Programação do evento também inclui uma Oficina de Elaboração de Projetos para Captação de Recursos, no sábado (28). Inscrições seguem abertas e são gratuitas/Texto de Edilson Kernicki, com entrevista de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

Começa nesta quarta-feira (25) a mostra “Irati em Cena”, que traz em sua programação três noites de exibições de filmes, seguidas de debates temáticos. A mostra audiovisual apresenta nove produções iratienses lançadas ao longo do último ano, entre documentários, podcasts e curtas-metragens. A apresentação dos trabalhos ocorre a partir das 19h, nos dias 25, 26 e 27 de junho, no Cinema.com, que fica na Travessa Frei Jaime.
O projeto é viabilizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura, com apoio da Prefeitura de Irati, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, e do Cinema.com. Em entrevista à Najuá, a organizadora do evento, a produtora cultural Amanda Pieta, contou que promover a mostra era já um desejo antigo, até que no ano passado se inscreveu no edital da Lei Aldir Blanc, depois da experiência que teve com projetos inscritos em editais da Lei Paulo Gustavo (de incentivo à cultura e garantia de ações emergenciais, em resposta aos impactos da pandemia), tanto em Irati quanto em Guarapuava.
“Quando surgiu a Lei Aldir Blanc, com recursos mediados pela Prefeitura e Secretaria de Cultura de Irati, tive a ideia de realmente valorizar essas produções que já foram feitas pela Lei Paulo Gustavo, nos editais de 2023 e executadas em 2024. Fui acompanhando meus colegas, foram dez produções daqui de Irati, contempladas por essa Lei Paulo Gustavo. Vi que eram filmes muito bons, de muita qualidade: documentários, curtas-metragens, podcasts. Senti a necessidade de juntar tudo isso num evento, cheguei a comentar com a pessoal da Cultura o quão legal seria fazer uma mostra e juntar toda essa produção”, relata Amanda.
O projeto da produtora cultural ficou em 1º lugar no edital Aldir Blanc, para a obtenção de recurso federal oriundo do Ministério da Cultura. O evento está sendo organizado desde fevereiro.
A resposta dos produtores audiovisuais foi bastante positiva, segundo Amanda. “Tivemos uma adesão bastante grande. Dos dez filmes, nove vão ser exibidos. O que não vai ser exibido foi por um conflito de agenda da produtora cultural, mas ficamos de exibir numa próxima edição”, destaca.
Para Amanda, os convites contribuíram para pluralizar os contatos, pois, a partir da elaboração da programação da mostra, mais pessoas vieram procurá-la, o que permitiu ter conhecimento sobre mais produções audiovisuais e gerando uma lista de interesse para futuras edições do evento. “A abertura dos produtores foi maravilhosa, todos me responderam prontamente, toparam, enviaram o arquivo do filme em boa qualidade. Transformamos para o arquivo do projetor de cinema, que é em TCP. Fizemos toda essa parte técnica e eles colaboraram bastante. Gravaram vídeos também, pois estamos divulgando mini vídeos nas redes sociais, de cada produtor, convidando para a mostra e falando um pouco do seu filme. Nesse sentido, foi bem legal contar com esses colegas produtores audiovisuais, para fazer a mostra da melhor maneira possível”, frisa.
Programação
Cada noite da mostra possui um tema comum entre as produções exibidas naquela data. “Decidimos dividir a mostra em três noites, porque são filmes que, boa parte, são mais curtos – vários curtas e médias-metragens, a minoria são mais longos. Quisemos fazer algo dinâmico, então, dividimos em três noites, pensando o que uniria as temáticas de alguma forma”, explica Amanda.
Na quarta (25), com o tema “Caminhos da Vida”, a mostra apresenta filmes que abordam a cultura e o turismo de Irati: “Conhecendo o lugar onde moro: Pinho de Baixo”, de Alisson Zarpellon; “Onde histórias se encontram”, de Débora Prado, em que mulheres iratienses contam suas experiências de vida e, para fechar a noite, “Caminhos de Irati: trilhando o Peabiru”, de Elcio Brandalize, que aborda a questão histórica do Caminho do Peabiru, antiga rede de trilhas pré-colombianas que ligavam o Oceano Pacífico ao Atlântico e eram utilizadas pelos indígenas que habitavam a região, muito antes da chegada dos europeus.
A segunda noite, na quinta-feira (26), denominada “Feito por Elas”, traz quatro produções feitas exclusivamente por mulheres artistas e produtoras de Irati: “Mãos que criam”, de Patrícia de Paula, um documentário derivado de um podcast sobre artesanato; “Horizonte Interior”, de Raíssa Negroni, sobre arte de rua; “Juntas Somamos”, do Coletivo Soma, mostra a história do grupo de dança formado por mulheres e é dirigido por Amanda Pieta, e “Âmago: a cultura feminina da economia criativa”, de Lady Bug, sobre os desafios e conquistas das mulheres artistas, que movimentam essa economia em Irati.
Na sexta (27), a noite denominada “Sou arte por inteiro” traz a diversidade artística captada pelas lentes do audiovisual iratiense e traz duas obras: o videocast “Foi aqui que peguei meu axé”, do Grupo Muzenza de Capoeira, e o documentário “Primo Araújo: o poeta das artes plásticas”, de Pedro Wasilewski, que fala sobre um dos artistas visuais mais influentes e mais reconhecidos em Irati.


