Municipalização da BR-153 em Irati não é concretizada por divergências com DNIT

Município de Irati já possuía parecer favorável para a municipalização, mas divergências sobre quais obras…

27 de julho de 2023 às 21h14m

Município de Irati já possuía parecer favorável para a municipalização, mas divergências sobre quais obras poderiam ser feitas no local impediu a concretização do projeto/Texto de Karin Franco, com reportagem de Jussara Harmuch

Trecho urbano da BR-153, em Irati, possui um fluxo grande de veículos. Foto: Rodrigo Zub/Arquivo

A municipalização do trecho urbano na BR-153 não será realizada devido a divergências entre a Prefeitura de Irati e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) sobre quais obras poderiam ser feitas no local. Entre as obras planejadas pelo município está a instalação de uma passarela no trecho que passa na Vila São João para dar mais segurança aos pedestres. Contudo, o órgão federal não autorizou as obras, o que impediu a continuidade do processo de municipalização. Agora, a Prefeitura de Irati, juntamente com o governo estadual, busca a construção de um contorno para que o tráfego seja mais seguro no trecho.

De acordo com o prefeito de Irati, Jorge Derbli, o município de Irati possuía um parecer favorável à municipalização, mas não teria anuência para fazer as obras. “Até saiu pelo DNIT, um documento para municipalizar e eu não aceitei porque as obras que eu queria fazer – a ciclovia, a travessia elevada, a passarela, a rotatória – eles não aceitaram. Eles passariam para nós para municipalizar o trecho que está dentro do quadro urbano, mas nós tínhamos que obedecer rigorosamente às normas do DNIT. Eu não poderia construir, então não valeria nada. A princípio, eu ficaria somente com ônus. O tapa-buraco, a sinalização, com tudo isso e não poderia fazer as obras que eu queria, que é esse o nosso objetivo: municipalizar para podermos ampliar e melhorar a condição de tráfego no local”, disse Derbli.

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O secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, explica que o plano agora é discutir um contorno para melhorar o trânsito no local. “Uma solução definitiva ainda é contornar a cidade, ter um contorno – que essa é a discussão que, na minha opinião, virá. Depois das concessões das rodovias, o DNIT vai ter pouca rodovia para cuidar. Nós vamos passar a discutir com eles investimentos porque hoje eles estão cuidando de toda a malha. Eles vão ter uma malha muito menor. Nós vamos passar a exigir que eles toquem o projeto do contorno, que haja o orçamento para isso, já que eles não vão ter mais orçamento para a manutenção nas estradas. Eu estou aguardando a concessão dos pedágios acontecer para voltar com carga em cima desse assunto”, afirmou Sandro.

A vice-prefeita de Irati, Ieda Waydzik, conta que já há previsão dentro do orçamento federal para a realização de um contorno na rodovia. “Inclusive a notícia que temos é que hoje esse contorno, que foi feito um estudo inicial, ele foi colocado no orçamento federal. Agora são várias outras etapas administrativas desse orçamento, que é complexo, para que possamos ter a efetividade da aplicação, que vai desde desapropriação de áreas em volta da rodovia e outras questões que são financeiras. Esse contorno vai ser uma coisa que efetivamente vai nos dar um desafogo para aquela região da BR 153”, conta.

A Prefeitura de Irati também planeja fazer algumas modificações no trecho que liga o bairro Lagoa até a BR-153, na região de Engenheiro Gutierrez. “Além do contorno, nós estamos trabalhando também com a prefeitura em outras ligações pela Lagoa, até chegar em Engenheiro Gutierrez, que vai ser pavimentada, para desafogar um pouco a BR 153. Como também existem outras alternativas, até passando próximo ao [complexo] GARI [na Vila São João], que existe uma possibilidade de se abrir um acesso também”, explica a vice-prefeita.

Prefeito Jorge Derbli, vice-prefeita Ieda Waydzik e secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, justificaram os motivos do trecho urbano da BR-153, em Irati, não ter sido municipalizado e indicaram que uma das soluções para reduzir o trânsito é construir um contorno. Foto: Jussara Harmuch

Enquanto as obras do contorno não acontecem, o secretário de Infraestrutura disse que busca com o governo federal a manutenção das rodovias federais. Na BR-153, um dos trechos mais complicados é entre Imbituva e Paulo Frontin que não possui acostamento e tem pista simples. A rodovia possui muitos buracos e alto índice de acidentes. “Eles terminaram até o trecho de Irati, mas não seguiram ainda até Paulo Frontin. Muitas pessoas, inclusive, acham que o trecho é do governo do Paraná. Tem pessoas que falam do DER, do governador. O trecho é federal. A última vez que foi realizado um investimento nela foi inclusive com apoio da Najuá, junto comigo em 2011 a 2013, nós iniciamos uma campanha enorme que ela estava em péssimas condições”, disse.

No período citado por Sandro Alex, os pedidos de melhorias do deputado ajudaram na concretização de um programa chamado de CREMA, que auxiliou com a manutenção da rodovia. O secretário destaca que a busca será para que um programa parecido possa ser implementado. “Ela [BR-153] novamente precisa de um programa como aquele. Estou cobrando. Eu estive percorrendo o trecho para fazer toda a fotografia e a filmagem porque eu estou cobrando do DNIT, que é o mínimo”, conta.

Sandro Alex ainda revelou que outro trecho da BR 153 pode ser incluído em um novo pacote de obras que será anunciado em agosto pelo governo federal. O trecho entre Alto do Amparo e Imbituva foi um dos indicados pelo governo estadual para integrar uma série de obras que será feita em um novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). As rodovias que receberão melhorias foram indicadas em uma reunião com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e a ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. “Nós indicamos três obras: duplicação da BR 476 de União da Vitória, sentido São Mateus do Sul, porque ainda não tem previsão de pedágio, não tem previsão de concessão, então nós pedimos a duplicação. Segundo: Transbrasiliana BR-153, trecho Alto do Amparo à Imbituva, que é o único trecho sem pavimento do Brasil nessa rodovia. A terceira é a rodovia Boiadeira, que nós estamos realizando a primeira etapa junto com a Itaipu, e o governador pediu a conclusão da Boiadeira”, explica.

A expectativa é que o trecho seja incluído no programa e possa abrir uma oportunidade de aumentar o projeto futuramente. “O governo federal vai anunciar em agosto, dentro de poucos dias, a relação de obras do PAC. Eles estão dizendo que são as obras que tem prioridade e que vão ter orçamento. Estamos com uma expectativa muito boa e que possamos ter esse trecho da 153. De repente, sendo indicado esse trecho, voltamos discutir também o contorno, que se trata da mesma rodovia. Daqui a pouco pode ser feito no mesmo edital a construção. Eu estou aguardando esse anúncio pra podermos tocar em frente”, disse.

Com o leilão da nova concessão dos pedágios do Paraná no lote 1, trecho da BR-277, que passa por Irati marcado para o dia 25 de agosto, e o anúncio do novo PAC para o mesmo mês, o secretário disse acreditar que os próximos dois meses poderão trazer soluções mais definitivas para a região. “Nós acreditamos que nesses próximos 60 dias todos esses assuntos estarão muito bem encaminhados”, afirma.

Confira mais imagens do trecho urbano da BR-153, em Irati. Fotos: Rodrigo Zub/Arquivo

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