esse cenário. “Infelizmente para o orçamento do ano que vem foi colocado um valor muito pequeno, um valor muito pequeno de Irati, em relação aos outros municípios para o Consórcio. Provavelmente, nós temos que pedir uma suplementação para a Câmara de Vereadores, mas tenho certeza que para a saúde eles não vão se negar e vamos corrigir isso aí. Mas é um parceiro realmente fundamental para que possamos dar esse atendimento, inclusive na questão da diminuição ou extinção das filas de atendimento de espera para as consultas eletivas”, disse.

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