A cada noite, às 19h, Amanda e sua equipe dão as boas-vindas ao público, explicam a proposta do evento e as produções são exibidas em sequência. Os trabalhos também foram organizados, a cada noite, de forma a totalizar cerca de duas horas de exibição, que é seguida pelo debate. “Penso em fazer algo sucinto, uma meia horinha, para aproveitar mesmo esses produtores, que vão estar presentes, para o pessoal tirar dúvidas, conversar um pouco sobre como foram esses bastidores da produção e todo o mundo se conhecer, pois muita gente não se conhece dentro do audiovisual. Formar uma verdadeira rede de cultura e de cineastas da nossa cidade”, afirma.
“O intuito principal da mostra é dar visibilidade a esses filmes que são produzidos aqui. Porque muita gente, quando temos divulgado a mostra pela cidade, não sabia nem que há filmes [feitos] em Irati. ‘Como assim? Foi feito em Irati, por pessoas de Irati?’. As pessoas se surpreendem. Há uma necessidade de valorizar o que é produzido aqui, que é produzido com muita qualidade. Não ficar só nessa coisa das produções hollywoodianas, que estamos acostumados a ver no cinema, mas valorizar a arte e a cultura locais”, enfatiza a produtora cultural.
Já a proposta dos debates é abrir espaço para os produtores conversarem com o público, explicarem o processo criativo e colocar os produtores audiovisuais em contato uns com os outros, na soma e troca de experiências. Também é uma oportunidade para que quem assiste aos filmes conheça quem está por trás das câmeras.
Como a Lei Aldir Blanc financia todos os custos da organização do evento, da locação do espaço à divulgação, além da gratuidade das sessões, o público será recebido com pipoca grátis. A capacidade da sala de exibição, a Sala 2, é de 90 pessoas. “Não precisa de convite antecipado, é só chegar”, convida Amanda.
Oficina
Além da mostra audiovisual, a programação do Irati em Cena promove, no sábado (28), no Centro Cultural Clube do Comércio, a partir das 14h, uma Oficina de Elaboração de Projetos e Captação de Recursos, destinada a quem quer entender como participar de editais da Lei Aldir Blanc e captar recursos para produções culturais. A oficina será ministrada pela agente cultural Milene Padilha. A oficina é gratuita, aberta a todos os interessados, mediante inscrições pelo formulário online.

Serviço
Mostra Irati em Cena
De quarta (25) a sexta (27), às 19h
Cinema.com – Travessa Jaime Luiz Stolf
Entrada gratuita
Oficina de Elaboração de Projetos e Captação de Recursos
Sábado (28), às 14h
Clube do Comércio – Rua 15 de Julho, 310 – Centro
Inscrições gratuitas: https://forms.gle/2myhmxvFoQ4ZKyuZ8
Mais informações
Instagram @iratiemcena
Facebook.com/iratiemcena