Falta de uma área de escape teria sido causa de diversos acidentes no trecho urbano de Irati
Paulo Henrique Sava
Cansados de esperar por melhorias e após presenciarem mais um acidente com morte na BR 153, moradores do Bairro São Francisco e motoristas que utilizam diariamente o trecho urbano da rodovia, em Irati, procuraram a reportagem da Najuá para reclamar das condições do acostamento e da falta de segurança no local.
Diariamente, centenas de veículos utilizam a rodovia para ter acesso a bairros de Irati, como Alto da Glória, São Francisco, Ouro Verde, Vila São João, Engenheiro Gutierrez e Riozinho, e a outros municípios da região, como Imbituva, Rebouças e Rio Azul.
Elias de Mattos, que reside há 30 anos nas proximidades, disse que os acidentes na região são frequentes. “Não temos segurança nenhuma nem em termos de acostamento nem da rodovia. Além do movimento ser intenso, tem curvas perigosas, não tem lombada e os carros que vão entrar para o bairro não têm onde parar, e quem vai sair no asfalto não tem visão nenhuma. Precisa ser tomada uma providência o quanto antes para ser resolvido este problema”, comentou.
Mattos conta que os acidentes na região têm se tornado constantes. Ele pede que, além do acostamento, seja colocado no local um redutor de velocidade, pois alguns motoristas não respeitam o limite estabelecido para o trecho urbano da rodovia. “Muitas vezes, eles não têm culpa, é falta de visibilidade mesmo, falta de segurança na estrada, que tem valetas dos dois lados da pista, e fica difícil para o motorista, mesmo tomando cuidado, é falta de segurança mesmo”, pontuou.
O morador Roberto Dias endossa as palavras de Mattos, e diz que, durante a noite, é possível ouvir motoristas praticando “rachas” no trecho, além de carros e motos transitarem em alta velocidade pela rodovia. Ele também pede uma solução para a falta de segurança no local. “Para a gente entrar e sair do bairro, é perigoso. A gente às vezes tem que sair pelo São Francisco por não ter acesso com segurança pela rodovia”, frisou.
José Valdemar Maximiliano, que reside às margens da rodovia, diz que outro agravante para a ocorrência de acidentes no local é a falta de respeito dos motoristas. “A nossa saída é muito complicada. Nem que o caminho seja mais comprido, mas é melhor a gente sair pelo centro da cidade do que pela rodovia. Eu moro aqui há mais de 20 anos e a gente não vê uma melhoria. Pedimos para as autoridades virem fazer uma vistoria para melhorar esta situação”, comentou.
Acidente mata jovem na BR 153
O último acidente registrado no trecho aconteceu no início da tarde de terça-feira, 17. A jovem Tailise de Oliveira, de 23 anos, morreu após sofrer uma queda de moto e ser atropelada por um caminhão. Ela estava em uma motocicleta Yamaha YBR 125, com placa de São Bento do Sul – SC.
A motocicleta trafegava no sentido Rebouças-Irati, quando colidiu contra uma caminhonete, que estava parada na rodovia atrás de um caminhão, que aguardava para acessar um estabelecimento às margens da estrada. Porém, o condutor da moto não conseguiu parar e acabou colidindo contra a caminhonete e caindo. Tailise foi jogada debaixo de um caminhão, que seguia no sentido contrário. O condutor não teve tempo de evitar o atropelamento. A jovem foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do hospital. O condutor da moto sofreu ferimentos leves e foi conduzido para a Santa Casa de Irati.
Posição do DNIT
Procurada pela reportagem, a superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes – DNIT em Curitiba, enviou nota para a Rádio Najuá, afirmando que “o subtrecho Imbituva – Paulo Frontin da BR-153 foi recebido pelo DNIT em dezembro de 2010, do governo estadual sem acostamentos. A implantação de acostamentos ao longo de grande extensão do subtrecho representa um custo relevante, de modo que tal obra depende da programação desta Autarquia em nível nacional, condicionada principalmente a suas possibilidades orçamentárias. O DNIT vem realizando medidas para ampliar a segurança da rodovia, como o Programa BR/Legal, recém iniciado e que tem como objetivo elevar o padrão de sinalização horizontal e vertical da rodovia”, diz a nota.
Sobre as valetas existentes às margens do trecho urbano da rodovia em Irati e os acessos aos bairros localizados nos arredores, o DNIT afirma que a maioria deles foi feita de maneira irregular, e solicita que os veículos adentrem à rodovia somente por acessos regulares, devidamente sinalizados. No trecho, os únicos acessos regulares estão localizados nos bairros Alto da Glória, Ouro Verde, São Francisco (próximo a Associação da Copel) e Vila São João.
De acordo com o DNIT, os acessos irregulares obstruem a drenagem da rodovia, o que acaba causando impacto no escoamento das águas da rodovia, favorecendo a formação de valetas as margens da pista. “Deste modo, quando as erosões se dão em acessos ou áreas irregulares, a responsabilidade passa a ser do proprietário ou da administração municipal. De qualquer modo, o DNIT tem buscado soluções para intervir nos locais de maior necessidade enquanto uma solução de maior vulto não é viabilizada”, afirma a nota.
Sobre as obras de recape asfáltico da rodovia, que foram paralisadas recentemente, o DNIT afirma que ainda não há um prazo definido para retomada dos trabalhos, porém, o órgão assegura que serviços de conservação do pavimento vêm sendo realizados constantemente.
Quanto ao pedido dos moradores para colocação de mais redutores de velocidade no trecho de Irati da rodovia, o DNIT afirma que é preciso formalizar a solicitação junto ao órgão, especificando o ponto exato pleiteado, para que haja uma análise da situação. “Os pontos de instalação dos equipamentos de controle viário (radar fixo, barreira eletrônica), levam em consideração histórico de acidentes no local, existência de escolas, comércio, além de aspectos referentes à rodovia”, segundo nota enviada pelo DNIT.
