Em entrevista à Najuá, vice-prefeita eleita, Ieda Waydzik, vereadora eleita Teresinha Miranda Veres e suplentes Vera Gabardo e professora Silvana comentaram desempenho nas urnas e projetos para o futuro
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Professora Silvana, Teresinha Miranda Veres, Ieda Waydzik e Vera Gabardo participaram do Meio Dia em Notícias de quarta-feira, 18. Foto: Jussara Harmuch |
A participação de mulheres na política iratiense aumentou nesta eleição. Após mais de 15 anos, uma mulher assumirá uma cadeira na Câmara Municipal. Além disso, no Executivo, a cadeira de vice-prefeita também será ocupada por uma mulher.
Ieda Waydzik (PV) foi eleita vice-prefeita de Irati na coligação “Caminho Seguro” formada com o prefeito reeleito Jorge Derbli (PSDB). A última mulher a ocupar a mesma posição foi Marisa Massa Lucas, que foi vice-prefeita de Sérgio Stoklos entre os anos de 2005 e 2012.
Acompanhe o vídeo da entrevista no fim do texto
Essa não será a primeira vez de Ieda na política. Entre os anos de 1993 a 1996, ela atuou como vereadora e também já participou em outros anos de administrações municipais de Irati e região como assessora jurídica. Essa experiência ajudará na sua atuação na prefeitura, que será focada na área de serviços públicos e sociais. Conhecida por seus trabalhos na Associação do Núcleo de Apoio do Portador de Câncer de Irati (ANAPCI) e na Liga Feminina de Combate ao Câncer de Irati, ela conta que não deve deixar o voluntariado, mas que estenderá a experiência para o município. “Eu imagino que eu só vou me aprofundar mais nos meus trabalhos, talvez de uma forma um pouco diferente, de uma posição um pouco diferente, mas o modo de trabalhar, o tipo de atividade, principalmente a área social, é nisso que quero focar”, conta.
Ieda também destacou que já iniciou o processo de transição. “Inclusive já estive na prefeitura ontem, já participei de reunião, já estou vendo espaço para que eu possa ficar durante um período do dia, ano que vem, durante todos os dias na prefeitura. E existe muito para se trabalhar. Estou bem motivada, bem animada”, relata.
Já Teresinha Miranda Veres (PSC) foi a mulher mais votada da eleição para vereadores, com 967 votos, conquistando uma cadeira na Câmara. Na lista geral, ela foi a segunda mais votada, atrás de Nei Cabral (PV), eleito com 1.029 votos.
Mais conhecida como Tere e também por sua atuação na ANAPCI, a vereadora eleita assumirá seu primeiro mandato em janeiro de 2021, após 15 anos sem uma presença feminina no Legislativo municipal. Maria Zuleika Onesko e Otília Setnarski foram as últimas mulheres a serem vereadoras na legislatura de 2001 a 2004. “Estou muito feliz com o resultado. Ficaria mais feliz ainda se tivéssemos mais mulheres participando junto com a gente, mas eu acredito que estou preparada para representar as mulheres, para representar o trabalho, essa força da mulher”, disse.
A eleição de 2020 também apresentou um número maior de mulheres concorrendo a cargos no município. Neste ano, foram 68 mulheres candidatas contra 46 em 2016, um aumento de 32% nas candidaturas femininas. Vera Maria Gabardo (PV) e a Professora Silvana Rzepka (MDB) tentaram uma vaga no Legislativo municipal, mas não conseguiram.
Com 649 votos, Vera foi a segunda mulher mais votada para vereadora, mas conseguiu apenas ser suplente do partido PV, que acabou elegendo outros três vereadores: Nei Cabral, Hélio de Mello e Ailton Laroca.
Vera disse que pretende cooperar com os vereadores eleitos para que mais propostas sejam trazidas à Câmara. “Eu vou continuar com meus 649 votos fazendo o papel que sempre fiz na minha comunidade e temos uma representante já. Esperamos que durante os quatro anos, que ela, com nossa ajuda, consiga muita coisa voltado também aos projetos sociais que é o que desempenho”, afirmou.
Já Silvana alcançou 523 votos, sendo a terceira mulher mais votada para vereadora. No entanto, acabou não conseguindo assumir a vaga do MDB, que ficou para o vereador eleito Cesão Jacumasso, que recebeu 555 votos.
Essa não foi a primeira candidatura de Silvana, que já participou das eleições municipais de 2008 e 2012. “Cresci bastante, cada eleição que você participa, acaba amadurecendo, crescendo e acaba se envolvendo mais com as coisas também”, avalia a professora.
Para ela, mesmo não conseguindo ganhar, a participação feminina é uma conquista. “Fico bem feliz porque as pessoas estão ajudando a mulher ocupar o espaço dela na política. Porque antes de 1930, as mulheres não poderiam participar desse processo democrático, e depois de 1930 até 1934, somente as mulheres que tinham autorização do marido, as mulheres que eram solteiras e tinham sua própria condição financeira ou as viúvas. Somente elas poderiam votar. Depois de 1934, que abriu para todas as mulheres. Eu quero colocar aqui que todas as mulheres precisam ter esse espaço na política também”, destaca.
Incentivo
Para Ieda, desde a última vez que uma mulher esteve na Câmara, houve diversas mudanças, porém ela destaca que ainda não são suficientes. “Mudou muita coisa, a começar pela legislação eleitoral que hoje está um pouco mais favorável à participação feminina. Precisa melhorar muito porque como nós vimos nessa eleição, eu tinha a expectativa de que iríamos eleger mais mulheres. Inclusive na campanha sempre pedia para mulheres votar em mulheres”, disse.
Silvana ainda destaca que uma das mudanças para que a participação aumentasse é que agora as candidaturas femininas estão sendo vistas pelos eleitores. “As mulheres sempre saíram candidatas, mas eu acho que agora elas estão sendo vistas de um outro jeito. Porque antes achavam que a mulher era só para cuidar de casa, filhos, às vezes tinha trabalho. Faltava apoio também porque geralmente, como sempre teve mais o lado masculino, sempre foram mais homens, as mulheres até ficavam mais arredias para entrar porque é mais difícil mesmo. Mas a mulher é tão competente quanto o homem. Ela é honesta, corre atrás das coisas, então eu acho que ela tem que ser vista como muito importante na política”, salienta.
Outro fator apontado por Ieda para a maior participação é a obrigatoriedade de destinação de recursos. “A legislação já ajudou com a destinação de recursos para as candidaturas femininas. Eu acredito que as mulheres tiveram mais liberdade de manifestação, de expressão, muito mais pessoas participaram. Mas temos que fazer uma mudança maior ainda. Na minha opinião, penso que deveríamos ter cotas para mulheres. Enquanto não houver cotas, e eu converso muito com a deputada Leandre [deputada federal Leandre Dal Ponte] – ela e as outras deputadas estão lutando para colocar um projeto de lei neste sentido, mas ainda existe muita resistência masculina no próprio Congresso Nacional -, mas temos que chegar nisso. Só com as cotas, como são as cotas raciais, cotas de educação, enfim, é que conseguimos reafirmar o poder feminino e fazer esse empoderamento da mulher”, destaca Ieda.
Para a vice-prefeita eleita, é preciso diversificar os poderes. “O olhar feminino é muito diferente do masculino. E para a implantação de novas políticas públicas que realmente venham a traduzir o sentimento feminino e as necessidades das famílias das mulheres, nós precisamos ter uma maior diversidade dentro da Câmara e dentro do Executivo. E isso só vai acontecer se as mulheres participarem mais”, disse.
Teresinha destaca que é importante que as mulheres entrem na política. “Em todas as áreas, a mulher está se fazendo presente. E sabemos que fazemos a diferença, pelo nosso olhar, pelo olhar mais humano, nesta parte do bem-comum que vemos e a sensibilidade da mulher. Há muitas causas, muitos trabalho, muito empenho e muitas situações, então acredito que faz esse diferencial”, afirma.
Para ela, esse será o seu diferencial no Legislativo municipal. “Eu quero ter um olhar, aproximar as pessoas. As pessoas dizem para a gente que: ‘Tem uma mulher agora na Câmara, a gente vai ter mais acesso’. Acredito que isso que temos, esse poder de escuta, de escutar as pessoas”, conta.
É por este caminho de continuar lutando por um espaço na política que Vera conta que não deverá desistir de uma nova candidatura. “Eu gosto muito da vida pública, e essa experiência foi assim: você colhe o que semeou, então eu semeei, durante a campanha continuei semeando e agora eu colhi os frutos e pretendo colhê-los muito mais”, disse Vera.